No dia 30 de maio a Agência Brasil e vários jornais do Brasil noticiaram a morte do índio terena Osiel Gabriel, morto por projetil disparado por arma de policiais federais durante o confronto ocorrido em terras indígenas denominadas Buriti, no Mato Grosso do Sul, nas cercanias de Campo Grande.
No dia 30 de maio a Agência Brasil e vários jornais do Brasil noticiaram a morte do índio terena Osiel Gabriel, morto por projetil disparado por arma de policiais federais durante o confronto ocorrido em terras indígenas denominadas Buriti, no Mato Grosso do Sul, nas cercanias de Campo Grande.
O confronto se deu quando as tropas foram cumprir ordem de reintegração de posse da Fazenda Buriti. O comando da tropa alegou que disparam em resposta a ação armada dos índios, que os teria recebido atirando.
Nas fotos divulgadas pela imprensa podemos ver os índios armados com arcos e flechas, bordunas e em campo aberto, de maneira desordenada. Isso indica que não estavam executando nenhuma ação de guerra ou emboscada, pelo contrário, os índios, poucos deles, na foto aparecem espalhados pelo campo, como que pegos de surpresa e tivessem saído a campo de maneira desordenada e desesperada em defesa daquilo que lhes pertence, em autodefesa, por suas terras. Na foto não vemos nenhum índio com arma de arma de fogo. Abaixo foto de Oziel, em sua mão apenas arco e flecha.
O caso ganhou repercussão internacional e nacional e o governo saiu em correria para colocar panos quentes depois que outros índios logo em seguida, 3 dias depois da morte de Oziel, se manifestaram no Rio Grande do Sul e em Curitiba. Nesta cidade os índios chegaram a invadir a sede estadual do Partido dos Trabalhadores protestando contra as declarações da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que afirmou que a FUNAI não tem critérios claros no tocante às demarcações de terras indígenas e as suspendeu em todo o território nacional.
O líder caingangue, o cacique Romancil Cretã, que comandava a ocupação da sede do PT estadual na cidade de Curitiba afirmou: “A declaração da ministra incentiva o conflito, leva agricultores e líderes políticos locais a nos confrontarem”.
Voltando a Buriti
A área ocupada pelos terenas tem 3 mil hectares localizados na denominada fazenda Buriti que tem 17 mil hectares, os quais o ex-deputado estadual pelo PSDB, Ricardo Bacha, afirma lhe pertencer e os teria herdado da família no início do século 20. Desde há muito é sabido como muitos grileiros tomaram esta terras na base da bala e de massacres dos indígenas. Bacha, o sortudo, que ‘herdou’ o seu quinhão e junto com os poderosos homens do agronegócio, fazendeiros, alguns até artistas de novelas, gente graúda ligada à soja e à criação de gado, quer limpar a região, vê-la livre dos indígenas, expulsando-os para a cidade de Campo Grande, onde vivem em condições sub-humanas e prestam serviços nas lavouras como mão de obra barata e boias frias para o corte de cana.
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) ligado à igreja católica divulgou que na verdade a fazenda do senhor Bacha está em área que foi declarada terra indígena em 2010 pelo Ministério da Justiça. O governo federal se silencia e se curva diante dos fazendeiros que, aliás, fazem campanha aberta contra as demarcações e em seu cartaz de divulgação da cruzada anti-indígena fazem um X sobre imagem que simboliza os indígenas, sugerindo que sejam riscados do mapa, juntos com a FUNAI. (ver foto acima). Esse movimento é coordenado por ‘Força do Campo “País forte = Agricultura Forte. Não às demarcações”. Ler: (https://www.facebook.com/forcadocampobrasil). Esse movimento conta ainda com o apoio da senadora Katia Abreu. Ver: (http://www.questaoindigena.org/2013/06/senadora-katia-abreu-convoca-produtores.html).
Os índios foram até Brasília por suas terras e pela paz, em resposta o governo enviou as tropas da Força Nacional
Dezenas de caciques e lideres terena foram até Brasília para buscar amparo e justiça. Foram muito bem recebidos pelos Ministros Cardoso e Gilberto Carvalho: que nada lhes prometeu além do envio de ‘tropas pacificadoras’ da Força Nacional.
Quanto à demarcação das terras e sobre o fato de que as terras de Buriti foram declaradas em 2010 terras indígenas, apenas o silêncio. Os índios esperarão. Até quando não sabemos. Mas certamente, se não conseguirem seu objetivo as lutas e conflitos voltarão.
Manter, salvar e estimular o capital e os capitalistas: a lógica dos que viraram as costas aos seus para aliarem-se aos inimigos
Nos morros do Rio as tropas pacificadoras limparam as favelas dos bandidos e as abriram para a especulação imobiliária. Afinal a Copa e a Olimpíada estão chegando e o PAC garantirá o futuro dos grandes empreendimentos que tomarão conta dos morros. No campo, o PAC garante o direito supremo dos grandes agronegócios para exploração de minérios e fornecimento de produtos agrícolas ao exterior (soja, álcool, milho e carne bovina). Os índios, ora os índios, que lhes sejam atiradas miçangas de vidros coloridos e sigam sendo capturados pelas modernas entradas e bandeiras do imperialismo.
Nas terras longínquas de Mato Grosso, a limpeza deve ser feita em favor do agronegócio, dos latifundiários. Nas favelas a ação de limpeza foi e está sendo feita em nome e a favor dos empresários da construção civil, dos banqueiros que ali erguerão suas torres magníficas de aço e vidro que brotarão da terra pacificada onde hoje estão as favelas. O narcotráfico terá clientes mais refinados e abastados. As terras dos caingangues, dos terenas, dos kaiowás, e de todos os grupos indígenas devem servir aos grandes negócios. Esta é a lógica aplicada pelo governo, no qual os indígenas depositaram tantas esperanças.
A luta pelo socialismo na defesa dos direitos dos povos indígenas
O trágico de toda esta história é que tanto os favelados quanto os índios, assim como os camponeses pobres e os trabalhadores urbanos, votaram esmagadoramente no governo Lula, depois fiel depositário de Dilma, patrocinada em segundo plano pela direção majoritária do PT. O trágico é que no passado o PT era pela reforma agrária e seus dirigentes se insurgiam contra a ditadura, contra Collor, Sarney, Collor, FHC, quando os índios eram atacados pelos madeireiros e fazendeiros. Agora, com suas campanhas pagas com dinheiro dos banqueiros, dos latifundiários, grandes construtores e empresários, não demarcam as terras indígenas e lhes oferecem as tropas da Força Nacional. Esse é o preço da aliança do PT com os partidos da burguesia.
Os povos indígenas, para seguirem a luta por seus direitos devem se organizar, em nível nacional e em cada estado, de maneira independente e livre da tutela do Estado, da Igreja e dos partidos ligados à burguesia, se unirem aos trabalhadores na luta pela construção do socialismo e exigir que o PT rompa suas alianças com a burguesia.