Foto: Reprodução/RPC TV

Sobre a explosão no silo de grãos em Palotina, PR

Na tarde desta quarta-feira (26/07), uma forte explosão em um silo de grãos de uma cooperativa localizada em Palotina, PR, tirou a vida de oito trabalhadores, entre eles sete haitianos e um brasileiro. Outros 11 ficaram feridos, sendo nove em estado grave. A imprensa divulga o ocorrido como um fato isolado, porém, este é, infelizmente, mais um entre tantos casos de acidente e morte no trabalho que ocorrem cotidianamente no Brasil.

Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, a cada 3 horas e 47 minutos um trabalhador morre no Brasil em decorrência de acidente no trabalho. E estes dados são apenas relativos aos trabalhadores formais, com carteira assinada. Se levarmos em conta os trabalhadores precarizados, que cresceram vertiginosamente no país nos últimos anos, os números são mais assustadores. Além disso, o perfil dos que morrem em decorrência de acidente no trabalho é de homens entre 18 e 24 anos, o que se aproxima das características dos trabalhadores mortos em Palotina e que reforça a tese de que este episódio não é uma exceção.  

A quantidade absurda de mortes de trabalhadores no Brasil em decorrência de acidente no trabalho é fruto do aumento da exploração do proletariado e do comportamento dos patrões e da burguesia de modo geral. Eles ignoram e pioram regularmente as condições de trabalho, além de pressionar cotidianamente os trabalhadores para que continuem suas tarefas mesmo em condições inadequadas e de alto risco, o que inevitavelmente causa prejuízos à saúde, acidentes e mortes.

Outro aspecto que vale ser mencionado é o fato de que a maioria dos trabalhadores mortos na explosão no silo de grãos em Palotina é de imigrantes haitianos negros. Atualmente, o mundo conta com 280 milhões de imigrantes que são forçados a saírem de seus países em decorrência de guerras, violência e de péssimas condições de vida. No Brasil, são mais 1,3 milhão de imigrantes. A burguesia, para aumentar seu lucro, aproveita-se da situação de fragilidade dos trabalhadores imigrantes e lhes oferece os empregos mais precários, menos remunerados e de maior risco, mesmo que possuam alta qualificação. Além do preconceito e do racismo que sofrem, especialmente, os imigrantes haitianos. 

As primeiras informações que circulam na imprensa não apresentam detalhes sobre o ocorrido. É preciso que o motivo da explosão, as condições e as relações de trabalho existentes na cooperativa sejam revelados. Além disso, é preciso que as famílias sejam indenizadas – incluindo os moradores vizinhos que tiveram suas casas destruídas pela explosão –, que os responsáveis sejam punidos e que a empresa seja colocada sob controle dos trabalhadores.

A Esquerda Marxista Paraná solidariza-se com as famílias dos trabalhadores mortos e acidentados e convoca os trabalhadores, imigrantes ou não, para que se unam contra a exploração e levem adiante a luta por uma sociedade sem explorados e exploradores, uma sociedade socialista.