Imagem: Fernando Frazão, Agência Brasil

Sebastião Salgado – um gigante do nosso tempo

“A arte da paisagem não poderia ter nascido no Saara” (Trotsky)

“Eu não sou artista coisa nenhuma, eu sou fotógrafo” (Sebastião Salgado) 

No último dia 23 de maio, faleceu o fotógrafo brasileiro Sebastião Ribeiro Salgado Júnior, o Tião. Perdemos o fotógrafo e nasceu um clássico da arte brasileira e universal. Como disse Ítalo Calvino, clássicos são obras que “… exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.” Não há dúvida de que o patrimônio cultural e histórico deixado por Sebastião Salgado carrega essa magnitude, e que o fotógrafo se torna agora o artista gigante — e, por termos seus ombros, podemos enxergar mais longe. Reconhecido nos quatro cantos do globo, foi membro da Academia de Belas-Artes de Paris e recebeu dezenas de prêmios ao longo da carreira. Entre eles, destacam-se o Prêmio Jabuti1, na categoria reportagem, concedido entre setembro e novembro de 1998 pelo livro Terra — dedicado ao MST —, realizado em parceria com José Saramago, Nobel de Literatura também em 1998, e Chico Buarque de Holanda, compositor e escritor brasileiro de renome internacional, e o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, recebido em outubro do mesmo ano.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944, em uma fazenda no interior de Minas Gerais, Brasil, Sebastião, em seus primeiros anos de vida, teve uma infância conectada à natureza, à simplicidade da vida rural, mas, como dizia seu pai, sem nenhuma dificuldade financeira. Ainda muito pequeno, vai para a cidadezinha mineira de Aimorés. Mas, longe de se contentar com os limites de uma fazenda de café ou da pequena cidade, Sebastião desbravou o mundo — buscava, como diz o poeta José Régio, o longe e a miragem, os abismos, as torrentes, os desertos. Sabia que a arte da paisagem não nasce no deserto, a experiência e a teoria foram marcas indeléveis da trajetória de Sebastião.  Saiu do interior do Brasil e viajou por mais de 120 países ao longo de sua carreira, desbravou o inexplorado, conheceu centenas de povos, viu de perto a dor, a morte, as belezas, e captou, com suas imagens, os mais profundos sentimentos humanos.

Não há dúvida de que o patrimônio cultural e histórico deixado por Sebastião Salgado carrega essa magnitude, e que o fotógrafo se torna agora o artista gigante / Imagem: Javier Perez Montes

Já na adolescência, estudou em Vitória, no Espírito Santo, e a solidez de seus estudos começou a tomar forma. Em entrevista a Drauzio Varella (2016), o fotógrafo relembra os choques de sua formação e relata que o primeiro grande impacto foi a saída da zona rural para a urbana. Na fazenda do pai conviviam 35 famílias, mas, segundo Sebastião, todos viviam em condições semelhantes: todos tinham uma casa, as crianças frequentavam a mesma escola e comiam, mais ou menos, as mesmas coisas; conviviam de forma equilibrada. Em Vitória, no Espírito Santo, a realidade era totalmente diferente. Um grande êxodo rural estava em andamento, com a chegada de empresas automobilísticas ao Brasil, e Sebastião se deparou com diferenças sociais cruéis. Trabalhou como auxiliar de mecânico em uma empresa da Ford e, depois, em uma livraria para complementar a renda, já que o pai não conseguia cobrir todos os custos de sua permanência na cidade grande. Foi nesse momento que Sebastião começou a perceber as desigualdades sociais no mundo. Ali constata que o êxodo rural, em geral pessoas muito pobres indo para a cidade, era a constituição massiva do proletariado brasileiro. É em Vitória que participa dos primeiros agrupamentos de esquerda, que conhece os partidos políticos. Formou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Nessa época, conhece a esposa, Lélia, companheira de toda a vida e companheira de seus projetos, é nesse momento que conhece também o marxismo. 

Lélia e Sebastião vão para São Paulo. Sebastião faz mestrado na Universidade de São Paulo (USP), no Instituto de Pesquisas Econômicas (IPE), à época havia uma seleção de vinte nomes para o curso e ao concluir o curso entravam na economia brasileira e mundial. Havia uma necessidade de constituição de quadros políticos e especialistas em todas as áreas de conhecimento nesse período. Grandes nomes da política brasileira conviviam ali. Salgado relembra de figuras com as quais militou ao lado, como José Dirceu. Na USP, teve uma militância ativa. Ao longo de sua trajetória fez parte de duas organizações políticas: a Ação Popular, nos anos 60, e a Aliança Libertadora Nacional, cujo principal dirigente era Carlos Marighella, nome que irá ajudá-lo quanto esteve na Etiópia e conseguiu aproximação com os dirigentes rebeldes porque disse que conhecia Marighella:

“Um grupo de refugiados no norte da Etiópia… uma zona de guerra eternamente…acabei ficando mais de três meses aí e acabei viajando por todos os lados. Eles me isolaram muito no início, aconteceu uma história muito interessante… O movimento Tigray Left [Frente Popular de Libertação de Tigré] … era um movimento muito radical, político radical de esquerda. Eles me isolaram muito. Um dia estavam numa pequena reunião, uma cúpula do partido, eu vi que eles tinham um livrinho, quando eu olho o livrinho, quando eu olho o livro… Tática de guerrilha, Guerra de Guerrilha… do Marighella. Eu falei, olha, eu sou do Brasil, conheci o personagem, eu comecei a conversar com eles… foi a partir daí que eu pude realizar esse tipo de fotografia…” (Programa do Jô Soares, 2013)

Em entrevista ao Estadão, relata que ajudava a financiar a organização política da qual fazia parte com seu trabalho de economista.

Durante os combates à Ditadura Militar, resolvem, ele e Lélia, deixar o Brasil e ir para a França — num exílio mais ou menos forçado, como costumava dizer. Ou seja, deixou o país antes que as consequências de sua militância política fossem irremediáveis. 

“Chegou um momento que foi necessário sair do Brasil ou entrar na clandestinidade, foi um momento muito duro. Depois do AI-5 em dezembro de 68, a situação ficou muito dura e muito tensa, a repressão foi muito dura no Brasil…”  (Sebastião Salgado, 2016). 

Concluiu seu doutorado em Paris, na Universidade de Paris (Sorbonne). 

Para o jovem economista, a chegada na França foi um momento especial. Nem ele e nem a companheira tinham bolsa de estudo, trabalhavam para se sustentar, ele descarregando caminhões numa cooperativa de estudantes e ela no caixa da mesma cooperativa. Sebastião enfatiza que tinha que estudar muito porque estava em um dos cursos mais difíceis da universidade à época, a École nationale de la statistique et de l’administration économique (ENSAE), explica que o curso era muito difícil, porque se tratava da aplicação de modelos matemáticos na economia. Mas, mesmo assim, participavam de grupos de formação marxista, era a França de 69, impossível que não fosse assim. É essa formação que Salgado considera o diferencial para sua obra: 

“…meus colegas fotógrafos, eram excelentes fotógrafos, enquadravam muito bem e tudo, mas eles não conseguiam se colocar dentro de uma perspectiva histórica da sociedade que eles viviam… eu tinha a capacidade de fazer uma análise rápida da sociedade, da economia e tinha uma capacidade de síntese…” (Sebastião Salgado, 2016) 

Salgado detalha a formação e o impacto de sua formação em economia e a formação política como o que garante a coerência ideológica de sua obra. 

Na França começa um promissor trabalho como economista para a Organização Internacional do Café (OIC). É a partir desse trabalho que inicia suas viagens pelo mundo. 

Durante o doutorado, Sebastião muda sua trajetória. Através da esposa, Lélia Wanick Salgado, que cursava Arquitetura na Escola de Belas Artes e havia comprado uma câmera fotográfica, Sebastião olha, pela primeira vez, através das lentes para um besouro — e conta que isso modificou a sua vida. Três anos após aquele fatídico dia, passa a se dedicar a essa nova profissão, que o empolgava mais do que os relatórios da área de Economia.

“…meus colegas fotógrafos, eram excelentes fotógrafos, enquadravam muito bem e tudo, mas eles não conseguiam se colocar dentro de uma perspectiva histórica da sociedade que eles viviam…” / Imagem: Jean BIGUE, Flickr

Como vimos, é muito evidente em suas entrevistas que tinha consciência de que sua formação foi o que contribuiu para olhar o mundo com outros olhos e registrar momentos tão marcantes na história. Com isso, fica evidente que a obra de Sebastião Salgado norteou-se por um ponto central: o amor profundo à humanidade. Disso não há dúvidas e, inclusive quando afirma estar desesperançoso com ela, a humanidade, não consegue esconder seu profundo amor. Sua obra é o próprio grito da Comuna de Paris “Estamos aqui pela humanidade”, influência direta de seu conhecimento do marxismo e ele tinha plena consciência disso.  

Por outro lado, ainda que sua obra não fuja em nenhum momento da preocupação social com os oprimidos do mundo e do amor pela humanidade, seus preceitos políticos são confusos ao longo da vida: de um apoiador da guerrilha a um ecologista crente nas instituições e descrente da transformação social — contradições insolúveis, mas que, de alguma maneira, se explicam quando olhamos para seu legado. O legado de quem viu e registrou sozinho, sem uma organização política, a ditadura brasileira, a fome, a morte, a guerra, a luta, a doença, atrocidades de toda natureza e, também, a degradação ambiental em larga escala. 

“Talvez nossa reflexão deva começar por aí: Pelo fato de que nossa sobrevivência está ameaçada. O Novo Milênio é apenas uma data no calendário de uma das grandes religiões, mas pode ser ocasião para fazermos um balanço. Temos a chave do futuro da humanidade, mas para poder usá-la temos que compreender o presente. Essas fotografias mostram parte desse presente. Não podemos nos permitir desviar os olhos.” (Sebastião Salgado, 1999)

O certo é que, desde muito cedo, Salgado tinha uma visão de mundo atenciosa aos problemas sociais e sabia que era preciso estar no lugar certo e encarar de frente os grandes acontecimentos da história, pois, como explicou Engels sobre Feuerbach, o isolamento nos limita de todas as formas: 

“Quem, porém, aqui, no terreno social, não marchava “para a frente”, e não conseguia superar suas posições de 1840 e 1844, era o próprio Feuerbach; e isto principalmente pelo isolamento em que vivia e que o obrigava – a um filósofo como ele, mais que nenhum outro dotado para a vida social – a extrair ideias de seu cérebro solitário, em vez de criá-las através do contato e do choque com outros homens de seu calibre.” (Engels, Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã, publicada em 1886) 

Sebastião Salgado esteve disposto durante toda sua carreira a se socializar, ainda que sem um partido, se o homem Sebastião era, por vezes, confuso ou desesperançoso politicamente, sua obra é inquestionavelmente de combate, não um combate estéril ou didático, mas um combate com perspectiva, um combate da beleza humana, da raça humana, da força humana. Com uma profunda técnica específica e de um conhecimento de mundo assustador, Sebastião desabrocha em cada imagem de maneira ímpar, um gênio da fotografia. Sua obra é um grito pela nossa classe, a classe trabalhadora. Sua arte pertence aos oprimidos do mundo e comprova que não temos barreiras e que o sistema é quem oprime, seja no Brasil, seja na Bolívia, seja na Etiópia. 

A exemplo de grandes nomes do jornalismo e da fotografia que produziram obras de arte de valor ímpar, como Hemingway, John Reed ou o fotógrafo Robert Capa, tal qual esses homens, Sebastião queria estar onde o coração pulsava mais forte. Não poupou tempo em conhecer profundamente cada lugar que visitava, tanto do ponto de vista histórico, já que era um estudioso contumaz, quanto para compartilhar a vida com os povos de cada lugar que fotografava. Trabalhou e teve acesso a grandes nomes como Eric Lessing, George Rodger, Cartier – Bresson, Peter Marlow e tantos outros. Exemplos não lhe faltaram.  

Aos nossos olhos, a obra de Sebastião Salgado pode ser dividida em duas grandes fases. Uma primeira fase: a de um homem conhecedor da história, da luta de classes, do marxismo, com a certeza de que quem move o mundo são os trabalhadores — preocupado em registrar a vida, o sofrimento dessas pessoas para todo o sempre, sustentado pela fé inquebrantável na humanidade.

Sebastião Salgado atinge seu ápice com o projeto Gênesis, no qual o poeta da fotografia está plenamente lapidado / Imagem: cvpts, Flickr

Uma segunda fase: a de um homem marcado pelo que viu ao longo da vida e, de alguma maneira, com a insegurança de que nosso destino seja a barbárie. Centralmente, Sebastião Salgado fala da guerra como a expressão mais dolorosa e alimentadora da desesperança. Como Mercedes Sosa, comungava da ideia de que a guerra “é um monstro grande e pisa forte / toda pobre inocência desta gente.”

Seja na fase com uma perspectiva, expressa também nas palavras do fotógrafo, seja na fase desesperançosa, o trabalho é espetacular — um homem erudito, que tem um olhar peculiar sobre cada questão humana; tal qual o dramaturgo Terêncio, nada que é humano lhe era estranho.

Na fase mais desesperançosa, podemos dizer que Sebastião chega ao seu ápice técnico, com o encontro entre o Arco e a Lira, de Octavio Paz — ou seja, da técnica e da poética — o Caravaggio da fotografia mundial. Tornou-se mundialmente conhecido como o fotógrafo do preto e branco ou, como ele próprio gostava de dizer, o fotógrafo da abstração. Quando começou a fotografar, nos anos 1970, realizou diversos trabalhos em cores, mas, com o tempo, passou a desenvolver uma abordagem muito particular com o preto e branco. Após um trabalho para a revista Life, no final dos anos 1980, sobre o aniversário da Revolução Russa, decidiu fotografar exclusivamente em preto e branco. Profundo conhecedor de todas as técnicas fotográficas e de todo o processo de produção, Sebastião acompanhou a evolução tecnológica e incorporou o digital à sua obra, mantendo-se na vanguarda da fotografia. Em nossa avaliação, atinge seu ápice com o projeto Gênesis, no qual o poeta da fotografia está plenamente lapidado.  (Paula, 2013)

E, se a esperança do homem Salgado era pequena nos últimos anos da sua carreira, a força da sua obra continuará dando perspectiva, pois mostra a força humana como nunca antes vista em fotografia e de maneira a unificar os oprimidos, a humanidade.

Quando fica sabendo que Portugal derrotou a ditadura na Revolução dos Cravos, não pensa duas vezes e, junto com Lélia e seu primeiro filho de apenas quatro meses, vai de Paris a Portugal para registrar os dias após a Revolução. Salgado afirma na reportagem especial “Flores em fuzis – 50 anos da Revolução dos Cravos” (2024) que foi aprender o que era fotografar e fazer uma reportagem com a revolução portuguesa, Portugal também foi para ele uma escola de fotojornalismo. Daí em diante, grandes projetos marcam a obra de Salgado. 

No primeiro grande projeto autoral de Salgado, chamado “Outras Américas” (1986), ele documentou a vida de camponeses e indígenas na América Latina entre 1977 e 1984. Alan Riding, no prefácio de “Outras Américas”, discorre sobre o quanto a fotografia de Salgado constrói outra geografia para as Américas, as imagens mostram outras linhas divisórias, linhas mais delicadas, por vezes desaparecidas, que muito mais unificam do que separam, pois são linhas demarcadas pelo Capital, mas não da divisão territorial e sim pela pobreza e sofrimento desses povos. A denúncia da pobreza a que os povos são submetidos é o mote. Riding explica que Sebastião rompe com o romantismo acerca da questão indígena e aproxima o trabalhador rural e a questão indígena, analisando a profundidade das imagens sob o olhar de Sebastião Salgado. A dimensão do projeto é dada pelo próprio fotógrafo: 

“Percorri a universalidade desse mundo apartado, viajando do litoral tórrido do Nordeste brasileiro às montanhas do Chile e daí à Bolívia, ao Peru, Equador, Guatemala e México.” (Em Outras Américas – 1986)

Em “Sahel: O Homem em Agonia” (1986), feito em parceria com a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, Salgado mostra a seca e fome em países como Etiópia, Mali e Sudão. Essa foi uma das obras de grande impacto na carreira de Salgado, na qual acompanhou a trajetória do povoado que saiam em busca de comida e água da Etiópia ao Sudão. Nesse percurso acompanhou pais enterrando filhos por desnutrição, fome. Doenças infecciosas devastando povos, doenças que já estavam erradicadas em outros cantos do mundo. Este trajeto o fez ter certeza que o que ele queria fotografar era a luta pela vida, a resistência dos povos. A profundidade dos estudos de Sebastião o levou a escrever sobre a poliomielite – o Brasil foi o primeiro país do mundo a erradicar essa doença e, após essa erradicação, Sebastião viu a doença matar milhares de crianças pelo mundo. Em “O Fim da Pólio”, Sebastião recorre a Kofi Annan que afirma: “proteger uma criança da pólio é tão fácil quanto protegê-la da chuva: trata-se de colocá-la sob o equivalente médico de um guarda-chuva.” Sebastião tinha consciência de que o que estava matando uma população inteira era o sistema e, além de registrar em fotos, faz seu manifesto político contra um ato simples que poderia salvar milhares.

No seu projetoTrabalhadores” retrata garimpeiros de Serra Pelada; cortadores de cana; trabalhadores de docas, minas e estaleiros. 

Feitas entre 1986 e 1992, as imagens entregam mais que um retrato histórico, mostra que são os trabalhadores que tem o principal papel na construção do mundo. Os registros incluem imagens de garimpeiros da Serra Pelada, no Brasil, pescadores de atum da Sicília, na Itália, construtores de barragens na Índia e até operários combatendo incêndios em poços de petróleo no Kuwait. Uma semana antes da sua morte, Sebastião Salgado se pronunciou sobre a exposição dessa obra que ia inaugurar na semana seguinte, ele diz o seguinte:

“Eu tinha que prestar homenagem a esse trabalho que estava em meu coração, que era a razão de meu ativismo político e do que acreditava ser o mundo da produção.”

Esse projeto foi uma decisão entre ele e a esposa Lélia: 

“Com a Lélia, nós tomamos a decisão que nós iríamos fazer um trabalho baseado na teoria do Marx sobre o trabalho produtivo que me motivava extremamente…um retrato do mundo do trabalho…” ( 2011-1012) 

Destacamos, neste trabalho, as fotos de Serra Pelada2 no Brasil. Esse lugar foi o maior garimpo a céu aberto do planeta, por lá devem ter passado entre 60 a 90 mil homens em busca da riqueza a partir do ouro. O garimpo funcionou de 1979 até 1992. Hoje, a extração na região é concedida à Vale (uma das maiores indústrias de mineração do mundo, privatizada em 1997, antes chamada de Vale do Rio Doce, a empresa está na região em que Sebastião passou a infância). 

Serra Pelada era o “Inferno de Sebastião”, a versão viva, para o Brasil, da imagem dantesca. Sebastião ficou aproximadamente um mês em Serra Pelada, sujeito às mais tenebrosas condições, de doenças a assassinatos / Imagem: Paulina Aguilera, Flickr

Apesar de existir um  projeto específico “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada” que só veio a público organizadamente em 2019, as fotos de Sebastião Salgado povoaram o imaginário da população brasileira durante décadas e fizeram parte, primeiramente, do projeto “Trabalhadores”. 

Serra Pelada era o “Inferno de Sebastião”, a versão viva, para o Brasil, da imagem dantesca. Sebastião ficou aproximadamente um mês em Serra Pelada, sujeito às mais tenebrosas condições, de doenças a assassinatos. No garimpo não era permitido a entrada de mulheres, nas fotos e imagens televisivas da época era possível ver homens, meninos, idosos, homens com deficiência física, todos, em condições subumanas. Sob a supervisão estatal e sem qualquer direito, os trabalhadores se multiplicavam dia após dia em busca de ganhar muito dinheiro naquele inferno que foi a Serra Pelada. Em torno do garimpo estavam as mulheres, algumas envolvidas na alimentação e em todo o comércio irregular, outras envolvidas na prostituição. Sebastião foi autorizado pelo governo brasileiro a fotografar, mas, por certo, havia algumas proibições, pois não há o registro ou menção de nenhuma mulher no projeto de 56 fotos. Talvez as imagens de Serra Pelada foram a expressão mais acabada do impacto que Sebastião Salgado produziu com sua obra no Brasil nos anos 80.  Era difícil que alguém com acesso à televisão não reconhecesse Serra Pelada, tamanha era a força das imagens de Sebastião Salgado, exibidas nos noticiários de norte a sul do país.

Em 2013, em entrevista no programa Jô Soares, Sebastião Salgado relata como foi o tempo que passou no garimpo. Na ocasião, fala do uso indiscriminado de mercúrio jogado nos rios e da infecção intestinal que sofreu por conta desse metal pesado, infecção que durou quase seis meses e fundamentalmente destaca as condições subumanas dos trabalhadores. 

Quando Sebastião retornou ao Brasil em 1997, pegou o carro emprestado de uma das suas seis irmãs e saiu de viagem para o nordeste, onde retratou a vida daquela população. As fotos mostram enterros, comércios que tinham desde caixão para alugar até sapatos, semblantes de uma população sofrida e forte. Sebastião afirma no documentário “Sal da Terra” (2014) que ali a vida e a morte andavam muito próximas. A seca, o êxodo rural e a miséria foram retratados por diversos artistas gigantes de nosso país, é um tema recorrente na arte brasileira. Graciliano Ramos nos mostra na palavra a alegria de imaginar que pode encontrar comida:  “Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar”. Portinari nos dá uma pintura, “Os Retirantes”. Luiz Gonzaga canta o êxodo rural, a pobreza, a tristeza profunda: 

“Que braseiro, que fornaia’
Nenhum pé de prantação’
Por farta’ d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão…”

E Sebastião Salgado entra pra nossa história como o homem que melhor fotografou a seca, a fome, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. A sua maneira nos explica profundamente o Movimento, seu surgimento como força política, impulso combatente pelo fim da ditadura militar em razão do sofrimento humano. 

‘’São pessoas de uma grande força moral, de uma grande força física, embora sejam muito fracas, mal alimentadas.’’ (Sal da Terra, 2014)

Sebastião Salgado teve uma relação de décadas com o MST, sendo, sem dúvida, a organização política brasileira com a qual manteve maior proximidade durante toda sua carreira. O livro Terra, lançado em 1998 em parceria com José Saramago e Chico Buarque, foi produzido a pedido da editora Companhia das Letras, em comemoração ao seu décimo aniversário.

O envolvimento de Sebastião com a causa dos trabalhadores rurais sem terra para construção do livro “Terra” teve início em 1980, quando o Movimento ainda não estava oficialmente constituído — o primeiro Encontro Nacional do MST só ocorreria em 1984, na cidade de Cascavel, no Paraná. A figura do trabalhador do campo sem acesso à terra, no entanto, remonta ao período da colonização do país, intensificando-se durante a Ditadura Militar e culminando no surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Sebastião fotografou o Movimento durante 16 anos em vindas ao Brasil e o resultado é o livro “Terra”. 

 “O Movimento sem Terra pra mim é quase que a última válvula de retenção de populações no campo, porque é um fenômeno que ta existindo no mundo hoje… E no Brasil, o Movimento sem Terra é um movimento muito original, porque é muito difícil você aglutinar o pessoal do campo, principalmente num país grande como o Brasil…você conseguiu uma organização que chega a coordenar uma grande parte desses trabalhadores do campo e lutar com eles na perspectiva de ficar no campo, de ter a terra…eu vim fazer essa história que essa história também é importantíssima no meu trabalho…” (Programa do Jô – 1997) 

Em carta a família de Sebastião no último dia 23, o Movimento relembra o significado do livro “Terra”:

“Ocupamos espaços da classe trabalhadora, corredores de universidades, estações de metrô, museus, casas de artes, ruas, parques… Todos os espaços ocupados não mais por “deserdados da terra”, mas por sujeitos que constroem pontes para que os sonhos se tornem realidade. E assim, em cada exposição, lá estavam os maiores valores humanistas e socialistas, o internacionalismo e a solidariedade de classe, concebidos e materializados pelos olhares de Sebastião, Lélia, Chico e Saramago.” (página do MST – 23/05/2025)

A experiência do êxodo de populações inteiras é recontada em outra dimensão, com os movimentos no projeto “Êxodo”, do ano 2000. Ali, Salgado amplia o retrato para o mundo. Durante seis anos, percorreu mais de 40 países para registrar os migrantes, refugiados e deslocados. Suas fotos revelam como os sujeitos do êxodo são despojados não só de bens materiais, mas também de sua identidade, de sua cultura e de sua autonomia, que nos faz lembrar do que Marx e Engels já haviam explicado no “Manifesto Comunista”, ao dizer que “tudo que é sólido desmancha no ar”.

É no projeto “Êxodo” que Sebastião se encontra com o mais duro que seu olhar suportava. Entre os marcos desse grito está o genocídio em Ruanda de 1994. 

“O horror assumira proporções tamanhas que as pessoas estavam anestesiadas até mesmo para a ideia da morte.” (Sebastião Salgado, Êxodo, 1999)

As consequências desse que foi um dos maiores genocídios do século XX não acabaram aí,  Sebastião seguiu seu rastro e, em 1997, visitou novamente a região:

“…rebeldes apoiados pelos Tutsi desencadearam uma investida bem-sucedida contra a ditadura perpétua de Mobutu, e centenas de milhares de refugiados Hutu haviam fugido para as selvas da África Central. Por algum tempo, o resto do mundo perdeu seu rastro. Quando os encontrei, o desespero era total. Muitos – sabe-se lá quantos – haviam sido assassinados, outro tanto morrera de fome e doença. Mesmo assim, o instinto de sobrevivência os levava a continuar avançando, fugindo.”  (Sebastião Salgado – Êxodo – 1999)

Após presenciar os horrores do genocídio em Ruanda e das guerras fratricidas na ex-Iugoslávia, Sebastião Salgado mergulhou em uma profunda depressão. Sua saúde física se deteriorou e ele chegou a parar de fotografar por um lapso de tempo. Mais do que tudo, perdeu a fé na transformação social. Passou a acreditar que a humanidade está condenada, que a barbárie é inevitável e que a nossa extinção como espécie é apenas uma questão de tempo.

Os acontecimentos que levaram Sebastião Salgado ao desânimo culminaram com o envelhecimento de seus pais. Nesse momento, surgiu — por iniciativa de sua companheira, Lélia — a ideia de reflorestar a fazenda e a região onde ele havia passado a primeira infância. Assim nasceu o Instituto Terra.

Ao longo de sua carreira, Sebastião foi financiado por empresas, grandes companhias de imprensa e esteve vinculado a ONGs voltadas a programas humanitários. No entanto, a descrença na humanidade o levou a adotar uma outra perspectiva política. Até então, era um trabalhador e grande artista que recebia por seu trabalho. A partir dessa desilusão com o futuro da humanidade, passa a fundar uma Organização Não Governamental que, por consequência, assume funções que deveriam ser do Estado, atuando — como ele próprio afirma — com a ajuda de todos na recuperação do planeta. Para ele, o que permanecerá é o planeta.

Não é preciso dizer que há uma discordância profunda com essa nova fase, do ponto de vista político.

O fato de acreditar que a humanidade está condenada o leva ao Gênesis.

Em “Gênesis” (2013), com o tema ‘a beleza natural e primitiva do planeta terra’ fotografou a Antártida, a Amazônia, desertos da África, tribos isoladas e florestas intocadas. Um trabalho de uma sensibilidade ímpar e de uma beleza espetacular. Retomando a ideia da busca pelo novo, esse projeto vai em busca do desconhecido. Sebastião Salgado foi duramente criticado em virtude do financiamento desse projeto. 

Como dissemos acima, a confusão política de Sebastião trazia algumas contradições, o século XXI é outra fase de Salgado e aqui a falta de perspectiva pela transformação social profunda, traduzida em suas palavras pela “descrença na humanidade”, o faz se voltar ao ecológico e Sebastião recebe financiamento da Vale, empresa privada de mineração responsável pelas tragédias de Mariana e Brumadinho. Em 2019, quando perguntado em uma entrevista se ele arrependia-se de ter recebido o financiamento, responde que não e faz um discurso sobre a necessidade de conciliar o público e o privado, ainda que critica a Vale, dizendo que hoje essa empresa é outra, diferente da época em que ele recebeu o financiamento. Nitidamente, uma confusão política. 

Em “Gênesis” (2013), com o tema ‘a beleza natural e primitiva do planeta terra’ fotografou a Antártida, a Amazônia, desertos da África, tribos isoladas e florestas intocadas. Um trabalho de uma sensibilidade ímpar e de uma beleza espetacular / Imagem: Carmen Alonso Suarez, Flickr

“Gênesis” foi e continua sendo o maior projeto de Sebastião Salgado. Isso porque esse projeto, além dos oito anos de trabalho viajando o mundo e fotografando os lugares mais ermos do planeta, está entrelaçado com o Instituto Terra, um reserva natural protegida, considerada privada, sem fins lucrativos, que é um projeto ambiental de restituição da Mata Atlântica brasileira. Em entrevistas (2015), Sebastião e a esposa Lélia explicam o quanto esse projeto foi difícil. Mais uma vez, independente da nossa crítica à questão política, evidentemente à forma e não ao conteúdo,  o que se pode observar dessa ação é a profundidade do conhecimento econômico, ambiental e em diversas outras áreas do conhecimento presentes em Sebastião Salgado. Obviamente, a ação é belíssima do ponto de vista ambiental, deixa um legado de comprovação da possibilidade de reconstituição da natureza pelo homem, um patrimônio científico real com a maior viveiro de plantas nativas do Estado de Minas Gerais, trabalho de educação ambiental e de desenvolvimento de pesquisa com relação a recuperar nascentes e um reflorestamento gigantesco, quando pensado na ação de uma única instituição. Reconhecemos o valor científico do projeto, mas é de um notório idealismo político quando deposita a esperança em grandes ações individuais, financiadas pelos próprios destruidores (grandes empresas) ao invés da necessidade coletiva da luta pela  transformação social. 

 A continuidade de “Gênesis” é o projeto “Amazônia”. Os dois estão entrelaçados pela questão ambiental na fotografia e pelo foco na questão ambiental na vida real, o Instituto Terra (ONG).

Sebastião Salgado foi, acima de tudo, um contador de histórias visuais. Seu olhar era de uma profunda empatia com os povos que retratava. Salgado não fotografava a miséria, ele fotografava a luta por dignidade, a resistência pela vida. Essa imagem sobre a humanidade é um guia para os comunistas. 

Não comungamos das mesmas ideias políticas de Salgado, nem no que diz respeito às suas primeiras expressões, a guerrilha, nem com a crença nas instituições na sua trajetória e menos ainda com a política de substituição do Estado por ONGs e trabalhos voluntários. O nosso ponto de encontro é com um homem que produziu uma das maiores coleções de fotos, de indiscutível valor estético, dedicada única e exclusivamente aos oprimidos do mundo, aos trabalhadores, aos povos esquecidos, aos que sofrem com a guerra e a opressão nos quatro cantos do mundo. Neste ponto, perdemos um grande companheiro da nossa causa: a transformação social e a construção da sociedade que certamente Sebastião vislumbrava, sem opressores e sem oprimidos. 

Sebastião Salgado não fotografava a miséria, ele fotografava a luta por dignidade, a resistência pela vida. Essa imagem sobre a humanidade é um guia para os comunistas / Imagem: Fernando Frazão, Agência Brasil

Neste sentido e num mundo onde a arte se perde em decadência junto com o declínio social, lamentamos profundamente a perda desse gênio da fotografia universal e temos a certeza que como, disse Engels sobre Balzac, podemos aprender mais com as fotos de Sebastião Salgado sobre a necessidade de transformação da sociedade do que com as centenas de economistas e historiadores contemporâneos. 

Parafraseando o poeta Mário Quintana3, Sebastião Salgado diz, em entrevista, que visitou mais de 120 países, mas no fundo nunca saiu da cidadezinha onde nasceu. Explica que é muito ligado ao Brasil, mas, ao mesmo tempo, que há uma criação muito artificial chamada fronteira: “é o mesmo ser humano, não tem diferença nenhuma, a gente muda um pouquinho a cor da pele, sabe, mas o que é essencial para um, é essencial para o outro, tem uma diferencinha de língua….”. Encerra explicando que, durante um trabalho de meses na Indonésia, ficou em uma mina de enxofre, em um vulcão, tirando enxofre todos os dias junto com a equipe. Nenhum dos trabalhadores falava inglês ou qualquer outra língua com a qual pudesse se comunicar, e ele não falava uma palavra de javanês. Ainda assim, constituíram uma relação de proximidade tão forte que, na despedida, o choro era a língua universal. 

Um exemplo belíssimo que nos aproxima desse gigante da arte brasileira, um exemplo da palavra de ordem que os comunistas prezam dia a dia: “O mundo é nosso país! Trabalhadores do mundo uni-vos”.

CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

BELLÉ, Carlos F. Uma carta para a família de Sebastião Salgado. MST, 2025. Disponível em: <https://mst.org.br/2025/05/23/brigada-apolonio-de-carvalho-da-enff-do-mst-presta-homenagem-ao-fotografo-sebastiao-salgado/>. Acesso em: 2 jun. 2025.

ENGELS, Friedrich. Carta de Engels a Margaret Harkness. América Socialista: em defesa do marxismo, v. 13, n. 22, p. 20, abr. 2023.

ESTADÃO. Sebastião Salgado: “a imagem é uma linguagem universal, você não precisa nem ser alfabetizado”. 2021. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/acervo/sebastiao-salgado-a-imagem-e-uma-linguagem-universal-voce-nao-precisa-nem-ser-alfabetizado/>. Acesso em: 1 jun. 2025.

GLOBONEWS. Flores em fuzis, 50 anos da Revolução dos Cravos. 2024. Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/12540188/>. Acesso em: 1 jun. 2025.

GONZAGA, Luiz. A Volta Da Asa Branca. 1950. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aHAcV_DWkr4>. Acesso em: 1 jun. 2025.

NUNES, Homero. Sebastião Salgado: do contraluz do sertão aos confins da fotografia. Isso Compensa, 2021. Disponível em: <http://issocompensa.com/fotografia/sebastiao-salgado-do-contraluz-do-sertao-aos-confins-da-fotografia>. Acesso em: 1 jun. 2025.

O sal da terra. Direção: Wim Wenders; Juliano Ribeiro Salgado. Brasil: Decia Films, 2014. 

PAZ, Octavio. El Arco y La Lira: El Poema, La Revelacion Poetica, Poesia E Historia. 3. ed. México: FCE, 1972.

PORTINARI, Candido. Retirantes. 1944. Óleo sobre tela (190 x 180 cm). Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), São Paulo.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2019.

Revelando Sebastião Salgado. Direção: Betse de Paula. Brasil: Riofilme, 2013.

RODA VIVA. Entrevista com Sebastião Salgado. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HAMZQZCYqiU&ab_channel=RodaViva> . Acesso em: 1 jun. 2025.

Régio, José. Cântico Negro. 2018. Disponível em: <https://www.revistaprosaversoearte.com/cantico-negro-um-belissimo-poema-de-jose-regio-em-tres-tons/>. Acesso em: 1 jun. 2025.

SALGADO, Sebastião. Êxodo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

SALGADO, Sebastião. Outras Américas. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

TROTSKY, Leon. Minha vida. São Paulo: Sundermann, 2007.

VARELLA, Drauzio. Drauzio Entrevista | Sebastião Salgado. YouTube, 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4l3bZVZSZPI&ab_channel=DrauzioVarella>. Acesso em: 1 jun. 2025.

VIANNA, Jô Soares. Programa do Jô Soares – Sebastião Salgado é um dos fotógrafos mais prestigiados do mundo. YouTube, 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=faYciMg0AIw&ab_channel=ProgramadoJ%C3%B4-EntrevistasCompletas>. Acesso em: 1 jun. 2025.

VIANNA, Jô Soares. José Saramago, Chico Buarque e Sebastião Salgado no Jô (1/5). YouTube, 2010. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=U5IKp320Kxk>. Acesso em: 2 jun. 2025.

  1.  Mais tradicional prêmio de livros do Brasil, o Nobel do livro brasileiro. ↩︎
  2. Vale a pena assistir o filme “Serra Pelada” de 2013: https://www.youtube.com/watch?v=IjNcwBEzlVA&ab_channel=HistoriadoCinemaBrasileiro ↩︎
  3. Poema de Mario Quintana: QUEM DISSE QUE EU ME MUDEI?/ Não importa que a tenham demolido: A gente continua morando na velha casa em que nasceu. ↩︎