Publicamos aqui o artigo do companheiro Marcelo Buzetto, do MST, cujo conteúdo temos muito acordo no fundamental.
Nota da redação: publicamos abaixo o artigo do companheiro Marcelo Buzetto, do MST, cujo conteúdo temos muito acordo no fundamental.
Nós últimos 30 dias nós conseguimos levar milhões para as ruas. Atos, marchas, atividades culturais, acampamentos, ações de agitação e propaganda, intervenções nas redes sociais, manifestos de artistas, intelectuais, etc. Nas ruas crescemos, levamos nossas bandeiras para todos os cantos do país, e também conseguimos apoio Internacional para a luta contra os golpistas e o impeachment.
A presença da juventude em nossas lutas reforçou nossa esperança e certeza da possibilidade da vitória popular. Músicas e palavras de ordem surgiram para animar nossa caminhada contra o golpe.
É difícil prever com alguma certeza o resultado da votação na Câmara. Muita coisa pode acontecer até o final do dia 17 de abril. Imprevistos fazem parte da história da luta de classes. O inesperado, o extraordinário também pode ocorrer. Estamos conquistando as ruas, mas a tendência pode ser uma derrota na Câmara, pela própria natureza dos deputados.
Mas os golpistas podem também ser derrotados no domingo. A luta das ruas poderá sim intervir no resultado. Eles podem perder, mas no interior da Câmara a correlação de forças pende para o lado dos golpistas, apesar dos erros que eles tem cometido (e não são poucos). Mas a aliança mídia, Congresso e judiciário tem alguma força.
E o que Dilma e Lula estão dizendo? Um “novo pacto” é necessário, se vencermos no domingo. Ou seja, se derrotarmos os golpistas Dilma/Lula vão repetir os erros cometidos até agora: confiar nos partidos burgueses para garantir a qualquer custo a “governabilidade”? Se vencermos e Dilma fizer isto não haverá mudanças que melhorem a vida do povo, e uma vitória rapidamente poderá se transformar em derrota para as forças populares.
E se Dilma perder na Câmara e no Senado? Ela disse: aí “sou carta fora do baralho”. O que significa isto? Ela vai abandonar o cargo e se refugiar na sua vida privada? Vai fugir da luta ao estilo João Goulart, que fugiu para seu latifúndio no Uruguai enquanto o povo sofria com a vitória dos golpistas em 1964.
Nem Lula nem Dilma estão à altura dos desafios que o atual momento histórico apresenta.
Continuaremos nas ruas lutando em qualquer circunstância, fortalecendo nosso MST e a classe trabalhadora. Mas devemos fazer isto sem alimentar ilusões. Mantendo nossa autonomia e procurando construir novas lideranças populares capazes de conduzir as lutas políticas para uma nova situação de ofensiva.
Unidade e firmeza para derrotar os golpistas!!!!
Nossas lutas querem reformas populares estruturais, nada menos do que isto!
Que Lula e Dilma não negociem e entreguem, novamente, parcelas do poder e do governo, aos inimigos do Povo!
Pacto? Só com a classe trabalhadora e com os setores democráticos que estão na luta contra o golpe!
Podemos vencer, no domingo, em maio ou nos próximos meses ou anos!
Não podemos abandonar as ruas, independente do resultado de 17 de abril!
Inspirados na luta dos mártires de Corumbiara, Eldorado dos Carajás, Felizburgo e Quedas de Iguaçu, seguiremos sempre adiante, por Terra, Reforma Agrária e Socialismo!