A Secretária Geral do PC Grego, Aleka Papariga, declarou antes das eleições, que seu objetivo era que saísse das eleições uma maioria burguesa débil, que fizesse um governo débil, porque o próximo passo depois disso seria o PC o partido majoritário e um governo comunista. Assim como seu irmão sectário Thaelmann ela estava errada em todos os aspectos. No dia das eleições Aleka Papariga declarou que o PC foi “a única força política que teve um aumento significativo nas eleições nos âmbitos local e regional”. Espantoso quando se sabe que o PC cresceu só 1% sendo que Syriza passou de 4,6% para 16,8%.
O PC grego ao recusar a aliança com Syriza garante que a direita governe pagando a Dívida e massacrando o povo grego, assim como é o fator que impede a constituição de um governo de ruptura com o euro e não pagamento da Dívida.
A grande imprensa internacional se contorce com o impasse político e econômico na Grécia e exige que algo seja feito. Uma pequena fração da burguesia e pequena burguesia grega se inclina por uma saída fascista (o grupo nazista Amanhecer Dourado fez 7% dos votos), mas essa saída não pode ser apoiada, neste momento, pela grande burguesia que teme a resposta do proletariado. Após a catástrofe da colaboração de classes do PASOK agora vemos o espetáculo trágico do sectarismo ultra-esquerdista. Quanta coisa semelhante entre Brasil e Grécia.
O pano de fundo é a crise que continua
Em todo o mundo a crise continua com força renovada e os truques políticos e econômicos começam a ratear. A Espanha acaba de estatizar o 3º maior banco do país e nos EUA, Obama, para não ter que falar de economia, acaba de declarar apoio ao casamento gay. Este é o debate entre os dois pretendentes ao trono da nação mais poderosa do planeta quando os empregos não vêm, os trabalhadores continuam descendo e os de cima subindo.
As bolsas caíram no mundo inteiro e com alguma sorte e muitos truques depois voltarão a subir e continuarão a acumular riquezas nas mãos de poucos e espalhar sofrimento e morte pelo mundo. O capitalismo não acaba sozinho. Ele precisa de um coveiro.
No Brasil, o dólar subiu e Dilma, os ministros, governadores, economistas e analistas todos dão graças a algo que não entenderam. Afinal, mais que qualquer medida que o governo tenha tomado é a retomada da crise que força o dólar pra cima no mundo inteiro. Na tempestade, o porto mais seguro para os capitalistas ainda é os EUA. E Brasil faz parte deste sistema global.
Perdidos na Crise
De fato, a burguesia internacional está confusa e tão perdida como os que no Brasil tentam substituir a discussão sobre o início da crise no Brasil por um espetáculo com a CPI Carlinhos Cachoeira. CPI que uns tentam sepultar para esconder o que pode vir à tona enquanto outros são entusiastas da CPI para tentar se defender das acusações do dito “mensalão”.
Num espetáculo político digno da burguesia brasileira e seus agentes no movimento operário se vê o ex-delegado Protógenes, agora deputado federal do PCdoB, supostamente comunista, salvando a honra de Collor de Mello (“Presidente, não foi só Vossa Excelência que foi injustiçado. Eu também fui”). O Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, acobertando o senador Demóstenes Torres (DEM), avatar de Carlinhos Cachoeira no Senado, enquanto prossegue sua cruzada de criminalização do PT através do processo do mensalão.
Deputados aprovam salário de R$32.147,90 para os ministros do Supremo Tribunal Federal e para o Procurador Geral da República, que provoca um efeito cascata no Judiciário e na Procuradoria. Tudo retroativo a 1º de janeiro. “Tem orçamento previsto para isso”, disse o vice-líder do governo, deputado Luciano Castro. E ao mesmo tempo o salário dos professores universitários e servidores federais estão congelados. Dilma tem nas mãos para aprovar ou vetar o novo Código Florestal do agronegócio que passa a ter a oportunidade de queimar e devastar o campo a vontade, sem lei e sem controle.
A grande coligação da direção do PT, afinal, serve muito bem para derrubar direitos previdenciários, para desonerar a folha de pagamentos e onerar o trabalhador, mas não serve para recusar um projeto criminoso como este Código Florestal do agronegócio. E o mesmo Congresso adia pelo quarto ano seguido a proposta de desapropriação das terras onde for encontrado trabalho escravo.
A solução da crise dos de cima está na mão dos debaixo
Dilma traça o seu caminho, com Collor, Sarney e tantos outros. Os trabalhadores farão sua experiência. Nós, marxistas, traçamos o nosso ao lado daqueles que sofrem mas não se rendem, exigindo que o PT rompa com esta coligação e volte a trilhar o caminho da classe trabalhadora, reate com a luta pelo socialismo. O destino do Partido Socialista grego, o PASOK, que desaba da posição de majoritário para 13,2% dos votos deve servir de alerta a todos os que continuam a privilegiar a aliança burguesa e a salvação dos capitalistas, como fez o PASOK. A crise continua e fará muitas vítimas, mas a classe trabalhadora aprenderá na situação caótica que se cria e forçará passagem.
Hoje, a burguesia grega muito provavelmente terá que convocar novas eleições, pois o partido que chegou em primeiro lugar não consegue constituir uma coligação de maioria para formar um novo governo. Se os apelos de unidade de Syriza ecoarem no KKE e a unidade se realizar com base na ruptura com o euro e não pagamento da Dívida, a direita pode ser derrotada e abre o caminho para um governo da classe trabalhadora. Isto sim seria fazer valer a democracia hoje pisoteada na Grécia.
No Brasil, o PT pode seguir o caminho do PASOK a medida que a crise se aproxima e sofrer as consequências das medidas que está apoiando. Ou escolher o caminho da ruptura com a colaboração de classes com o capital, reatando com o socialismo e sendo fiel às suas origens.
De qual quer modo não se pode ter esperanças na orientação da maioria da direção do PT. A solução só virá da luta dos trabalhadores e da juventude. Da organização e mobilização em defesa de suas reivindicações, direitos e conquistas é que o nível político crescerá entra a vanguarda e as massas e a questão de outro caminho, a luta pelo socialismo, vai se colocar nas ruas, fábricas, locais de trabalho e escolas. A Esquerda Marxista está aí ocupando seu lugar nas batalhas da classe e contra estas alianças que só podem provocar desgraças.
Comissão Executiva da Esquerda Marxista