Ucrânia, Venezuela, Brasil: sintomas do nosso tempo

Trotsky e Lênin afirmavam que era inviável o socialismo em um só país e até o fim de suas vidas combateram pela revolução mundial e pela construção de uma Internacional Operária, independente, democrática e revolucionária. Hoje, como no passado, tal organização internacional segue sendo uma necessidade.

Trotsky e Lênin afirmavam que era inviável o socialismo em um só país e até o fim de suas vidas combateram pela revolução mundial e pela construção de uma Internacional Operária, independente, democrática e revolucionária. Hoje, como no passado, tal organização internacional segue sendo uma necessidade.

O rouco grito da Ucrânia

Sob pressão das massas e da União Europeia, o parlamento ucraniano depôs Yanukovych e empossou Oleksandr Turchynov. Marcou para 25 de maio novas eleições. Os EUA advertiram a Rússia contra uma intervenção militar (o que confirma o envolvimento dos EUA nos protestos da oposição ucraniana). Os países imperialistas da Zona do Euro manobram e se apoiam na direita ucraniana para submeter mais ainda o país aos planos de austeridade do capitalismo. A burocracia da Rússia quer o país como sua área de influência e controle sem alterar em nada as miseráveis condições de vida do povo.

Embora em parte manipuladas pelo reacionário Svoboda, partido nacionalista, as massas almejam um mundo melhor, sem miséria e desemprego. O povo tem a sensação de que obteve um grande triunfo depois de ter derrubado o atual governo, mas nada está resolvido ou será resolvido, nem pelos capitalistas do Euro, nem pelos burocratas capitalistas da Rússia. A degenerescência do regime instalado pela ex-burocracia stalinista levou a Ucrânia para a mais profunda miséria.

A direita nacional-fascista (Svoboda), manipulando a grande torcida do Dínamo de Kiev (time de futebol), recrutou alguns milhares de ativistas que se portam como verdadeira tropa de choque sanguinária e violenta.

A televisão mostra Kiev como se ali estivesse a ocorrer uma revolução das massas. Na verdade estão em movimento os adeptos do capitalismo da Zona do Euro, a pequena burguesia, pequenos e médios empresários, a ralé desclassificada da população, os miseráveis que vivem à margem da população e se dispõem a qualquer coisa por uns trocados. As massas operárias de Kiev e de outras regiões estão na expectativa. Demonstram um grande faro revolucionário e não estão dispostas a se lançarem em uma aventura.

Aprendendo com os erros, a classe operária cobrará a fatura do Partido Comunista e dos nacionalistas, erguerá seu próprio partido e aniquilará as bases das máfias oriundas do stalinismo unindo-se ao proletariado de todo o mundo na edificação do socialismo.

Na Venezuela Maduro vacila e acena diálogo com Capriles

Enquanto na Ucrânia o capitalismo se bate para decidir quem vai dar as cartas em Kiev, na Venezuela, após semanas seguidas de manifestações de rua, provocações da direita, assassinatos e incitamentos para derrubar o governo, após a prisão de um dos líderes da direita (Leopoldo López) o governo Maduro procura desesperadamente negociar um acordo com Capriles (o principal dirigente da direita venezuelana). Chamou uma reunião com todos os governadores, mas Capriles não compareceu.

Outras tantas vezes o antigo governo Chávez procurou se apresentar como algo palatável à direita, anistiou os reacionários que provocaram o golpe e o paro petroleiro. Durante anos se recusou a expropriar a grande burguesia e as grandes fortunas. Estas, sempre que podiam, sabotavam e conspiravam apoiadas pelos EUA. Maduro parece ter se esquecido de que os que provocam a escassez são os mesmos que deram o golpe em Chávez e sempre usam o canto de sereia da paz para atacar as conquistas revolucionárias.

Leopoldo López, o filho dileto da burguesia ligada à indústria de alimentos, filho de uma das mais ricas famílias venezuelanas, desde a prisão, agora com sua mulher se unindo a Capriles, não cessa de incitar os escuálidos (os bolivarianos assim chamam a direita venezuelana) para provocarem conflitos e ao mesmo tempo irem articulando uma eventual intervenção norte-americana e/ou preparando um golpe.

A saída para a difícil situação que se encontra a revolução venezuelana, inclusive para evitar uma guerra civil, está diretamente vinculada ao armamento dos trabalhadores da cidade e do campo, para empreender um direto e definitivo golpe nos capitalistas, expropriando as grandes propriedades e colocando-as a serviço dos interesses da maioria da população. Cada minuto que se perde em nome de patéticas e desmoralizantes negociações com a direita, representa preciosas horas, meses e anos do futuro socialista que se joga pela janela.

Trotsky e Lênin afirmavam que era inviável o socialismo em um só país e até o fim de suas vidas combateram pela revolução mundial e pela construção de uma Internacional Operária, independente, democrática e revolucionária. Hoje, como no passado, tal organização internacional segue sendo uma necessidade.

Brasil: pelotões ninjas, queda na balança comercial e inflação

No Brasil o Ministro Cardozo, do PT, ficou animadíssimo com as tropas ninjas da PM de Alckmin. Quer exportar para todos os estados da federação a experiência que prendeu 262 pessoas numa manifestação em São Paulo que tinha 1.500. A própria PM admite que prendeu as pessoas sem que tivessem feito nada, mas porque os infiltrados da PM acreditaram que poderia haver “quebra da ordem” e se anteciparam.

O governo Dilma disponibilizará 53 mil soldados das Forças Armadas para realizar a segurança da Copa contra possíveis terroristas e também reprimir manifestantes, que para o governo e os reacionários são todos terroristas mesmo.

O governo petista, em colaboração com a burguesia, afia as garras da repressão, treina e capacita o aparato contra as atuais mobilizações. Sabe que com o aprofundamento da crise, haverá desemprego, haverá mais inflação e mais cortes nos direitos dos trabalhadores e que estes entrarão em movimento, lutarão, farão marchas e greves e tenderão a desestabilizar a paz das leis ditatoriais. E que, por isso, serão necessárias mais botas, mais bombas e tanques. Tudo para salvar o capitalismo e a sua burguesia da crise.

Por ora seguirá com as privatizações, com o sangramento do povo e dos serviços públicos para pagar a dívida externa e interna. O saldo da balança comercial despenca.

A repressão exercita seus músculos, treina táticas e técnicas antimotins contra os Black Blocks. Com isso angaria apoio do imperialismo, da burguesia e de seus partidos. Mas atenção: esses partidos temem que a situação possa transbordar e por isso, batem e reprimem, criminalizam, para destruir qualquer resistência futura, desmoralizar a CUT e o PT, liquidá-los.

A Esquerda Marxista, com sua política independente, combate para ajudar a classe trabalhadora e a juventude a enfrentar o “fogo amigo” e também o fogo inimigo. As massas farão seus gols nas ruas, nas escolas e nas fábricas!