A morte de Bruno Covas, o reacionário prefeito de São Paulo, provocou mais distúrbios na mente confusa dos reformistas de todas as cores e serviu de pretexto para aprofundar os laços destes com nossos inimigos de classe. PT, PSOL, PCdoB, Dilma Roussef, Guilherme Boulos e outros prantearam a morte do político burguês. Nós choramos os nossos mortos. A burguesia que vele e chore os seus.
Na Comuna de Paris, esmagada em 28 de maio de 1871, a burguesia fuzilou mais de 40 mil comunards só porque haviam ousado esboçar o primeiro governo operário da história. Nenhum burguês do mundo fez ouvir seu lamento pelos nossos mortos.
Na Revolução Russa a burguesia de 21 países enviou seus exércitos para esmagar os revolucionários e destruir os Sovietes. Nenhum burguês do mundo fez ouvir seu lamento pelos nossos mortos.
Quando assassinaram Rosa Luxemburgo e Karl Liebckniet, nenhum burguês do mundo fez ouvir seu lamento.
Quando executaram Sacco e Vanzetti porque lutavam pelas reivindicações dos operários, nenhum burguês do mundo fez ouvir seu lamento.
Nossa classe tem mártires incontáveis em todos os países. Nenhum burguês do mundo fez ouvir seu lamento pelos nossos mortos.
Quando morrem os revolucionários, nenhum burguês faz ouvir seu lamento. E muitas vezes comemoram abertamente.
É uma vergonha que dirigentes que se reclamam da classe trabalhadora como Dilma e Boulos lamentem a morte de Bruno Covas. Como foi uma vergonha quando Lula, Zé Dirceu e Genoíno foram velar e chorar a morte de Roberto Marinho, dono da Globo e homem da ditadura militar que torturou e matou tantos de nossa classe.
Nós choramos os nossos mortos. Não choramos os mortos da classe inimiga, dos capitalistas que oprimem e exploram a classe trabalhadora, pilham nossas riquezas e vivem como nababos enquanto a classe que tudo produz, suando sangue come o pão que o diabo amassou. Essa minoria que vive às custas do trabalho da imensa maioria que nada tem que chore seus próprios mortos.
A Redação
Bruno Covas implementou o projeto político do seu partido de privatização e destruição aos serviços públicos de saúde, transportes, educação, moradia, assistência social e não deixou de atacar e retirar os direitos dos trabalhadores. Prejudicou e ampliou o abandono e a miséria da população de uma das cidades mais ricas do Brasil.
Os servidores públicos municipais já iniciaram o ano de 2018 em greve, lutando contra o projeto do prefeito de reforma da previdência, e conseguindo suspender o PL da pauta da câmara dos vereadores. Contudo, no dia 26 dezembro de 2018, o PL foi reapresentado, sob forte repressão e agressão policial, com bombas e balas de borrachas contra os servidores. A reforma-Sampaprev foi aprovada e sancionada por Covas, permitindo o aumento do percentual de desconto dos nossos salários, de 11% para 14%, salários estes já corroído pela inflação há anos, ou seja, saímos com -3% no salário como presente de Natal.
Voltamos em greve no ano de 2019 contra o desmonte da previdência e em luta pela revogação da reforma da previdência dos servidores públicos, mas sofremos nova agressão da polícia. O prefeito debochou publicamente dos grevistas, mandando beijinhos sarcásticos para a categoria. Não contente, ainda promoveu o desmonte e precarização na área de assistência social, prejudicando os mais pobres.
Em 2020 os ataques e desmonte aos serviços públicos foram ainda maiores: a prefeitura a mando de Covas promoveu inúmeras reintegrações de posse, no pior momento da pandemia, deixando milhares de famílias na rua; sucateou ainda mais o serviço público de saúde (SUS) com cortes de verbas, com ataques aos direitos trabalhistas dos profissionais e a terceirização através da implantação das OSs (Organizações Sociais); vetou o bilhete único gratuito aos desempregados e tirou a gratuidade do transporte público das pessoas idosas abaixo de 65 anos; sancionou o absurdo aumento do próprio salário em 47%, o do seu vice e dos secretários municipais, enquanto os servidores públicos tiveram seus salários congelados até o fim de 2022.
Em uma ação higienista contra a população moradora de rua, mandou colocar pedras de baixo de viadutos para que essas pessoas fossem tiradas destes locais e não pudessem utilizar o espaço para dormir. Além disso, tratou com bombas e balas os dependentes químicos que vivem na cracolândia, sem oferecer nem um tipo de socorro tanto para questão da saúde ou como de assistência social.
Na campanha eleitoral em 2020 para sua reeleição, distribuiu cestas básicas em bairros carentes, caracterizando compra de votos, e prometeu distribuição de 465 mil tablets e chips para os alunos das escolas públicas realizarem em 2021 as aulas online, que até hoje não chegaram para todos.
Em 2021, impôs a reabertura das escolas públicas, com aulas presenciais em meio a pior fase da pandemia, com mais de 2170 mortes diárias na média dos 4 primeiros meses, num total de 452 mil mortes no Brasil desde o começo das infecções, para cumprir os interesses dos grandes empresários da cidade. E onde nós profissionais da educação nos encontramos a meio a tudo isso? Estamos há mais de 3 meses em greve e o governo não negocia e ainda corta salários da categoria que luta contra a política de morte, em defesa da vida da classe trabalhadora e vacinação em massa para todos.
O ex-prefeito deixa como vice Ricardo Nunes do MDB, base aliada de Bolsonaro. Como o próprio presidente, declara ser contra o ensino de educação sexual nas escolas, defende a anistia de dívidas de igrejas e ano passado foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por ganhar vantagens no superfaturamento de aluguéis de creches conveniadas em São Paulo. Além disso, segundo as investigações, teria irregularidades com os contratos de merenda das creches. O MP investiga improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. Em sua rede social, Covas disse que confiava que seu vice faria um bom trabalho em sua ausência:
“tenho a convicção que nosso vice Ricardo Nunes e nossa equipe de secretárias e secretários manterão a cidade no rumo certo, cumprindo nosso programa de metas e plano de governo…”
Com todas essas práticas de Covas contra os trabalhadores, não temos o que lamentar ou se solidarizar em sua morte como estão fazendo muitos dos partidos de esquerda (PT, PSOL, PCdoB). Os reformistas, ao prestar condolências a um inimigo de classes, tentam esconder a polarização existente entre a burguesia e a classe trabalhadora, tentando amenizar os planos e agendas capitalistas de austeridade, morte e sofrimento da qual Covas era representante. A burguesia continua a enriquecer em plena pandemia, os governos continuam a favorecer os banqueiros e empresários. A burguesia continua com as melhores vagas na educação, na saúde, alimentos, e para os operários sobra a “sorte” de morrer de fome ou de Covid.
Não temos nada a confraternizar e nem lamentar. A luta seguirá com a disposição da classe trabalhadora na implementação de uma sociedade sem explorados e exploradores, na derrubada desse sistema e seus senhores que não têm nada a nos oferecer a não ser a morte e a miséria. A pandemia acentuou as desigualdades gritantes pelo mundo afora; as revoltas e insurgências dos trabalhadores mostram a raiva e ódio desse sistema, na Colômbia, no Paraguai e nos EUA. E é assim que devemos mostrar nosso ânimo para combater esse sistema falido e abrir uma saída revolucionária que transforme essa sociedade em uma sociedade socialista. A nossa solidariedade e pesar aos mais de 452 mil trabalhadores mortos por uma doença para a qual já existe vacina e que foram vítimas do desprezo e ignorados por esta elite em defesa dos seus lucros.