Greve dos Correios: ataque do TST e covardia das direções sindicais

O TST (Tribunal Superior do Trabalho) aplicou um duro golpe contra os trabalhadores dos Correios em julgamento realizado na segunda-feira (21/09). Além de determinar o fim da greve, foram retirados direitos conquistados em 35 anos de luta, 50 das 79 cláusulas do antigo acordo coletivo foram revogadas, com perdas de benefícios, vales e auxílios que representam cerca de 40% da remuneração final dos trabalhadores, além de outros direitos, como a redução da licença maternidade de 180 para 120 dias.

Este ataque tem o claro objetivo de enxugar os gastos da estatal e torná-la mais atrativa para a privatização planejada por Bolsonaro, Paulo Guedes e o general Floriano Peixoto (presidente dos Correios). Mesmo objetivo tem as ações para a redução do quadro de 100 mil funcionários que tem a estatal.

A decisão do TST revela mais uma vez o papel de classe do Judiciário, um braço do Estado burguês para defender os interesses de governos e patrões.

Estamos ao lado dos trabalhadores dos Correios que realizaram uma greve histórica por 35 dias. A FENTECT (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) chegou a defender, em nota divulgada no dia 21/09, a manutenção da greve. No entanto, ontem, dia 22, nova nota da federação dizia: “Conforme deliberado em reunião, a FENTECT orienta os sindicatos filiados a retornarem ao trabalho e realizarem assembleias para retomada das atividades a partir das 22h desta terça-feira (22/09)”.

Assembleias de diferentes cidades, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, já aprovaram o retorno ao trabalho. Apesar da orientação de encerramento da greve, vale registrar que na assembleia de São Paulo, segundo o próprio sindicato, 699 votaram pelo retorno ao trabalho e 671 contra, 38 se abstiveram. Ou seja, uma votação acirrada (apenas 28 votos de diferença!). Se a disposição do SINTECT-SP (sindicato dos trabalhadores nos Correios da Grande São Paulo, filiado à FINDECT – Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios, encabeçada pelo PCdoB/CTB) e da FENTECT (ligada à CUT) fosse outra, a greve em defesa dos direitos, de um reajuste decente (e não os 2,60% decididos pelo TST), poderia seguir e reverter os ataques.

Apesar da covardia geral das direções sindicais, existe uma verdadeira disposição de luta na base. Vimos isso na greve da Renault no Paraná contra as demissões – apesar da direção do sindicato-, e na greve da Embraer, após o anúncio do corte de 2.500 funcionários.

A responsabilidade por esta derrota nos Correios é dos dirigentes sindicais que se acovardaram e agora tentam apresentar o resultado como uma vitória. Assim como das direções das centrais sindicais, em especial da CUT, a maior delas, que deveria ter realizado uma campanha nacional em defesa dos trabalhadores dos correios, mobilizando a solidariedade de outras categorias. O apoio não veio também de PT, PCdoB, PSOL, partidos que se reivindicam de esquerda e da luta dos trabalhadores.

A política de adaptação e conciliação dos dirigentes sindicais é o caminho para a derrota. A base precisa se organizar, atropelar os dirigentes burocratas e conciliadores, e retomar a CUT e os sindicatos para a luta independente de governos e patrões, para a defesa dos interesses gerais da classe trabalhadora, o que inclui a luta pelo “Fora Bolsonaro” e por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais.