Quando dissemos que o 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, trata-se de uma data de luta deixamos claro que na sociedade do capital nenhuma conquista para o povo negro trabalhador é oferecida pelos exploradores, seja dos abertamente racistas, seja dos que hoje lucram com o punho negro cerrado. E uma demonstração da necessidade de luta e organização cotidiana, inclusive no 20 de novembro, contra as barbáries racistas deu-se no Mineirão, estádio icônico do Brasil, em Belo Horizonte, na partida da 34° rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino entre Atlético-MG e Juventude-RS.
O clube mineiro, que não ergue a principal taça do país desde 1971, está prestes a ser campeão nacional com uma campanha histórica, entretanto, ao mesmo tempo que milhares de torcedores do Galo estavam comemorando no estádio, dois destes perderam a festa por precisarem ir à delegacia devido aos insultos racistas que sofreram. Os jovens negros de 22 e 25 anos relataram que foram agredidos verbalmente por um próprio torcedor de seu clube, ao passo que o clube realizou campanhas contra o racismo no mesmo dia, antes da partida iniciar.
Eles eram de outra cidade, Nova Lima, 40 km da capital, tiveram dificuldades em comprar os ingressos, a van que os levava quebrou no meio do caminho e, por fim, sofreram esse ataque racista, narrado por um dos jovens:
“A gente estava nas escadas que dão acesso às cadeiras. O irmão desse indivíduo deu o braço para ele e o puxou, empurrando minha prima. Ela falou que ele podia esperar para ela sair, foi quando ele falou que passaria por cima mesmo. Não gostamos daquilo e foi quando ele falou: ‘vocês estão olhando o que, macacos?’. Perguntamos o que ele havia dito, mas ele disse que não repetiria, pois a gente chamaria a polícia”.
O racista continuou suas ofensas e depois se dispersou na multidão até ser encontrado pelos seguranças do estádio e a polícia após a queixa dos jovens, que também registraram o Boletim de Ocorrência. Sabemos que legalmente as punições podem até ocorrer em casos isolados e de grande repercussão, mas a vida dos negros é permeada por estes acontecimentos devido a ideologia dominante na sociedade burguesa, que ensina, perpetua e exerce o racismo como forma de exploração e opressão contra a classe trabalhadora. Evidentemente que no futebol e tudo que o cerca isso não seria diferente, como vemos quase todas as semanas.
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A solução para o fim destes crimes não está em adaptações, campanhas privadas ou individuais, muito menos publicitárias no 20 de novembro. No mesmo ambiente do futebol, repercutiu a ação da indústria alemã de artigos esportivos (com origens nazistas), Adidas, que produziu uma camisa padrão de “combate ao racismo” para os clubes que ela patrocina. Mas, na realidade, isso não significa nada até mesmo financeiramente para o torcedor que queira usar uma camisa de seu clube com uma manifestação antirracista, porque cada camiseta desta custa cerca de R$ 350,00.
Apenas a organização e luta de toda a classe trabalhadora contra este sistema de morte e opressão que é o capitalismo será capaz de realmente combater o racismo. Não são as teorias e ações racialistas ou de “inclusão” que cumprem esse papel, mas sim a militância guiada pelo marxismo e pela revolução socialista, capazes de transformar toda a sociedade e varrer para o lixo da história o racismo e toda a forma de exploração. Isso será plenamente possível a partir da construção de uma sociedade livre destes elementos nefastos e que proporcione a permanente festa e a alegria de um gol, como os jovens atleticanos queriam sentir neste último 20 de Novembro.