No último dia de novembro (30), mês da Consciência Negra, o estado de São Paulo presenciou mais um caso de racismo e violência policial. Um jovem negro, acusado de tráfico, foi algemado à motocicleta da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas) e arrastado por 300 metros em uma avenida movimentada da Zona Leste da cidade. O episódio, que remete aos séculos de escravidão, foi gravado de dentro de um veículo que percorria a avenida. No vídeo podemos ver o jovem se esforçando para acompanhar a moto enquanto escutamos risadas e alguém falando que o rapaz está “[…] andando igual a um escravo” e questiona “vai roubar mais agora?”
A crise do capitalismo, agravada pela pandemia, fez crescer a criminalidade, o desemprego (situação do rapaz arrastado pelo PM), a fome e a exploração, atingindo, principalmente, trabalhadores negros. Os dados mostram que a quantidade de negros desempregados é o dobro da brancos; em relação ao salário, a diferença entre brancos e negros é de 31%. A desigualdade deve ser combatida junto com os vários episódios de violência e desrespeito contra negros e que revelam a verdadeira face do Estado e de seu braço armado, a polícia. Ainda que a Polícia Militar tenha afastado o policial envolvido no caso, repudiando o ato e abrindo inquérito para analisar a sua conduta, o esperado era que, perante a justiça burguesa, ele seria absolvido. Como explica Lenin, a força do Estado consiste em “homens especiais” (forças de segurança) armados para manter a divisão da sociedade em classes e a propriedade capitalista, utilizando, para isso, a repressão contra a classe oposta, a classe trabalhadora.
Não podemos permitir que casos como o assistido em São Paulo se perpetuem. O Para acabar com o racismo é necessária uma luta contra o sistema que o cria e incentiva, o capitalismo. É impossível humanizar a estrutura que se aproveita da desigualdade, da exploração dos trabalhadores, da repressão e da retirada de direitos para sobreviver. Assim como também é impossível mudarmos a instituição que controla as massas populares com brutalidade, destilando ódio de classe e racismo. Devemos nos organizar com toda a classe trabalhadora para pôr fim ao capitalismo e combater o racismo.