No domingo, dia 8 de fevereiro de 2015, um dia depois da festa dos 35 anos de fundação do PT, José Dirceu declara na Folha de São Paulo que se o PT continuar como está ele vai acabar. Zé também declarou que não está propondo uma nova tendência nem nada novo, está apenas respondendo aos que o procuram. Olhando no Blog do Zé, verificamos que há uma crítica à política de juros, à política na Petrobras e à política de câmbio valorizado. O que tem de comum nestas críticas?
No domingo, dia 8 de fevereiro de 2015, um dia depois da festa dos 35 anos de fundação do PT, José Dirceu declara na Folha de São Paulo que se o PT continuar como está ele vai acabar. Zé também declarou que não está propondo uma nova tendência nem nada novo, está apenas respondendo aos que o procuram. Olhando no Blog do Zé, verificamos que há uma crítica à política de juros, à política na Petrobras e à política de câmbio valorizado. O que tem de comum nestas críticas?
Por mais que José Dirceu ataque os bancos e proponha fortalecer os bancos públicos, fechar o capital da Petrobrás e deixar o câmbio flutuar livremente, o essencial é do que ele propõe é um choque de “Keynesianismo” com a manutenção dos incentivos a empresários nacionais para investir no Brasil, combinado com um pouco de guerra comercial através da desvalorização do Real frente ao dólar. Isto resolveria nossos problemas?
José Dirceu está certo quando mostra que os problemas que temos não são de nossa “política interna”, mas que sim, são resultados da crise capitalista que segue em todo o mundo. O problema é que para os “grandes” do mundo, para os capitalistas e banqueiros o que lhes interessa é que ataquem os trabalhadores para pagar os juros. Simples assim, e foi assim que fizeram na Grécia. Zé também está certo ao dizer que se o PT continuar a fazer o que seu mestre mandar, o seu destino será o mesmo do PASOK na Grécia. Mas Zé, que propõe outra política burguesa, não tem coragem, como socialista que um dia diz ter sido, de propor o rompimento com a burguesia e atacar diretamente seus ganhos.
Os trabalhadores e a juventude da Grécia se reuniram em torno de uma pequena fração do KKE (o Partido Comunista Grego) e transformaram o Syriza no maior partido daquele país, dando a ele 149 cadeiras em parlamento de 300. O antigo partido dos trabalhadores gregos, o PASOK, perdeu sua confortável maioria e foi reduzido a pó de traque nas últimas eleições.
Este é o destino que pode estar reservado ao PT, e Zé Dirceu sabe muito bem disso. Mas como ele abandonou o socialismo, ele não tem a coragem de propor uma nova tendência ou um combate no PT para que este retome sua luta original: a luta para acabar com a exploração no País. E no PT todos seguem “órfãos”, sem coragem inclusive de declararem-se contra as medidas do governo Dilma. No máximo, deputados e senadores fazem uma ou outra emenda questionando uma ou outra das medidas propostas por Dilma, mas sem a coragem de erguer a voz e dizer: Basta! Retire essas MPs ou vamos derrotá-las no voto ou nas ruas! O estofo moral da bancada do PT já há muito que ruiu.
A CUT, a central majoritária no seio dos trabalhadores brasileiros e que foi fundada e bancada pelos trabalhadores que se agrupavam no PT, coloca-se contra as MP 664 e 665 de Dilma. Os deputados que tiveram origem na CUT votarão com a Central contra as MP ou com a burguesia contra os trabalhadores? A julgar pelo seu silencio constrangedor, tendem a votar com a burguesia. Isso poderá levar de roldão no furacão que se seguirá, também a Central. Não sabemos se a posição dos dirigentes da CUT será levada até o fim contra as medidas anunciadas por Dilma e contra a abertura de capital da Caixa Econômica Federal. Disso dependerá o futuro da Central. Os furacões estão por vir. Os exemplos da Grécia e da Espanha se desenham no ar. A Esquerda Marxista, quando propõe uma Frente de Esquerda que abra caminho para o socialismo, busca se juntar com a indignação dos trabalhadores, dos sem teto, da juventude, dos desempregados, que querem ver satisfeitas suas reivindicações e sabem que para isso precisam de luta e organização, e que deste governo nada mais podem esperar. (Fim da segunda parte)