O deputado estadual de SP, Douglas Garcia (PSL), grande aliado de Bolsonaro e seus filhos, está postando em seu Twitter pedidos para que antifascistas sejam denunciados. Em uma das mensagens, no dia 1º de junho, ele escreve:
“Se você conhece o nome completo de algum autodenominado ‘antifascista’ e possui provas de que ele é o que afirma ser, peço que anexe a prova ao respectivo nome completo e envie ao meu e-mail: douglasgarcia@al.sp.gov.br”
E segue ameaçando:
“Se vocês pensam que me podem me fazer recuar e me calar diante de tudo isto, senhores, o efeito foi exatamente o contrário. Grupos de extermínio a conservadores devem ser criminalizados e judicialmente extintos! Não me cansarei até botar cada ANTIFA (vulgo fascista) na cadeia!”
Hoje, 4 de junho, continua pedindo nomes:
“Ainda recebo denúncias com perfis que fazem parte do grupo terrorista ‘Antifa’. Podem enviar por e-mail ou pelo inbox de quaisquer das minhas redes sociais: Twitter, facebook ou Instagram. Eu manterei o dossiê sempre atualizado e entregarei à autoridade competente p/ investigação”
Douglas Garcia, eleito em 2018, é vice-presidente do movimento conservador Direita São Paulo. É investigado em um inquérito do Ministério Público de SP que apura o uso da estrutura da Assembleia Legislativa de SP para promover ataques a adversários e espalhar notícias falsas (fake news).
Hoje tem circulado pelas redes sociais e grupos de WhatsApp um arquivo de 999 páginas com nome completo e dados pessoais de mais de mil pessoas que supostamente são ativistas antifascistas e endereços de locais de encontro de antifascistas. Isto é certamente um crime. Os dados pessoais foram recolhidos sem autorização das pessoas e coloca em risco a integridade física e a própria vida dos que estão listados, tornando-os alvos potenciais de grupelhos fascistas.
Soma-se a isso ainda o Projeto de Lei apresentado pelo deputado Daniel Silveira (PSL-SP), que busca classificar como terroristas e enquadrar na Lei Antiterrorismo, grupos considerados “antifascistas”.
Tudo isso é uma clara tentativa de tentar intimidar ativistas, militantes e organizações de esquerda em um momento em que crescem manifestações contra o governo Bolsonaro, que trazem na pauta também a luta contra o racismo e a violência policial. Se as manifestações populares no Brasil são impulsionadas pela onda insurrecional nos EUA, as ações de bolsonaristas contra antifascistas tentam seguir o seu mestre, Donald Trump, que também quer responsabilizar antifascistas pelos protestos e considerá-los terroristas lá nos EUA.
A ação dos políticos bolsonaristas revela o desespero de um grupo que está sendo descartado pela burguesia, é acuado por investigações e tenta manter uma base de apoio radicalizando no discurso e nas ações.
Esse sórdido levantamento ilegal de dados promovido por Douglas Garcia, bem como o PL de Daniel Silveira, devem ser amplamente rechaçados pelo movimento operário e popular. Chamamos todas as organizações, partidos de esquerda, militantes, ativistas de movimentos populares, trabalhadores e sindicatos a agir em frente única para impedir o avanço dessas ameaças e bloquear-lhes o caminho para que não se transformem em ações concretas contra os que estão em luta contra o governo Bolsonaro e pelas reivindicações dos setores oprimidos e explorados da sociedade. O ataque a um é um ataque a todos, e só nós podemos garantir, de verdade, a nossa defesa. Para sermos claros: se qualquer militante de qualquer organização, coletivo ou movimento for ameaçado ou atacado por grupelhos fascistas, o conjunto das organizações operárias e movimentos sociais deve se unir para cortar o mal pela raíz.
Reforçamos ainda a participação nos diferentes atos que têm sido chamados pelo país para o próximo domingo (7/6) contra o governo Bolsonaro, adotando as necessárias medidas de proteção em virtude da pandemia. É a luta de classes e de massas que abrirá uma saída para a crise atual, e é assim que daremos a resposta às tentativas de intimidação e criminalização dos que lutam por um futuro no Brasil, nos EUA, no mundo.