Um ano após a sua constituição, o Movimento Negro Socialista (MNS) realizou o Ato 13 de Maio e a sua Segunda Reunião Nacional. Veja as resoluções
A segunda reunião nacional do MNS reuniu 45 delegados vindos de 5 Estados (SP, RJ,SC, PE e MT) e 18 cidades.
Um excelente resultado para um domingo que neste ano caiu no Dia das Mães.
Os trabalhos iniciaram às 11h com o ato “Lutar pela Igualdade, Combater o Racismo”.
A mesa do ato foi composta por José Carlos Miranda (MNS), Roque Ferreira (MNS), José Roberto Militão (advogado) e Demétrio Magnoli (geógrafo e sociólogo).
Ainda recebemos uma carinhosa saudação da prof. Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de janeiro. O ato teve uma participação entusiasmada dos delegados presentes à discussão sobre o período anterior à abolição. As revoltas onde participaram escravos , e x -escravos, abolicionistas e a embrionária classe trabalhadora na luta pelo fim da escravidão foram elucidativas para o entendimento dos delegados sobre a luta contra o racismo e pela igualdade.
No período da tarde realizou-se a reunião nacional do MNS. O plenário se dividiu em grupos para discutir três propostas de resoluções: Carta de princípios, Como organizar o MNS e Programa de ação. Os relatórios dos grupos foram ao plenário, que após discussão e emendas, foram aprovados por unanimidade. Ainda foi eleita a nova Coordenação Nacional.
Vejam principais as principais resoluções (trechos):
Carta de princípios: …Constituído em 13 de Maio de 2006 em São Paulo, o comitê por um Movimento Negro Socialista (MNS) é fruto da discussão entre antigos militantes socialistas e negros preocupados com o rumo da discussão sobre o combate ao racismo, a relação com a luta de classes e a luta pela libertação de todo povo oprimido no Brasil e no mundo. O MNS denuncia que o sistema capitalista se estrutura na divisão de classes da sociedade, usa as diferenças raciais aumentar a exploração e oprimir a maioria do povo negro. O MNS afirma que o combate conseqüente
contra o racismo e todas as formas de discriminação e preconceito racial só poderão ser totalmente eliminados com a revolução socialista.”
O MNS rejeita a participação de seus membros em organismos, secretarias e comissões institucionais (governamentais ou não), que desenvolvam projetos políticos financiados por instituições nacionais e internacionais de caráter público ou privado, que desenvolvam a políticas de colaboração de classes.
O MNS reafirma que o atual modelo econômico baseado nas políticas ditadas pelo capital financeiro nacional e internacional é incompatível com o atendimento das reivindicações das grandes massas oprimidas, dentre elas os negros e pobres das periferias do Brasil.
O MNS combaterá ombro a ombro com todas as organizações da classe operária para a construção de um verdadeiro Governo dos Trabalhadores da Cidade e do Campo que realize investimentos maciços nos serviços públicos: saúde, educação, saneamento básico e moradia popular. Um governo que acabe com a ditadura da Lei de Responsabilidade Fiscal que esmaga os estados e municípios, sangrando seus recursos para a impagável divida externa/interna. Um Governo que faça uma verdadeira Reforma Agrária e demarque as terras remanescentes de quilombos, estatize as fábricas ocupadas, retire a reforma da previdência e trabalhista. O MNS se solidariza com as lutas em todos os cantos do planeta contra a opressão e a exploração.
Junte-se a nós, construa um núcleo do MNS em seu bairro, escola, fábrica em sua cidade.”
Programa de ação imediato:
– Fora as tropas do Haiti. Articular a mais ampla frente para exigir do governo federal o retorno imediato das tropas brasileiras do Haiti
– Fim da violência policial. Em conjunto com todos setores da sociedade, denúncia da grave situação da juventude negra e pobre das periferias do país que diariamente sofrem com a violência policial.
– Creche em período integral para todos. Participar e impulsionar ativamente das campanhas em conjunto com o movimento popular.
– Continuidade da campanha contra a aprovação dos projetos de Lei das cotas e o chamado Estatuto da Igualdade Racial, que estão em tramitação no Congresso Nacional.
– Realização de debates, palestras e seminários sobre o racismo e a luta pela igualdade em conjunto com o lançamento do livro Divisões Perigosas, onde somos co-autores com intelectuais, artistas e outros setores da sociedade, que alerta os perigos dos projetos de cotas e o estatuto.