Foto: Sindsep - DF

Greve nacional contra a PEC 32: não basta convocar, é preciso mobilizar

No dia 30 de julho, praticamente todas as centrais sindicais brasileiras convocaram a greve geral dos trabalhadores do serviço público para o dia 18 de agosto de 2021 contra a PEC 32 (Reforma Administrativa). Contudo, após a convocação, pouco se viu em termos de mobilização real da categoria.

Assinam o “Manifesto do Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Serviços Público” as seguintes entidades: Central Única dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical; União Geral dos Trabalhadores (UGT); CTB; CGTB; NCST; CSB; Intersindical; Intersindical (Central); CSP-Conlutas; Pública – Central do Servidor; Fonasefe; Basta; Frente Popular Mista do Serviço Público e União dos Policiais do Brasil (UPB).

No momento em que escrevemos esse artigo, das 15 entidades que assinam o manifesto, somente há menções para os atos do dia 18 nos sites de 5 delas: CUT, Intersindical (Central), CSP-Conlutas, NCST e Fonasefe. Devemos considerar que até o dia 05 de agosto, ou seja, seis dias depois da decisão da greve nacional, não havia publicação destacada indicando qualquer mobilização no site da CUT, a maior central sindical brasileira.

No site da CUT constam algumas manifestações já marcadas em 18 cidades. Destas, 11 são em capitais. Contudo, ao acompanhar a divulgação dos atos nos sites dos principais sindicatos de servidores públicos dos estados onde ocorrerão manifestações vemos o mesmo imobilismo das centrais sindicais.

Em São Paulo, o principal sindicato de servidores públicos, a Apeoesp só publicou um chamado no dia 12 de agosto e ainda por pressão do PLC de João Doria (PSDB) que antecipa a Reforma Administrativa de Bolsonaro no estado. Quanto aos sindicatos de servidores municipais de SP, somente o Sindsep parece construir a ação, enquanto o Sinpeem, que congrega o maior número de filiados, ignora completamente a greve.

O Sindicato Central do Brasil, durante assembleia dos trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), se contrapôs à proposta de ativistas da base da categoria de que o sindicato se somasse às mobilizações do dia 18 de agosto. Isso resultou na aprovação de que os ferroviários não farão parte da greve nacional. Este mesmo sindicato tem manobrado a categoria durante todo o semestre, desmontando todas as iniciativas de luta e exemplificou novamente de modo claro de que lado está na luta de classes.

Sindicatos de trabalhadores da educação estadual no Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe, todos filiados à CUT, não mencionam a campanha contra a PEC 32 ou o ato nacional.

No estado do Paraná, os sindicatos dos servidores da educação estadual e municipal não tem mobilizado para este dia. Inclusive, no caso deste último, a direção do sindicato deliberou a não paralisação no dia sem mesmo consultar a base da categoria. E no Rio Grande do Sul, o sindicato dos professores da rede estadual também não tem campanha alguma sobre o dia 18.

Sindicatos dos servidores públicos federais e estaduais do Ceará, Pernambuco e Piauí fazem campanha contra a PEC 32, mas sem uma menção explícita para a greve geral do funcionalismo que eles mesmos convocaram.

A crise de direção do proletariado

Embora alguns sindicatos como os supracitados e o Sepe-RJ estejam convocando a greve nacional, é visível que essa iniciativa não está sendo construída de fato pelo conjunto das direções sindicais. Isso é expressão da crise de direção do proletariado em nível mundial, de sua institucionalização e adaptação aos aparatos. E aí falamos especialmente daquelas centrais que se propõe a construir a luta dos trabalhadores às vezes até reivindicando o socialismo.

A CUT, CTB, CSP-Conlutas e as intersindicais estão adaptadas à burocratização sindical e isso se expressa em especial por aceitarem construir ações juntas com organismos inimigos da classe trabalhadora, como a Força Sindical que nunca teve a intenção de lutar por qualquer conquista real aos trabalhadores. Seus dirigentes são, inclusive, favoráveis à flexibilização de leis trabalhistas desde sua fundação.

Ocorre que, para além dessa trágica unificação com dirigentes sindicais reacionários e patronais, vemos que as centrais de “esquerda” e seus sindicatos filiados estão adaptados à luta institucional. Abandonaram há muito qualquer perspectiva de transformação radical da sociedade, se é que um dia a tiveram.

É preciso compreender que a luta contra os ataques do governo Bolsonaro e da burguesia, para a burocracia sindical, ocorrerá no terreno burguês, nas eleições de 2022. Confiam nas instituições até mesmo mais que a classe dominante. Afinal, dependem delas por conta dos fundos partidário e eleitoral. Assim como barraram a luta pelo Fora Bolsonaro em 2019, tentam controlar qualquer mobilização relevante contra o governo federal, a fim de que as coisas se resolvam dentro da ordem.

Esses dirigentes não confiam na capacidade de luta da classe trabalhadora e, sobretudo, no medo de que mobilizações massivas se desenvolvam saindo de seu controle. Está aí o cerne da questão que nos ajuda a compreender por que tanta desmobilização.

O que fazer?

Longe de nos adaptarmos ao imobilismo sindical é necessário construir a greve nacional do funcionalismo público, explicando a necessidade de que ela seja uma preparação para a greve geral dos trabalhadores para derrubar o governo Bolsonaro já! Junto a isso precisamos denunciar as direções sindicais que são os verdadeiros bloqueios à luta proletária organizada. Nesse processo novas lideranças serão forjadas no movimento proletário de base contra aparelhos burocráticos. Em futuras explosões isso preparará um grupo dirigente capaz de conduzir a ira das massas à superação dos freios dos aparatos e das amarras da própria sociedade

Os militantes da Esquerda Marxista constroem essa luta e seguem mobilizando os trabalhadores. No dia 18 de agosto estaremos novamente nas ruas contra a PEC 32, para pôr “Abaixo o Governo Bolsonaro! Por Um Governo Dos Trabalhadores Sem Patrões Nem Generais!”. Nesse processo estamos aproximando setores importantes da classe trabalhadora que anseiam por alternativas genuinamente socialistas de luta contra os ataques desse sistema ao conjunto da classe trabalhadora.

Seja parte desse processo e some-se à Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional.