No último sábado, dia 2 de dezembro, os camaradas brasilienses da Organização Comunista Internacionalista (OCI) promoveram uma atividade de discussão sobre a história e o legado deixado pelo Partido dos Panteras Negras para a luta de classes e o combate ao racismo e racialismo. A discussão expôs os acertos e méritos do partido para a organização dos trabalhadores negros nos Estados Unidos da América, mas também, de forma crítica, apontou os erros e limites políticos e organizativos.
A atividade reuniu militantes e convidados para fazer uma retomada histórica do período em que se encaixa o surgimento e trabalho dos panteras, por meio de uma análise materialista. Pois só através do método marxista podemos entender a totalidade desse período histórico. Assim, entendemos que o partido tem uma base material e está umbilicalmente ligado com os acontecimentos da luta de classes nos EUA e no mundo. Isso porque é da própria ação consciente que a classe entende e aprende os novos métodos de luta que apresentam como necessários. Os presentes discutiram sobre como o movimento por direitos civis dos anos anteriores à criação do partido, com as tentativas falhas de rebeldia civil pacífica e a resposta repressiva da classe dominante por meio dos assassinatos de Martin Luther King e de Malcom X que mostraram à classe trabalhadora negra a necessidade de organizar ações de autodefesa e solidariedade.
O partido surge então como organização voltada à proteção das comunidades negras do país. Forneciam formação política e treinamento militar para seus militantes, policiavam a polícia racista de interesses burgueses e promoviam ações assistencialistas para se aproximar da população negra, conquistar militantes e suprir as lacunas do próprio Estado. Também distribuiam jornais informativos voltados à radicalização da comunidade negra, sendo esta a principal fonte de renda dos Panteras. O partido reconhecia e entendia a raça como obstáculo dentro do e criada pelo capitalismo, que promoveu e ainda promove a existência de populações marginalizadas para controle e exploração.
Entretanto, a discussão também apontou os limites do que foi essa organização. Principalmente por conta de um mau entendimento da realidade, e de um distanciamento do método correto de ação para o momento, causado por ideias alheias à nossa classe. Exemplos são a ideia do pan-africanismo e uma visão equivocada do que era o socialismo. Esta última causada pela propagação da negação do marxismo, promovida pela burocracia que se apoderou da União Soviética. Tais equívocos tornaram o partido impotente frente aos contra-ataques do Estado burguês.
Precisamos compreender o legado deixado por militantes como Fred Hampton, assassinado pelo FBI, pois ele desempenhou um papel de combate interno a essas ideias alheias e foi firme na defesa de uma união de classe contra o racismo. Entendendo que não existe saída para a classe trabalhadora negra no capitalismo, ele promoveu a união de luta entre todos os trabalhadores independente de sua cor ou etnia.
É seguindo este exemplo que entendemos que o racismo é uma ferramenta de dominação de uma classe sobre a outra. Por isso, defendemos que a saída para o racismo não é a divisão da classe trabalhadora ou mesmo as reformas desse sistema podre, mas a união dos trabalhadores de todo o mundo para combater a opressão promovida pela sociedade de classes.
Para isso, precisamos construir um verdadeiro partido revolucionário dos trabalhadores internacionais. Com um método de luta e um programa político que tenha como objetivo o fim desta velha sociedade, e a construção de uma nova, na qual o racismo e todas as mazelas do capitalismo não sejam nada mais do que memórias de um passado ruim.