O governo Temer e o podre Congresso Nacional aprovam duros ataques contra a classe trabalhadora. As direções conciliadoras do movimento bloqueiam a resistência da base. Ao mesmo tempo, sob a superfície, o que existe é indignação, ódio ao sistema e disposição de luta. A situação política nacional está em sintonia com a instável conjuntura internacional.
Nessa situação convulsiva o PSOL realiza seu 6º Congresso Nacional. Um congresso que deveria armar o partido para se credenciar como uma verdadeira alternativa de esquerda. Mas a falta de um real debate político para enfrentar a atual situação e de uma linha que ligue o partido à luta da classe operária faz com que o Congresso, em suas diferentes etapas, concentre-se na disputa, entre blocos e tendências, pela máquina partidária e pelo financiamento de candidaturas para o próximo ano.
[table id=7 /]A etapa nacional do Congresso ameaçou ser adiada por cortes no fundo partidário, o que é uma boa demonstração do que causa a dependência financeira do dinheiro do Estado. Um partido proletário deveria se sustentar com a contribuição de filiados e apoiadores. O problema da falta de independência financeira será ampliado com o Fundo Eleitoral de R$ 1,7 bilhão criado pela Reforma Política para financiar as campanhas eleitorais.
Há um esvaziamento político do Congresso, falta uma iniciativa da direção para ligar o partido à luta de jovens e trabalhadores, apresentando-o como uma ferramenta de luta. Falta um candidato a Presidente da República pelo PSOL para, desde já, correr o país defendendo um programa revolucionário que inspire as massas a construir esse partido, conectando-o com a insatisfação expressa nas altas taxas de brancos, nulos e abstenções nas últimas eleições.
A direção majoritária se recusa a definir no Congresso o nome do candidato a presidente, prefere esperar o líder do MTST, Guilherme Boulos, decidir se vai apoiar Lula, ou se tem intenções de sair como candidato. O que é um grave erro, ainda mais com as seguidas demonstrações de que a política de Boulos se afina com a de Lula. Já nós apoiamos Nildo Ouriques como candidato a presidente pelo partido, na defesa de um programa luta de classes e revolucionário.
O PSOL, para saltar de um parlamento de tendências para um partido de classe, necessita de uma política independente. O pequeno fôlego dado ao PT por conta do impeachment, que tirou de Dilma e Lula a tarefa de aplicar as duras medidas contra a classe trabalhadora (Reforma Trabalhista e da Previdência), não pode levar o PSOL a uma adaptação ao petismo. Assim como o partido não deve cair nas intenções por trás da plataforma “Vamos!”, de se criar um partido com setores do PSOL e do PT, que só poderá nascer burocrático e reformista.
Para enraizar-se na classe trabalhadora, o PSOL deve se aproximar de qualidades do PT na sua origem, mas se afastar daquilo que o destruiu, ou seja, do pragmatismo eleitoral e da conciliação de classes com a burguesia.
Nas eleições, em todos os níveis, o PSOL deve recusar a aliança com partidos burgueses e pequeno-burgueses, incluindo a REDE, de Marina Silva, com o qual o PSOL realizou alianças em alguns estados. A participação nas eleições e no parlamento deve estar subordinada à tarefa de organizar e conscientizar a classe trabalhadora sobre a podridão do conjunto deste sistema.
Este é o sentido apresentado pela pré-candidatura do companheiro Nildo, e também pela pré-candidatura do dirigente da Esquerda Marxista Serge Goulart ao governo do Estado de Santa Catarina.
Uma postura ofensiva, revolucionária, ao lado das lutas da classe operária, pelo socialismo, é que pode fazer o PSOL entrar na onda internacional que tem feito crescer alternativas à esquerda dos partidos tradicionais que se renderam ao capitalismo.
Apesar das vacilações de sua direção, o PSOL é, hoje, o partido que aparece como uma alternativa eleitoral visível à esquerda do PT. Para dialogar com os que querem seguir na luta, com jovens e trabalhadores que olham o PSOL como uma alternativa, é que decidimos entrar no partido defendo todas as nossas posições. Filie-se ao PSOL! Junte-se à Esquerda Marxista!
Editorial do jornal Foice&Martelo 111, de 22 de novembro de 2017.