Esteban Volkov, Leonardo Padura e Alan Woods lançam campanha do Museu Trotsky no Brasil

Milhares de pessoas assistiram a uma reunião online no dia 25 de novembro para lançar a campanha brasileira de apoio ao Museu da Casa Leon Trotsky, no México. O encontro foi introduzido e apresentado por Roberto Robaina, vereador do PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade) em Porto Alegre e dirigente da tendência Movimento de Esquerda Socialista (MES) dentro do partido, Serge Goulart (da Esquerda Marxista, seção brasileira da CMI) e Israel Dutra, Diretor de Relações Internacionais do PSOL. No encontro falaram Esteban Volkov, neto de Trotsky, Gabriela Noriega, a Diretora do Museu, Leonardo Padura, o renomado escritor cubano que escreveu “O Homem que Amava os Cachorros”, e Alan Woods, editor do site “In Defence of Marxism” e dirigente da Corrente Marxista Internacional (CMI).

A primeira oradora da ativiade foi Gabriela Perez Noriega, Diretora Jurídica do Museu da Casa Leon Trotsky no México, que desempenhou um papel extraordinário na gestão do Museu contra todas as adversidades nos últimos anos e empreendeu uma série de iniciativas para o renovar. Por causa do impacto da pandemia da Covid-19, o museu esteve fechado ao público nos últimos oito meses, privando-o de uma renda muito necessária. A CMI já organizou um apelo financeiro internacional para apoiar o museu, que arrecadou mais de 10 mil euros. Esta reunião foi o lançamento de uma campanha semelhante no Brasil.

Sua intervenção foi seguida por uma mensagem de vídeo gravada por Esteban Volkov, neto de Trotsky. Esteban explicou a importância histórica do Museu Trotsky, que se localiza na última residência de Trotsky e sua família até seu assassinato em 20 de agosto de 1940. “A importância do Museu é defender e restabelecer a verdade histórica”, disse ele, e esta verdade histórica deve ser transmitida às novas gerações. Ele agradeceu aos camaradas por organizarem a campanha.

Alan Woods falou em seguida e começou explicando como “Esteban Volkov é um elo vivo com a história, a última testemunha ocular viva dos eventos sangrentos de 20 de agosto de 1940, quando um agente stalinista de forma covarde e vil, pôs fim à vida do grande revolucionário russo que, junto com Lenin, liderou a grande revolução de outubro”. Alan explicou como os últimos anos da vida de Trotsky, que ele passou no exílio no México, foram considerados pelo próprio como “a obra mais importante da minha vida”. Foi uma época em que Trotsky travou uma luta heroica em defesa das tradições genuínas do bolchevismo. Ele era um homem solitário, sozinho no mundo, enfrentado à máquina de Estado burocrática e assassina mais monstruosa do stalinismo. Nessas condições, Alan explicou, “Trotsky defendeu as tradições de outubro e produziu algumas das maiores obras da teoria marxista”, entre elas, A revolução Traída, Em Defesa do Marxismo e sua última obra incompleta, a biografia de Stalin.

Alan Woods destacou o papel desempenhado por Gabriela Noriega na gestão do Museu Trotsky e no seu desenvolvimento em todos os níveis. Alan encerrou sua intervenção dizendo que o livro de Padura é um romance extraordinário “que combina uma grande qualidade literária com o estrito respeito à verdade histórica” e recomendou fortemente que todos o lessem.

Alan foi seguido por Leonardo Padura, o renomado escritor cubano, que participou da reunião de sua casa em Havana. Ele agradeceu a Alan Woods por seus “comentários generosos sobre meu livro” [O Homem que Amava os Cachorros], bem como os de Esteban Volkov. “Sou apenas um autor que leu sobre a vida e obra de Trotsky para escrever um romance”, disse. Ele explicou como, em sua primeira visita ao México em 1989, pediu a um amigo que o levasse ao Museu Casa Leon Trotsky. “Cuba tinha seguido, em relação a Trotsky, a mesma política da URSS, ou seja, ignorá-lo e, portanto, eu sabia muito pouco sobre ele. Lá eu senti a história”. Mais tarde, Padura explicou, ele descobriu que o assassino de Trotsky havia morrido em Cuba. Essa combinação de fatores foi a origem de seu livro. O livro, O Homem que Amava os Cachorros, foi lançado, no México, no Museu da Casa Trotsky em 2017, por Padura, Esteban Volkov e Alan Woods em um encontro de muito êxito. Leonardo Padura destacou como é encorajador o fato de ainda haver muito interesse pela vida e obra de Leon Trotsky.

Sinto-me um pouco deslocado entre esses especialistas em Trotsky, pois sou apenas um autor que tentou usar o que aconteceu com Trotsky para compreender minha realidade. É um livro escrito de Cuba por um cubano, o que o torna tão peculiar”.

O encontro foi encerrado por Roberto Robaina e Serge Goulart, que agradeceram a todos os participantes e se comprometeram a realizar a campanha de apoio ao Museu da Casa Trotsky no Brasil.

O encontro, que foi conduzido em espanhol e português, foi seguido por telespectadores de todas as partes do Brasil, bem como por muitos da América Latina e Espanha e mais além.

TRADUÇÃO DE FABIANO LEITE.
PUBLICADO EM MARXIST.COM