Os desastres ambientais de 2024 e a resposta comunista

Listamos alguns dos desastres que marcaram o ano de 2024. Nosso objetivo é montar um painel da crise ambiental que estamos atravessando. E ao final discutimos uma maneira de trabalhadores e jovens se organizarem para combater a crise ambiental e o capitalismo.

JANEIRO

Mês de janeiro mais quente jamais registrado deu os contornos do que seria o ano.

FEVEREIRO

ÁFRICA. Seca mais intensa provocada pelo El Niño perdurou por meses na África do Sul. As chuvas de fevereiro não chegaram quando o milho, alimento básico da população, era mais necessitado. Plantações e rebanhos foram perdidos. Milhões de pessoas atravessaram o ano à beira da fome.

CHILE. Incêndios florestais devastadores em cidades como Viña del Mar e Valparaíso deixaram 130 mortos, o maior desastre ambiental do Chile desde o terremoto de 2010, que vitimou mais de 500 pessoas.

MARÇO

AUSTRÁLIA. A temperatura média global da superfície do mar atingiu uma alta de 21,07ºC. E ocorreu o maior branqueamento em massa da Grande Barreira de Corais da Austrália, considerada a maior estrutura viva do mundo. São 348.700 km2 de extensão que abrigam uma enorme biodiversidade, com 600 tipos de corais e 1.625 espécies de peixes. O branqueamento ocorre quando o coral, para sobreviver às altas temperaturas, expulsa uma alga microscópica chamada zooxantela. Se o calor persistir e o coral perder sua coloração, pode morrer. A maior parte desses corais se formaram entre 6 mil a 8 mil anos atrás.

ACRE. O Rio Acre teve uma cheia de mais de 17 metros em Rio Branco. A situação de emergência foi decretada em 19 de 22 municípios do estado. Essas enchentes foram consideradas o maior desastre ambiental da história do Acre.  Foram 120 mil pessoas afetadas, 15% da população do estado.

ESPÍRITO SANTO. As chuvas no Espírito afetaram 13 municípios. Alguns tiveram a pior enchente da história após chuvas impressionantes de 150mm e 300mm. Nas cidades mais impactadas, o comércio e as empresas pararam por mais de uma semana. Vítimas: 20 mortos e 12 mil desalojados.

ABRIL

ÁSIA. O mundo viveu o abril mais quente já registrado, o 11º em uma série de meses que quebraram recordes de temperatura. Uma onda de calor espalhou-se pelo sul e sudeste da Ásia, temperaturas acima de 37,8ºC por dias. Para milhões de crianças, estava quente demais para aprender. Escolas fecharam em Bangladesh, Índia e Filipinas.

MAIO

RIO GRANDE DO SUL. Os efeitos das chuvas de um mês atingiram 478 dos 497 municípios. Mais de 2,5 milhões de pessoas atingidas. Totalizando 182 mortos e 31 desaparecidos. O maior desastre climático da história do RS.

ÍNDIA. Um perigoso calor cobriu partes da Índia e tornou-se uma das maiores ameaças aos trabalhadores ao ar livre. Um novo programa de seguro, criado por um sindicato que representa trabalhadores informais, como vendedores de frutas e catadores de lixo, pagou pequenas quantias para mulheres que perderam dias de trabalho por causa do calor extremo.

BRASIL. O governo federal mapeou 1.942 municípios suscetíveis a desastres como deslizamentos de terras, alagamentos, enxurradas e inundações. Isso significa reconhecer o risco ambiental em quase 35% dos municípios brasileiros que concentram mais de 9 milhões de pessoas, o que representa 6% da população nacional. Em SP, a lista inclui 645 municípios. Em MG, 283. Na Bahia, os municípios sob risco compreendem uma população de 17% do estado, isto é, 1,5 milhão de pessoas.

JUNHO

PANTANAL. Os piores incêndios florestais em duas décadas no Pantanal. Causas: desmatamento para abertura de pastos e seca prolongada.

JULHO

AMÉRICA CENTRAL. O furacão Beryl atingiu países caribenhos (Granada, Jamaica, São Vicente e Granadinas). Pela primeira vez ocorreu um alívio nos pagamentos da dívida pública devido a desastres climáticos.

ÁFRICA. A seca que já atingia o sul da África impactou em perdas de 70% das colheitas na Zâmbia e 80% no Zimbabue. Sem comida para pessoas e animais, a Namíbia anunciou abatimento de elefantes, zebras, hipopótamos, impalas, búfalos, gnus e elands para aliviar a pressão sobre os recursos naturais e alimentar a população. Pior seca na região em um século. E deve se estender até março e abril de 2025.

SÃO PAULO. Poluição do rio Piracicaba com rejeitos de usina de cana-de-açúcar deixou suas águas escuras por 10 dias e sem oxigênio por 70km. O desastre matou 235 mil peixes (50 toneladas) num santuário com ao menos 735 espécies de peixes, além de 300 espécies de plantas. Impactou também em dezenas de pescadores que ficaram sem trabalho. A recuperação da área pode durar 9 anos.

AGOSTO

EUROPA. Mês de agosto mais quente já registrado. Um incêndio florestal na Grécia e uma reserva natural no norte de Roma, na Itália, também sofreu com o fogo. Perda de colheitas no sul italiano.

PERU. Rios da região mineradora de Ancash que abastecem 1,5 milhão de pessoas ficaram laranja e insalubre contaminado com ferro, arsênio, manganês, etc.

SETEMBRO

ÁFRICA. No Chade e na Nigéria, uma região onde os conflitos armados têm insistentemente tirado os habitantes de suas casas, enchentes sem precedentes deslocaram centenas de milhares de pessoas e destruídam as plantações.

EUA. O furacão Helene balançou como uma bola de demolição por grande parte do sul dos Estados Unidos. Quase 230 pessoas morreram, tornando-o o furacão mais mortal a atingir o país desde o Katrina, em 2005.

BRASIL. Dezesseis estados e o Distrito Federal registraram o período mais seco dos últimos 44 anos, o que dificultou o controle de incêndios. Até setembro o Brasil contabiliza 110 mil focos de queimadas, um aumento de 40% em relação a 2023.

OUTUBRO

ÁFRICA. O mundo se surpreendeu com um fenômeno raro, uma paisagem de lagos que se formaram no deserto do Saara após chuvas históricas.

ESPANHA. Em Valência um volume de chuva de mais de 400 mm, previsão para um ano, caiu no intervalo de oito horas e resultou em 202 mortes. A revolta contra o governo provincial foi enorme por não ter emitido alertas de retirada das pessoas em tempo hábil.

NOVEMBRO

EUA. Depois de 22 anos a cidade de Nova York entrou em estado de emergência num raro alerta de seca enquanto o nordeste dos EUA recuperava-se de uma temporada de outono excepcionalmente seca. Incêndios florestais irromperam em parques da região.

DEZEMBRO

DÉCADA MAIS QUENTE DA HISTÓRIA. Nos últimos 100 mil anos as temperaturas nunca estiveram tão altas. O ano de 2023 havia sido o mais quente da história. Mas o ano de 2024 vai ultrapassar essa marca. E o recorde anterior foi apenas em 2016. (Copernicus)

QUEIMADAS. Em 2023, a área média desmatada no Brasil foi de 5 mil hectares por dia – ou 228 hectares por hora. Nos últimos cinco anos, o país perdeu mais de 8 milhões de hectares de vegetação nativa, equivalente a duas vezes a área do estado do RJ. E a área destruída por fogo no Brasil em 2024 subiu 90% ante o mesmo período de 2023, indo de 156.448 km² a 297.680 km² — equivalente ao território do RS. É o maior número desde 2019, quando se iniciou a série do Monitor do Fogo do MapBiomas.

DENGUE. Em 2024, mais de 6 milhões de brasileiros contraíram dengue, os óbitos chegaram a 5.915 no ano, um aumento de 400% de mortes em relação a 2023. A Chikungunya matou 210 pessoas em 2024, 70% a mais do que no ano anterior. Enquanto isso, seguimos sem prevenção adequada, hospitais precários e vacinas insuficientes. O aumento da letalidade da dengue, está associada às ondas de calor, sobretudo em áreas urbanas desordenadas, com saneamento deficitário.

O que os comunistas têm a dizer?

Os desastres ambientais de 2024 expõem a contradição entre seguir com a economia voltada para acumulação de capitais por um punhado de burgueses e a demanda por ambiente saudável para bilhões de pessoas. E as pessoas fazem reflexões, despertam para as ideias mais radicais e as lutas anticapitalistas. Muitos estão perdendo ilusões na ideologia “sustentável” da chamada economia verde que visa reformar o capitalismo.

Temos publicado artigos explicando que as medidas adotadas pela ONU, governos e empresas “sustentáveis” têm sido inócuas, incapazes de proteger a sociedade frente aos desastres ambientais. Os comunistas têm outra política. Defendemos romper os marcos da propriedade privada para que a produção de mercadorias, e a organização da sociedade, seja estabelecida sob uma nova base ecológica. Defendemos que os trabalhadores assumam o controle do Estado e dos meios de produção através de um planejamento democrático e centralizado.

E convidamos os trabalhadores e jovens a conhecer a Internacional Comunista Revolucionária – ICR! Nos ajude a construir um novo partido de classe no Brasil com força revolucionária para colocar em prática esse programa.