Apesar das análises pessimistas de algumas organizações, que insistem na existência de uma onda conservadora e na apatia das massas, em Florianópolis a classe trabalhadora se levanta.
Enquanto os trabalhadores do serviço público discutiam pauta de data-base, o prefeito Gean Loureiro (MDB) enviou para a Câmara de Vereadores o projeto de lei que autoriza a implantação de Organizações Sociais (OSs) na saúde e na educação do município. Imediatamente a categoria se mobilizou, e entrou em greve no dia 12 de abril.
Para obter apoio ao projeto Creche e Saúde Já!, a prefeitura investiu nove milhões de reais em propaganda. Mas a luta dos trabalhadores, com a realização de reuniões e atos nas comunidades, mostrou à população que as OSs representam privatização e precarização dos serviços.
Ignorando o apoio popular à luta dos servidores, a Câmara aprovou o regime de urgência urgentíssima para a tramitação do PL. E na tentativa de desmobilizar a categoria, a votação foi marcada para o dia 21 de abril, um sábado de feriado nacional. Mas neste dia, as massas cercaram o prédio da Câmara. Os 7 vereadores de oposição circularam entre os trabalhadores, mostrando apoio à luta, enquanto os 16 que compunham a base do prefeito chegaram escoltados pela PM. Em meio a bombas e sprays de pimenta, o PL foi aprovado. Trabalhadores que acompanhavam a sessão dentro da Câmara foram impedidos de sair, ficando trancados e com dificuldades para respirar devido ao gás de pimenta. Quando começaram a ser liberados, um trabalhador foi detido pela PM, e os demais não deixaram o ato até o momento de sua soltura.
Apesar da aprovação do PL, a categoria não se rendeu, respondendo com o aumento de adesões à greve, e fazendo a luta contra as OSs engrandecer a mobilização da data-base.
Desde sua posse, o prefeito e os vereadores de sua base assumiram o objetivo de destruir o SINTRASEM. Ano passado, com apenas 10 dias de governo, Gean enfrentou a greve histórica de 38 dias, a qual tentou desmobilizar com punição aos trabalhadores e criminalização do sindicato. Naquele momento, apesar das ameaças de descontos e multas, os trabalhadores seguiram na luta.
Em 2018, a greve durou 30 dias e chegou ao fim em 11 de maio. Preocupado com a força da categoria, o prefeito acionou a justiça para estabelecer uma conciliação.
A atual direção do sindicato, juntamente com outras organizações, recuou em suas ações e direcionou a categoria para o fim da greve, demonstrando ceder às pressões do Poder Executivo.
Mesmo com alguns avanços em relação à pauta da data-base, a proposta apresentada pela PMF pune os trabalhadores, descontando 3 dias de trabalho em seus salários, exigindo a reposição de todos os dias parados, e cobrando R$ 40 mil do sindicato, ação que criminaliza a entidade pela greve, algo que nunca aconteceu em 30 anos de existência do SINTRASEM.
Nossa posição foi pela continuidade da greve na luta pela revogação das OSs, contra a criminalização do sindicato e a punição aos trabalhadores.
Mesmo com o fim do movimento grevista, a luta contra as OSs continua, na certeza de que a história de luta construída por esta categoria avançará sempre na direção da unidade e da resistência em defesa do serviço público.