Ameaças de agressão tentam intimidar a luta por direitos iguais para todos no ENEPT.
No ENEPT (Encontro Nacional de Estudantes do PT) realizado nos dias 23 e 24 de Março em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, um episódio fez lembrar os métodos fascistas e stalinistas de combater divergências políticas, o militante da Juventude Revolução (organização de jovens da Esquerda Marxista), Fábio Ramirez, foi ameaçado de agressão e insultado de racista.
O motivo: estava junto com o restante da delegação da JR combatendo por vagas para todos nas universidades públicas, e, portanto, contra as cotas raciais que ameaçam dividir o país em “raças” jogando um jovem contra o outro na disputa das poucas vagas nas universidades. A política de cotas não cria uma única vaga, quer apenas dividir as existentes. Nós da JR defendemos a bandeira histórica de fundação da UNE, UBES e do PT, que é defender a universalização do ensino superior público, gratuito e de qualidade.
Durante todo o encontro o clima era tenso, e os militantes da JR por diversas vezes se encontravam na situação de – sozinhos – enfrentarem todas as outras forças políticas do PT. Mas a política revolucionária ecoa como um grito no silêncio, e a tese da Juventude Revolução, centrada no combate pelo socialismo como saída da crise, na ruptura da coalizão do governo com a burguesia, contra a divisão racial e por direitos para todos, começou a repercutir entre a base do encontro, e isso incomodou muito os dirigentes das forças políticas – a maioria com cargos comissionados em gabinetes de parlamentares petistas.
O fato é que na madrugada do dia 23 para o dia 24, quando todos ainda estavam acordados na sistematização das propostas, o camarada Fábio Ramirez foi encurralado por seis militantes petistas, que o empurraram e o ameaçaram com o dedo em seu rosto dizendo “se vocês continuarem levando à frente essa discussão contra as cotas, nós vamos acabar com você (…) vamos te pegar lá fora (…) seu racista, no PT não pode ter racista, e nós vamos exterminar todos os racistas do PT”.
Cadê a esquerda do PT?
Mesmo diante das ameaças, no dia seguinte os camaradas da JR levaram até o fim a luta por direitos para todos. As outras correntes políticas presentes – CNB (Articulação), DS (Kizomba), MAIS (Mudança), AE (Reconquistar a UNE) e MPT – apresentaram ao plenário uma resolução que defendia a política do governo Lula de cabo a rabo, afirmando que a saída da crise é reduzir os juros, defendendo as cotas, o PROUNI e o FIES que destinam dinheiro público aos empresários da educação. Também defenderam o REUNI que incha as universidades de alunos sem investir em patrimônio e profissionais na mesma proporção, derrubando a qualidade de ensino, e defenderam explicitamente as alianças do governo com partidos da burguesia. Já a tendência O Trabalho não se posicionou na discussão, não combateu, não apresentou nenhuma proposta, jogando mais água no moinho das correntes governistas.
Já os camaradas da JR apresentaram uma contraproposta centrada na luta pela revolução socialista e ruptura com a burguesia, contra as cotas, por vagas para todos os estudantes independente de sua cor da pele, e em defesa da educação pública contra o PROUNI e o REUNI, por mais verbas para a universidade pública, com assistência estudantil plena.
A intervenção da JR foi muito aplaudida pelo plenário, e na hora de votar a mesa do encontro cancela a votação. Durante o encontro várias vezes as regras foram mudadas, de acordo com o interesse das grandes correntes do PT em tentar neutralizar a política revolucionária da Esquerda Marxista.
Mas no final do encontro mais uma amostra do desespero e da política fascista dos dirigentes das correntes do PT, a JN13 (Juventude Negra 13 – agrupamento de petistas que diz combater o racismo) apresenta ao plenário uma nota de repúdio, em que diz que todos os petistas contrários às cotas são racistas e também condena o MNS (Movimento Negro Socialista)! A mesa nem dá tempo para o plenário questionar a moção e a considera aprovada por aclamação, mesmo com reclamações e com delegados achando um absurdo a moção. A mesa se nega a abrir para intervenções e questões de ordem. Realmente métodos que estão muito distantes da democracia operária. Por esses métodos, a Juventude Revolução considera inválido esse encontro, e não reconhece nenhuma resolução aprovada.
No encerramento do encontro, a JN13 ainda fez um ato novamente dizendo que todos os petistas contrários às cotas são racistas. Nesse ato defenderam ainda o mal denominado “Estatuto da Igualdade Racial” que pretende impor documentos de identidade racial aos cidadãos brasileiros! Neste ato, todas as correntes do PT se unificaram – até mesmo a corrente O Trabalho!
Este ENEPT passou longe da juventude trabalhadora deste país. Em qualquer fábrica ou escola, basta perguntar aos trabalhadores e jovens, independente da cor da pele de cada um, o que acham de terem direitos diferentes de acordo com a cor da pele todos se colocarão contra. Mas aqueles assessores de parlamentares travestidos de estudantes no ENEPT não costumam passar perto de fábricas ou mesmo escolas para fazer esta discussão. De nossa parte, seguiremos firmes no combate por igualdade, contra o racismo, por vagas para todos na universidade pública, e contra a divisão racial do país. Continuaremos nossa luta ombro a ombro com os trabalhadores e a juventude para derrubar o capitalismo e construir uma sociedade socialista!