Em reunião com senadores, o ministro da Educação Abraham Weintraub disse que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) “não foi feito pra corrigir injustiças” e que “algumas pessoas são mais inteligentes e outras menos”. Ao proferir tais palavras, o ministro apenas reforça o caráter do Enem, e dos próprios vestibulares, de excluir cada vez mais a juventude do acesso ao ensino público por meio de provas que colocam a teste o desnível existente entre a educação pública, com anos de sucateamento e ameaças de privatização, e a educação privada.
No último ano, seis milhões de jovens inscreveram-se para participar do Enem, para um total de 235.476 vagas disponíveis pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU) – que garante o acesso ao ensino superior público. Isso significa que apenas 3,92% dos jovens terão acesso à universidade pública e o restante, claro que com restrições, às universidades privadas. Muitos inclusive irão adquirir dívidas estudantis, que tampouco poderão pagar, e outra parcela restante ficará sem acesso ao ensino superior público nem privado. O Enem não busca resolver os problemas daqueles que querem acessar ao ensino superior, mas funciona, na verdade, da mesma maneira que os vestibulares, como um funil.
Diante dessa situação, a União Nacional dos Estudantes (Une), junto de outras organizações de esquerda, defendem a democratização do Enem, não levando a discussão à raiz do problema, como o combate ao investimento massivo de dinheiro público para universidades privadas, cortes na educação pública e ameaças de privatização, dentre outros ataques que o governo Bolsonaro arquiteta. O papel das direções estudantis deveria ser o de organizar e lutar, não de fazer bancada com parlamentares e inclusive, de se manter moderados a um governo que ameaça a educação e a vida das pessoas.
Dessa forma contradizendo todas as lutas históricas aumentam o tom de voz em coro junto de setores à direita com a proposta de adiamento do Enem como uma forma de garantir o acesso a mais pessoas. Claro que isso pode ser feito, até pelo governo Bolsonaro, mas é insuficiente. A nossa luta deve ser focada em vagas para todos nas universidades públicas e indo mais além, lutando para garantir a federalização de faculdades e universidades privadas para garantir de fato acesso universal.
Assim como o ministro da Educação, este fã de carteirinha da meritocracia, acredita que os estudantes que não têm acesso ao mínimo devem “Ir à luta, se reinventar”, nós também achamos que a juventude deve sim ir à luta e se reinventar, mas para a derrubada não só de Weintraub, mas também de todo governo Bolsonaro e do capitalismo, que pode nos oferecer. Só assim é que o acesso à educação pública, gratuita e para todos em todos os níveis será possível.
Sendo assim, convidamos a todos para que participem de um Comitê de Ação pelo Fora Bolsonaro, para que seja possível lutar pela derrubada não só do algoz, mas de todo esse sistema que tanto nos assombra com morte, miséria e bestialidades da idade média.
Referências:
https://www.agazeta.com.br/editorial/weintraub-e-o-enem-o-pior-cego-e-aquele-que-nao-quer-ver-0520