Em verde, no mapa acima, podemos observar o que era a Palestina e o que ela é hoje
O Fórum Social Mundial Palestina Livre foi realizado de 28/11 a 01/12/2012, em Porto Alegre. Ali, as forças alinhadas com a ONU, o governo brasileiro e os setores corruptos das lideranças palestinas defenderam a criação de um pretenso “Estado Palestino” ao lado de Israel, abandonando a reivindicação histórica de um só Estado laico e democrático em todo território histórico da Palestina onde possam conviver em paz judeus e árabes, sem discriminação de religião, cor ou origem.
Em verde, no mapa acima, podemos observar o que era a Palestina e o que ela é hoje
O Fórum Social Mundial Palestina Livre foi realizado de 28/11 a 01/12/2012, em Porto Alegre. Ali, as forças alinhadas com a ONU, o governo brasileiro e os setores corruptos das lideranças palestinas defenderam a criação de um pretenso “Estado Palestino” ao lado de Israel, abandonando a reivindicação histórica de um só Estado laico e democrático em todo território histórico da Palestina onde possam conviver em paz judeus e árabes, sem discriminação de religião, cor ou origem.
O significado reacionário dos Acordos de Oslo sobre a Palestina e a política de “Dois Estados”
“Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana” (ditado árabe)
O significado da política de “Criação de dois Estados”, promovida pelos imperialistas e seguida pelos “responsáveis, prudentes e sensatos” reformistas é uma tragédia sem fim para o povo palestino.
A política de “Dois Estados”, delineada desde os Acordos de Oslo, em 1993, conduziram à trágica situação atual. Nesta cidade da Noruega o governo de Israel e Yasser Arafat, presidente da OLP, coordenados pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, assinaram um acordo. Nele, a capitulação definitiva de Yasser Arafat e a cúpula do Al-Fattah se concretizava na aceitação da divisão da Palestina e da existência do Estado de Israel, na criação de um governo chamado “Autoridade Palestina” e na criação de três zonas sobre o território palestino. Uma Zona A sob controle da nova “Autoridade Palestina”, uma Zona B com controle civil da Autoridade Palestina e militar do Estado de Israel e uma Zona C sob controle total de Israel.
Foi esse acordo que impulsionou o crescimento do Hammas, que o recusava por causa do controle de Jerusalém e do reconhecimento do Estado de Israel. No acordo rifava-se pela primeira vez a bandeira histórica do “Direito de Retorno dos Refugiados”. Agora, após anos de experiência com estes acordos eles são desprezados pelo povo palestino, ou seja, estão fazendo água e uma operação mundial se iniciou para reavivá-los.
Enquanto o território palestino vai desaparecendo, desde 1948 até nossos dias, o ministro brasileiro das Relações Exteriores Antonio Patriota acaba de viajar ao Oriente Médio para dar apoio ao governo sionista de Israel e à clique corrupta de Mahmoud Abbas (Abu Mazen), presidente da chamada Autoridade.
Enquanto isso, Zé Dirceu anuncia em seu blog: “Reveste-se de êxito o giro que o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, faz ao sensível e conflagrado Oriente Médio, especialmente a Israel (na semana passada) e à Palestina, onde ele estava ontem”. Zé Dirceu sintetiza a política da viagem: “Patriota acentuou que para o Brasil é fundamental a criação do Estado da Palestina, assim como a manutenção do Estado de Israel (criado em 1948, em Assembleia Geral da ONU, sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha), de acordo com as fronteiras estabelecidas em 1967”. E de passagem diz que “Abbas lembrou haver cerca de 5 milhões de refugiados palestinos no mundo.” (Blog do Zé, 16/10/2012)
Em cerca de dez linhas, Zé Dirceu:
1. Apoia a existência de um Estado racista que se baseia na religião e no “sangue” transmitido pela mãe judia religiosa.
2. Apoia a existência de um Estado “criado pela ONU” sobre a base da expulsão dos palestinos, a destruição de suas casas e lavouras.
3. Apoia a criação de um Estado “de acordo com as fronteiras estabelecidas em 1967”, ou seja, estabelecido pelas armas de Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Isto significa eternizar o Estado no território tomado dos palestinos, em 1948, pela Assembleia Geral da ONU, presidida pelo sionista Oswaldo Aranha com apoio de Stálin e Roosevelt, que dirigiam o mundo no pós II Guerra. Um Estado Palestino encravado e com apenas 22% do território histórico.
4. Faz uma vaga referência aos 5 milhões de refugiados apenas para “passar” a impressão de que eles voltariam à Palestina se criado este Estado “autônomo e independente”, como diz Zé Dirceu em seu blog. Abandona a reivindicação histórica dos palestinos de “Direito de retorno para todos os refugiados aos seus lares, de onde foram expulsos em 1948” e depois. Por isso, muitos deles mantém até hoje as chaves de suas casas que foram destruídas por tanques de Israel. Milhões vivem ainda em acampamentos nos países próximos.
5. Em poucas linhas, Zé Dirceu concentra a política do governo Lula/Dilma, que no fundamental se alinha com a política das potências imperialistas. Como podem ser vistas na ONU, as divergências são apenas táticas e nunca impediram que todos se alinhassem atrás das decisões tomadas na Casa Branca, enquadrando os sionistas mais violentos e os dirigentes mais corruptos da Palestina.
6. Zé Dirceu “esquece” que todos os “planos” já assinados só resultaram em desgraças, menos territórios para os palestinos e avanço de Israel. Nenhuma solução para os palestinos, apenas perseguições, mortes e torturas permanentes. Massacres e uma vida em Bantustões organizados pelos sionistas com o muro que recorta a Palestina, divide cidades, separa famílias e destroça empregos.
Zé Dirceu tenta com estas posições passar por “realista”, mas o resultado de políticas deste tipo têm sido regar de sangue e dor o território histórico da Palestina.
Para os marxistas, é impossível aceitar a existência de um Estado baseado na religião e na “raça”, como Israel. A cúpula sionista, mantida financeira e politicamente pelo imperialismo dos EUA, joga com o sofrimento dos judeus para manter a região em estado de semicaos, expulsando, matando palestinos, tomando suas casas e terras, a serviço da política imperialista e de seus próprios interesses de clique burguesa local.
A revolução socialista em toda a Palestina e no Oriente Médio é a única maneira de cessar o sofrimento deste povo. Assim como a única solução para que os próprios judeus oprimidos e explorados de Israel possam salvar-se da verdadeira catástrofe que as cúpulas sionistas e o imperialismo lhes reservam. Isso porque, em determinados momentos estas cúpulas, racistas e sanguinárias, não hesitarão em massacrar ou deixar massacrem os próprios judeus, se isto for do interesse de sua classe e do imperialismo.
Foi o que fizeram durante a década de 30, na Alemanha, concretizando acordos com o nazismo contra os próprios judeus, porque isso alimentava seu delírio de incentivar a imigração e constituir um Estado sionista na Palestina.
Não há outra solução duradoura que promova a paz da região além do estabelecimento de um Estado laico (separado de qualquer religião) e democrático (onde todos os cidadãos tenham direitos iguais e todas as liberdades democráticas estejam inscritas) onde judeus, muçulmanos e cristãos possam viver em paz sobre todo o território histórico da Palestina.
Isso implica na derrota das cúpulas sionistas, corruptas e pró-imperialistas palestinas. Só a luta de classes pode unir os trabalhadores e oprimidos do próprio Estado de Israel com as massas sofredoras palestinas e colocar abaixo o jogo em que os únicos perdedores reais são os explorados e oprimidos.
A classe trabalhadora palestina ou de Israel não tem nada a ver com a burguesia palestina ou sionista. Ela é internacional e por isso sua luta não tem fronteiras. Os oprimidos e explorados, de Israel e de toda Palestina, são os protagonistas de uma saída feliz para a situação.
A burguesia, em todo o mundo, há muito deixou de ser progressista. Ao lado de seus sócios menores locais – como o governo e partidos dominantes de Israel, a cúpula corrupta do Al-Fatah e os alucinados líderes religiosos do Hammas – são “a reação em toda a linha”, para usar uma expressão de Lenin.
O caminho do futuro da Palestina passa pela revolução socialista lá e em toda a região. A cúpula sionista se alimenta e provoca, conscientemente, ódio contra os judeus. É assim que coesiona dentro de Israel e governa como uma ditadura. Os capitalistas antissemitas árabes e outros usam o sionismo para esconder que eles próprios nada têm a oferecer aos oprimidos e explorados e que, como os capitalistas sionistas, também vivem do sangue, suor e lágrimas de seu próprio povo.
Um longo caminho terá que ser percorrido até que os povos da região possam viver em paz. Judeus e árabes acumularam muito sofrimento, ódios e preconceitos criados, incentivados e alimentados pelas classes dominantes de Israel e dos regimes reacionários capitalistas e medievais da região. O futuro pode passar por uma federação socialista dos povos da região, ou por outros caminhos.
Mas, uma coisa é certa. Não há caminho com capitulação ante a política imperialista e seus interesses. Não há caminho defendendo a existência do Estado de Israel e a criação de um Estado Palestino fantoche ao seu lado. Não há caminho negando o direito de retorno de todos os refugiados. Não há caminho sem luta pelo socialismo e pela construção de uma verdadeira organização revolucionária marxista na região.
O vento revolucionário que varre o planeta também embala a resistência na Palestina. E um dia a revolução socialista no Oriente Médio abrirá um caminho de paz e de felicidade nesta terra árida e magnífica banhada de sangue.