No dia 15 de dezembro, os trabalhadores da Flaskô realizarão um encontro para reunir os apoiadores da fábrica ocupada.
Será uma importante atividade de solidariedade, primeiro porque não existe “socialismo em um só país”, muito menos em uma única fábrica, ou seja, mesmo com a garra e determinação dos trabalhadores, a Flaskô sofre as pressões e a concorrência do mercado capitalista, particularmente no setor de embalagens plásticas industriais, que passa por um momento de crescimento via concentração monopolista. A fábrica Girona, por exemplo, foi comprada pela multinacional alemã Mauser e, em seguida, levada ao fechamento, com 200 trabalhadores ficando desempregados.
Assim, a própria existência da fábrica ocupada depende da solidariedade ativa da classe trabalhadora e suas organizações, no sentido de estender a luta e buscar uma solução política, capaz de manter todos os empregos e direitos.
Também pesa sobre a Flaskô enormes problemas gerados pela intervenção federal na Cipla e Interfibra, como o fim de atividades administrativas conjuntas entre as empresas e o fato da matéria-prima vinda da Venezuela acabar ficando estocada no porto, pois tanto o Movimento das Fábricas Ocupadas quanto o interventor lutam pela posse dela, sem uma solução imediata à vista.
Aliás, o encontro se insere na preparação de um Tribunal Popular Nacional para Julgar a Intervenção na Cipla e Interfibra, no começo do ano que vem, pois se conseguiram acabar com as fábricas ocupadas em Joinville/SC e empurram a Flaskô a um beco sem saída, é porque existe uma reação organizada que busca criminalizar e destruir esses exemplos de luta.
Enfim, todas essas dificuldades encurtam o fôlego da Flaskô e o futuro é ameaçador porque a CPFL cobra o pagamento de contas de luz atrasadas, a Justiça cobra as dívidas antigas deixadas pelos antigos donos e muitos empresários do setor desconfiam da situação da Flaskô ou querem se beneficiar dela.
O encontro é convocado também pelo MST, MTST (sem-teto), MTD (desempregados), Sindicatos dos Ferroviários de Bauru/MT/MS, Sindicato dos Vidreiros SP, Sindicato Sapateiros de Franca, Sindicato dos Trabalhadores nos Correios de Campinas, entidades estudantis da UNICAMP e associações de moradores da região onde se localiza a Flaskô. Portanto, uma excelente oportunidade também para trocar idéias e experiências de lutas, em especial quanto às reformas que retiram direitos dos trabalhadores.