Perante as eleições gerais de domingo, convocadas após o chumbo do orçamento, a tarefa de todos os militantes e ativistas é evitar o regresso da direita e fortalecer ao máximo as forças à esquerda do Partido Socialista (PS). Chamamos ao voto massivo na Coligação Democrática Unitária (CDU), no Bloco de Esquerda (BE), e nos outros partidos da esquerda. Não podemos permitir que a direita volte ao poder, mas também não podemos regalar a António Costa essa “maioria absoluta” que ele tanto deseja: quer a maioria para não ser fiscalizado pela esquerda e para implementar políticas capitalistas sem entraves! Não permitamos isso.
O ponto de partida para a esquerda nestas eleições não é particularmente favorável devido, sobretudo, à maneira atropelada e inesperada em que se produziu a ruptura da geringonça [apelido dado para a coalizão da esquerda, NdR]. Na nossa opinião, esta ruptura era necessária, e a rejeição do orçamento estava totalmente justificada. Porém, esta decisão tinha de ser preparada politicamente com tempo, explicando pacientemente os limites do PS e criticando as suas políticas pró-capitalistas e a sua ligação com a burguesia. A falta de preparação levou a que muitas pessoas não percebessem o motivo da queda do governo e acabassem por acreditar na demagogia do PS, que taxa o Partido Comunista Português (PCP) e o BE de irresponsáveis e sectários. A insistência do BE numa reedição da geringonça, sem fazer um balanço claro do anterior período, deixa igualmente muita gente perplexa, que, compreensivelmente, não percebem porque chumbaram o orçamento se a proposta do BE é de manter o velho esquema da geringonça.
Em qualquer caso, acreditamos que é possível superar estas dificuldades com uma campanha combativa e entusiasta, na qual a esquerda se diferencie radicalmente do PS. As propostas do BE e do PCP da nacionalização das empresas estratégicas, por exemplo, são passos na direção correta. É necessário ir além das reivindicações estreitamente económicas, que são importantes, mas têm de ser colocadas numa perspetiva política e de classe mais ampla: é preciso aumentar os salários, combater a precariedade, fortalecer o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os serviços públicos, etc., mas temos de explicar também que há recursos para fazer tudo isso, o problema é que estão nos bolsos dos patrões, que aproveitam a precariedade e a legislação pró-capitalista para explorar os trabalhadores. É possível tirar Portugal da sua crise interminável, mas para isso precisamos de tirar a riqueza das mãos da burguesia e pô-lha sob o controle da classe trabalhadora. É preciso colocar um horizonte socialista, explicando que o socialismo não é o reformismo tíbio do PS, mas uma sociedade totalmente diferente, onde os recursos não estão nas mãos dum punhado de exploradores, mas antes ao serviço da maioria e são planificados racionalmente e em harmonia com as necessidades da sociedade e da natureza.
Estas eleições são importantes e temos de nos mobilizar para fortalecer a esquerda no Parlamento. Mas ainda mais importante é a organização e a luta quotidiana dos jovens e dos trabalhadores, que, independentemente do resultado eleitoral, tem de continuar após o domingo.
- Voto massivo pela esquerda!
- Não permitamos o regresso da direita nem regalemos a Costa a maioria absoluta!
- Por um balanço crítico da geringonça!
- Por uma campanha de classe e revolucionária!
- Pelo socialismo!
- Após o domingo a luta continua!
ORIGINALMENTE PUBLICADO EM COLECTIVOMARXISTA.ORG