No dia 20 de fevereiro, um domingo, o jovem Lucas Henrique Vicente de 27 anos foi executado pela polícia militar na Brasilândia, zona norte de São Paulo. Mesmo após estar completamente imobilizado pelos chutes e agressões dos policiais, e estando desarmado, o jovem recebeu os disparos letais e morreu no hospital.
A mãe do rapaz também foi vítima de agressão por parte dos policiais e, quando foi ao hospital, foi impedida de ver o filho e recebeu uma rasteira agressiva. Durante a abordagem os policiais proferiram não só uma abordagem truculenta e assassina, mas também uma série de frases racistas como: “Preto tem que morrer mesmo” e “Seu macacão”.
A ação dos policiais foi mais um retrato dos crimes de racismo praticados pela da polícia diariamente. Não se trata de um caso isolado, mas sim de uma regra há muito estabelecida. O total descaso com a vida dos trabalhadores negros é comum no Brasil onde os assassinatos racistas são permitidos e, inclusive, necessários para a repressão contra os explorados.
Quando acontecem casos como esse, os policiais envolvidos são chamados de maçãs podres e raramente são afastados de seus cargos, porém, vale o questionamento: seriam realmente eles algumas maçãs podres? Obviamente não! A constância com que ocorre toda a violência contra trabalhadores negros e pobres do país deixa claro que não há apenas acidentes ou excessos e que substituir os policiais não trará nenhuma mudança substancial para a diminuição dos crimes cometidos.
A única solução real é a dissolução completa da Polícia Militar, o fim da polícia, ou seja, o fim do aparato armado da classe dominante, que serve para proteger a propriedade privada e assassinar os membros da classe trabalhadora em plena luz do dia, sem escrúpulos ou remorso.
Para os trabalhadores, o direito à autodefesa é fundamental, e isso só pode ser obtido com a nossa própria organização, sem ter alguma ilusão na humanização da polícia ou em um capitalismo mais humano. É muito comum observarmos movimentos sociais exigirem a desmilitarização da Polícia Militar e das forças de repressão, no entanto, a polícia, o braço armado do Estado burguês, serve somente para preservar os interesses da classe dominante, a propriedade privada, e não mudará as rédeas de suas ações sendo somente desmilitarizada. A solução mais cabível e concreta é a luta pelo fim da Polícia Militar, que se conecta a uma luta pelo fim do capitalismo.
A segurança pública, como explica Lenin em “O Estado e a Revolução”, não ficaria jogada as traças numa sociedade sem polícia:
Não somos utopistas e não negamos, de forma alguma, a possibilidade e a fatalidade de certos excessos individuais, como não negamos a necessidade de reprimir esses excessos. Mas, em primeiro lugar, não há para isso necessidade de um aparelho especial de pressão; o povo armado, por si mesmo, se encarregará dessa tarefa, tão simplesmente, tão facilmente, como uma multidão civilizada, na sociedade atual, aparta uma briga ou se opõe a um estupro. Sabemos, aliás, que a principal causa dos excessos que constituem as infrações às regras da vida social é a exploração das massas, condenadas à miséria, às privações. Uma vez suprimida essa causa principal, os próprios excessos começarão infalivelmente a “definhar” também. Não sabemos com que presteza, nem com que gradação, mas é certo que irão definhando. E o Estado desaparecerá com eles.
Este pequeno fragmento do texto auxilia na compreensão de que, ao passo que a segurança pública, numa sociedade de classes, é uma estrutura de defesa do capital, numa sociedade sem classes, plenamente gerida pelos interesses do proletariado, o próprio povo fará essa segurança.
Lutar pelo fim da sociedade de classes, lutar pelo socialismo e pelo fim da PM é dever de todos aqueles empenhados na destruição do capitalismo e de seus representantes. O que aconteceu com Lucas é a representação concreta da podridão capitalista. A polícia não existe para a proteção dos trabalhadores. Portanto, reafirmemos: Ser negro não é crime! Pelo fim do racismo e da Polícia Militar! Abaixo o capitalismo!