Lula declara que quer fazer um governo privilegiando os mais pobres, mas mantendo toda a política econômica, em particular o famigerado superávit primário.
Assim que acabaram as eleições, Lula tratou de dizer que tudo continuava como antes. Sim, Lula declara que quer fazer um governo privilegiando os mais pobres, mas mantendo toda a política econômica, em particular o famigerado superávit primário (o compromisso de gastar menos do que se arrecada para permitir o pagamento dos juros da dívida). Ou seja, continuaremos a gastar mais de 160 bilhões de reais para pagamento de juros da dívida, enquanto que os gastos com saúde e educação são menores que 30 bilhões! O salário mínimo continua mínimo e todos os “economistas” e “analistas” correm nos jornais e nas TVs para explicar que o salário mínimo cresceu “demais”. Para eles, claro, que são pagos pelos bancos e grandes empresas, realmente o salário mínimo cresceu. Para quem vive com 300 reais por mês, tem filhos e família para tratar, sabe a dureza que isso representa!
E quando os trabalhadores resolvem reivindicar seus direitos, o que faz o governo? Os controladores de vôo resolveram fazer uma operação padrão, primeiro por terem sido acusados de falha no caso do vôo da Gol que caiu. Depois, porque o salário é baixo. Resultado: uma “convocação”, “aquartelando” os trabalhadores na base militar da Aeronáutica e impedindo-os de saírem quando terminam a sua jornada de trabalho. “Isto não aconteceu nem na ditadura militar”, reclama um ex-presidente da associação dos controladores. Lula seguiu vôo em seu avião para o nordeste, enquanto a maioria ficava presa nos aeroportos. Nos trens e ônibus, seguia a vida da maioria do povo, onde atrasos, viagens em pé e outras mazelas não merecem a primeira página dos jornais, pois é a rotina do povo pobre que não interessa a imprensa.
Nós, juntos com os demais trabalhadores, votamos em Lula no 2º Turno, para impedir a volta do PSDB, para impedir a vitória de Alckmin. Mas temos consciência do que o governo prepara: A ministra Dilma Roussef, em entrevista ao jornal O Globo, explica que “modernizar relações trabalhistas” é com “foco na desoneração das folhas de salário”, linguagem empolada que quer dizer destruir direitos trabalhistas como FGTS, salário família, previdência social. Para não deixar dúvidas, ela explica que “interessa criar um círculo virtuoso, onde o crescimento do PIB facilite transformações na legislação. É mais fácil fazer ajuste com o PIB crescendo”.
Nós, socialistas, entendemos que um verdadeiro desenvolvimento começa com o confisco do dinheiro da especulação financeira, com o não pagamento da dívida externa e o investimento naquilo que interessa ao povo: reforma agrária, educação, saúde, reestatizar o que foi privatizado, estatizar as fábricas ocupadas. É esse o combate que estaremos discutindo no Encontro Pan-Americano em defesa do emprego, da reforma agrária e do parque fabril.