Lula sabe que a situação é grave para o PT, para o governo e para ele próprio. Nos últimos dias tem dado declarações públicas em que distribui criticas ao PT e ao governo, “esquecendo-se” de completar que ele foi um dos dirigentes que conduziu todos para o desastre.
Lula sabe que a situação é grave para o PT, para o governo e para ele próprio. Nos últimos dias tem dado declarações públicas em que distribui criticas ao PT e ao governo, “esquecendo-se” de completar que ele foi um dos dirigentes que conduziu todos para o desastre.
Na semana passada, em encontro com religiosos, Lula admitiu que “Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu (Lula) estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim”. Revelou que realizou uma pesquisa em São Bernardo e Santo André e a “rejeição (ao governo) chega a 75%” nessas cidades.
Lula seguiu com as críticas, disse que Dilma e os ministros precisam viajar e falar mais. E completou: “Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: ‘Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa’. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto (Carvalho), que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: ‘Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano’. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado”.
Faltou dizer que as MPs que retiram direitos e o ajuste fiscal, tiveram sempre o seu apoio, e que em diferentes discursos nesse ano, defendeu o ajuste fiscal de Dilma.
Na segunda-feira (22/06), foi promovido pelo Instituto Lula um debate com o título “novos desafios da democracia”, o convidado foi Felipe González, ex-presidente do Governo Espanhol e dirigente do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol). Outro líder que conduziu um partido de massas dos trabalhadores para a destruição após se curvar ao capital. Conhecido também por ser um opositor da revolução venezuelana.
Ao final do encontro, Lula pediu a palavra e foi ao ataque. Sobre o PT, disse que “a gente acreditava em sonhos. Hoje a gente só pensa em cargos, em emprego, em ser eleito. Ninguém hoje trabalha mais de graça”. Decretou que “temos que decidir se queremos salvar nossa pele e nossos cargos ou salvar o nosso projeto”, e que o PT “precisa, neste momento, construir uma nova utopia”, sendo necessária uma “revolução interna” no partido.
Mas afinal, o que motiva Lula a fazer essas críticas e o que ele pretende?
Em primeiro lugar, ele critica tudo, menos o que é central, o que conduziu o partido para sua destruição como instrumento de luta dos trabalhadores, ou seja, a política de colaboração de classes, as alianças com os partidos burgueses, a submissão aos interesses capitalistas.
Lula finge que não tem nada a ver com o desastre anunciado. “Esquece-se” que foi um dos que elaborou, defendeu e aplicou essa política que frustrou o sonho de milhões de trabalhadores que construíram o PT e que o elegeram em 2002 com a esperança de pôr fim à opressão e exploração cotidiana do capitalismo.
A crise no PT e no governo tem relação direta com a crise econômica que se aprofunda, o oxigênio dos reformistas se esvai. O governo Dilma parte para o ataque contra os trabalhadores. As promessas de campanha tornam-se mentiras de campanha, um verdadeiro estelionato eleitoral entra em ação. A aprovação do governo despenca, chegando a apenas 10%, segundo o Datafolha.
Lula quer se diferenciar e se afastar de todo esse caos que ele próprio preparou. É também uma tentativa de mostrar que ainda está vivo, diante das ameaças da burguesia e da grande mídia de envolvê-lo nos casos de corrupção.
Ele, que se recusou a defender os dirigentes do PT condenados na farsa do julgamento do “mensalão”, calando-se para respeitar as instituições burguesas, agora também entra na mira, pois deixou de ser útil para os capitalistas, assim como o PT, diante da incapacidade de influenciar e controlar as massas. A covardia dos dirigentes, a submissão e destruição do partido, deixam a direita mais à vontade para atacar e desmoralizar o PT, buscando com isso desmoralizar e criminalizar o conjunto das lutas e organizações dos trabalhadores. Nós somos contra essa ofensiva, é a classe trabalhadora que deve ter o privilégio de julgar e condenar seus dirigentes por suas traições políticas.
As declarações de Lula só reforçam a falência política dele e do PT. São as velhas manobras para iludir o público, enquanto a realidade, a prática, é outra. Faz uma série de críticas ao PT, uma semana depois de ter participado do Congresso do partido e ter apoiado a continuidade do financiamento através de doações de empresas, a continuidade do PED para a escolha dos dirigentes, as alianças com partidos de direita, as medidas de ajuste do governo. Ou seja, depois de ter apoiado a continuidade de tudo o que desvirtuou o PT e o conduziu para a situação atual.
Reclama que seus companheiros só pensam em “cargos, em emprego, em ser eleito.” Como se ele não tivesse sido o grande articulador das alianças mais espúrias com objetivos eleitorais. Afinal, quem foi apertar a mão de Maluf para fechar a aliança com o PP na campanha para a prefeitura de São Paulo?
O que o PT perdeu foi a independência de classe e o objetivo de construir um mundo socialista. Esse caminho, que esteve na origem do partido, será retomado pela luta da juventude e da classe trabalhadora, que tem dado crescentes demonstrações de disposição de combate. Novas organizações e novos dirigentes emergirão desse processo. Os que se prendem à defesa do passado, da velha ordem, serão atropelados pela marcha da história.
Nós, da Esquerda Marxista, convidamos todos a se engajarem na construção de uma frente da esquerda unida, que retome os princípios que estiveram na origem do PT, que ajude a abrir uma saída para a atual situação, para organizarmos a continuidade da luta pelas reivindicações, por um novo mundo, pelo socialismo.