No último dia 19 de setembro, a APP-Sindicato realizou a eleição para escolher novos dirigentes dos 29 núcleos regionais e da direção estadual. O maior sindicato do Paraná possui cerca de 70 mil filiados, sendo representante de professores e funcionários da rede estadual de ensino. Os militantes da Esquerda Marxista participaram das eleições compondo a chapa 2: Independente, Democrática, de Luta e pela Base, contribuindo com a vitória do segundo maior núcleo da APP-Sindicato, o Curitiba Norte.
Duas chapas disputaram o Núcleo Curitiba Norte: a Chapa organizada pela tendência petista Democracia Socialista (DS) e a Chapa 2 composta pela Militância Socialista (MS) e a Esquerda Marxista (EM). A atual gestão de Curitiba Norte, composta pela EM, esteve à frente da luta no dia 29 de Abril, do combate aos ataques do governo Beto Richa contra o serviço público, ajudando nas ocupações da Assembleia Legislativa, como também colaborou ativamente com estudantes das escolas ocupadas.
O núcleo tem grande visibilidade por sua posição geográfica e número de filiados, cerca de 5 mil. A atual direção estadual desejava retomá-lo e para isso mobilizou grandes recursos para a disputa. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) apoiou com todo o aparato a chapa 1, junto com quase todos os sindicatos cutistas de Curitiba. Utilizaram de todas as armas: panfletos, jornais, vídeos patrocinados nas redes sociais e a política do medo e dos boatos.
Acusavam a chapa 2 e a atual direção de “aventureiros”, enquanto os dirigentes da chapa 1 seriam os experientes, aqueles que a categoria “conhece e confia”. O rótulo de “golpistas”, por exemplo, era algo frequentemente utilizado, tudo porque nós não seguimos a corrente nem apagamos da memória os ataques dos governos Lula/Dilma à educação e aos trabalhadores, diferente deles que parecem ter esquecido toda história dos governos passados. Outra afirmação falaciosa era sobre uma suposta defesa da chapa 2 de desfiliação da CUT, quando essa questão nunca esteve em pauta para a composição da chapa 2.
A prova mais evidente do esforço da burocracia cutista no sentido retomar a direção do núcleo foi ter deslocado seu “principal quadro”, Marlei Fernandes, vice-presidente da CNTE e ex-presidente da APP, para encabeçar a chapa. Nada disso foi suficiente para derrotar a Chapa 2, no núcleo Curitiba Norte. A Chapa 2 fez 827 votos contra 761 da Chapa 1 e 131 brancos.
Nossa vitória demonstra a força da unidade de quem não apoia a conciliação de classes e deseja um sindicato combativo. Devemos recuperar os sindicatos como organizações comprometidas com os interesses dos trabalhadores, independente dos governos e dos patrões. Quanto aos partidos, nossas entidades devem ter autonomia, os mandatos e siglas partidárias não podem utilizar o sindicato como plataforma eleitoral. Os educadores podem ter representantes de seus interesses no Legislativo, mas as ações do sindicato não podem ser correia de transmissão de um mandato.
Democracia sindical também deve ser defendida, as direções da APP-Sindicato têm se afastado da base. Uma prova disso é que dos 70 mil filiados, apenas 25 mil votaram. Ter a maioria entre a minoria não é uma grande vitória. Nossa avaliação é que a entidade não tem buscado ouvir todas as vozes dentro do sindicato, mas manter apenas um grupo cativo.
Apesar da Chapa 1 ter vencido as eleições estaduais, nossa avaliação é que o setor que não aceita a colaboração de classes e reivindica um sindicato independente e realmente democrático avança dentro da categoria. Prova disso é a importante vitória da chapa 2 no núcleo Curitiba Norte!