No dia 8 de fevereiro, donos de bares e restaurantes de Manaus se reuniram na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentos do Estado do Amazonas para anunciar uma série de demissões em massa até o fim do mês.
Essa é mais uma movimentação da burguesia manauara para pressionar o governador Wilson Lima (PSC) a “flexibilizar” o decreto de fechamento, que foi imposto juntamente com um toque de recolher para tentar conter a nova onda de contaminações por Covid-19 no estado.
Em janeiro, 10 mil trabalhadores já haviam sido demitidos e o número deve aumentar até o fim de fevereiro. Desde o início da pandemia, o setor de bares e restaurantes, juntamente com o comércio, academias e shopping centers, tem se organizado pela reabertura da economia a despeito do caos sanitário em que vive o Amazonas.
As demissões são apenas parte das consequências trágicas da política adotada pela burguesia brasileira: fingir que a pandemia de Covid-19 não existe para “salvar a economia”. Com o incentivo de Bolsonaro, diversos setores organizaram carreatas e manifestações que só diminuíram quando a explosão de mortes tornou o fechamento inevitável.
Essa também tem sido a estratégia do governo desde março. Ignorando os avisos de pesquisadores que alertavam para uma nova onda ainda mais mortal entre dezembro e janeiro, o governo permitiu que a economia voltasse ao normal sob o pretexto de que “todos os cuidados fossem mantidos”. A verdade é que nenhuma medida real foi tomada para evitar aglomerações e as consequências podem ser vistas nos hospitais e cemitérios de Manaus.
Se os trabalhadores do setor de alimentos tivessem um sindicato sério, este seria o momento para uma greve por tempo indeterminado para salvar todos os empregos. Se o Brasil tivesse um partido de massas da classe trabalhadora com um programa revolucionário, seria capaz de organizar uma greve geral por tempo indeterminado para garantir os empregos e os salários de todos os trabalhadores.
Mas o que temos é um movimento sindical completamente adaptado e vendido à burguesia, controlado por partidos ditos de esquerda que têm mais medo de perder o controle das massas que dos ataques de Bolsonaro. No Amazonas, esse é o caso de sindicatos poderosos como o dos metalúrgicos, controlado pelo PT, e de professores, controlado pelo PCdoB.
A aposta dos reformistas no impeachment – na verdade uma tentativa de canalizar por vias seguras o ódio crescente contra o sistema –, se mostra ainda mais distante com a eleição de Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara. Como convencer a população de que é preciso esperar mais dois anos em meio à doença e à miséria para tirar Bolsonaro?
Não se pode esperar que a burguesia faça o trabalho que é da classe trabalhadora. É preciso derrubar esse governo e tudo o que ele representa através de um movimento de massas com independência política e de classe que reúna a juventude e os setores mais avançados do proletariado.
É preciso construir um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais que abra caminho para a derrubada desse sistema podre que só nos oferece a barbárie.
- Abaixo o governo Bolsonaro!
- Garantia de emprego e renda para todos os trabalhadores!
- Vacina gratuita e para todos já!