A campanha de solidariedade aos camaradas indonésios Abdul e Agus foi vitoriosa, e eles foram finalmente soltos depois de presos com um julgamento de fachada.
Após ficarem presos por três meses pelo crime de defender os interesses dos trabalhadores, os camaradas Abdul Hakam (membro da Militan Indonesia, seção indonésia da Corrente Marxista Internacional, e sindicalista no sindicado FSPBI-KASBI Gresik) e Agus Budiono (ativista sindical do FSPBI-KASBI Gresik) estão enfim livres. Eles finalmente podem estar com suas esposas e filhos novamente, abraçar seus camaradas e se verem livres das barras de aço que tentaram destruir seus espíritos. Nós da Militan Indonesia e da CMI gostaríamos de enviar nosso mais profundo respeito a ambos os camaradas Hakam e Agus por sua bravura e autossacrifício.
Nossos dois camaradas foram acusados com base na chamada lei de “atos desagradáveis”, no que só pode ser chamado de um julgamento de fachada. Seu único crime foi organizar trabalhadores de empresas petroquímicas em Gresik, Java Oriental. Durante sua ação reivindicando melhores condições de trabalho, eles supostamente fizeram os patrões sentirem-se desconfortáveis. Eles também fizeram o Departamento do Trabalho de Gresik passar por algumas experiências bastante desagradáveis com os atos combativos e populares que lideraram, exigindo que os políticos fossem competentes em simplesmente fazer o seu trabalho. O governo local também foi vítima de seu assédio, uma vez que eles lideraram os trabalhadores a lutarem contra quaisquer cobranças ilegais nas escolas. É bem verdade que quanto mais exigimos nossos direitos democráticos básicos, mais os membros da elite sentem-se desconfortáveis.
Estado e Repressão
Uma das lições que aprendemos a partir da prisão dos camaradas Hakam e Agus foi o fato inegável de que o estado que nós temos é um estado burguês, portanto só pode servir aos interesses do capital e irá punir todo aquele que se atrever a lutar. A polícia, os juízes, o defensor público e a prisão que puniram nossos camaradas são partes fundamentais do estado. Eles são o aparato repressivo estatal e os camaradas Hakam e Agus não são os únicos que se tornaram vítimas dele. Nos últimos anos, centenas de trabalhadores e camponeses militantes foram submetidos à ira destes aparatos estatais. Os milhões que pereceram nos massacres de 1965 e 1966 perpetrados pelo regime da Nova Ordem também foram vítimas do mesmo estado burguês e pelo mesmo crime que os camaradas Hakam e Agus: ousar lutar contra os interesses do capital.
Não existe estado neutro, nós vivemos em uma sociedade de classes dividida em dois grandes campos políticos. De um lado está a classe capitalista e seus lacaios pagos, de outros estão os trabalhadores e as massas batalhadoras (camponeses, pescadores e pobres urbanos). As experiências diárias das massas trabalhadoras já levantaram evidências mais do que suficientes deste fato, desde os camelôs pobres que são obrigados a jogar um jogo de gato e rato com a polícia, aos 26 sindicalistas que estão sendo acusados de mobilizar os trabalhadores contra a lei PP78 (uma lei contrária aos trabalhadores que remove o direito dos sindicatos de negociarem salários mínimos). Este estado capitalista não pode ser reformado, não pode ser transformado em um estado a favor do povo. Também não se trata de substituir este ou aquele político corrupto por alguém que seja honesto e ilibado. O estado foi historicamente construído de maneira a defender o capital, por isso deve ser dissolvido sistemática e cuidadosamente de cima para baixo.
Essa foi uma das lições mais importantes que nós pudemos tirar da recente repressão contra os camaradas Hakam e Agus, além de muitos outros ativistas que estão lutando contra as injustiças. É necessário organizar uma luta política revolucionária para transformar a sociedade como um todo, sua estrutura política e econômica.
Os camaradas Hakam e Agus voltaram para suas famílias, livres para respirar o ar puro e se aquecerem sob o sol brilhante desta linda terra chamada Indonésia. Mas nossa bela Indonésia está cheia de brutalidade, repressão e opressão que têm suas raízes no capitalismo. Centenas de milhares de trabalhadores, camponeses, pescadores e pobres urbanos ainda não estão livres do sistema que os enreda para a escravidão assalariada, que coloca seus destinos à mercê da anarquia do livre mercado. Vamos dar as boas-vindas a nossos camaradas e continuar nossa luta para libertar a classe trabalhadora do capitalismo e abrir o caminho para o socialismo.
A Militan Indonesia e a CMI gostariam de agradecer seus leitores e apoiadores de todo o mundo que responderam à nossa campanha de solidariedade para os camaradas Hakam e Agus. Nos últimos três meses nós recebemos apoio moral e financeiro de centenas de camaradas de diversos países: Holanda, Reino Unido, Bélgica, Itália, Dinamarca, Suécia, Suíça, França, Alemanha, República Tcheca, Espanha, Canadá, EUA, Brasil, EL Salvador e Taiwan. Nós conseguimos arrecadar US$1500, mais que nossa meta de US$1000. Esse é um testemunho do internacionalismo proletário.
A Militan Indonesia está construindo uma organização marxista em um país onde o marxismo ainda é proibido, onde há não muito tempo milhões de comunistas foram brutalmente massacrados pelo exército. De tempos em tempos nós enfrentaremos a ira do estado capitalista, mas estamos confiantes de que podemos contar com o apoio de nossos leitores e camaradas de todo o mundo que correrão em nosso socorro sempre que necessário. Por favor, considere apoiar nosso trabalho na Indonésia através de doações únicas ou regulares.
Vida longa ao camarada Hakam!
Vida longa ao camarada Agus!
Vida longa aos trabalhadores!
Artigo publicado originalmente em 7 de julho de 2016, no site da Corrente Marxista Internacional (CMI), sob o título “ Indonesia: Comrade Hakam dan Agus Free At Last! The Struggle Continues!“.
Tradução de Felipe Libório.