No dia 17 de fevereiro o Amazonas chegou à triste marca de 10 mil pessoas mortas por Covid-19 desde o início da pandemia. Dessas, quase metade aconteceram a partir de dezembro de 2020. Menos de uma semana depois, o governador Wilson Lima (PSC) anunciou a reabertura do comércio em Manaus.
Como era óbvio, o primeiro dia de reabertura teve aglomerações no centro comercial da cidade e outras áreas de comércio popular. Os shopping centers, ainda que menos lotados, também atraíram um grande número de pessoas, potencializando os riscos de contágio.
Ao que parece o governo do estado está fazendo tudo o que pode para preparar o cenário para uma terceira onda antes mesmo que a segunda tenha sido superada. Os sepultamentos na capital continuam 50% acima da média normal e 37 pessoas morreram somente no dia 20 de fevereiro. A ocupação dos leitos de UTI continua em 91% e chega a 95% se considerarmos apenas os da rede pública destinados a adultos.
A vacinação, restrita a maiores de 70 anos e profissionais de saúde, permanece muito abaixo da meta. Isso porque os locais de vacinação designados pela prefeitura são de difícil acesso para quem não possui carro, ainda mais idosos com dificuldade de locomoção. Somam-se ainda a falta de divulgação e o medo em relação à vacina provocado pelo obscurantismo bolsonarista.
Na última semana o governador, juntamente com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegaram a anunciar uma vacinação massiva que alcançaria todos acima de 50 anos na região metropolitana de Manaus. A prefeitura de David Almeida (Avante), no entanto, já disse que isso não será possível em fevereiro e se limita a realizar um cadastro para maiores de 60 anos que na prática é só uma maneira de acalmar os ânimos da população.
Que justificativa teria o governo para reabrir comércios, bares e restaurantes?
Certamente a preocupação de Wilson Lima e da burguesia amazonense não é com a vida da população. A pressão econômica, que chegou a adiar o fechamento ainda em dezembro e que se intensificou nas últimas semanas, é a verdadeira explicação.
Mas a reabertura não interessa aos trabalhadores, que viram seus salários diminuir, as horas de trabalho aumentar e as demissões se multiplicarem desde o ano passado. À nossa classe interessa a manutenção dos salários e a proteção de nossas vidas, assim como a vacinação gratuita e para todos. Os interesses que estão sendo defendidos são os dos patrões e de seus lucros, os mesmos que nos trouxeram até a tragédia em que nos encontramos.
Foi a burguesia que pressionou para a reabertura em 2020 e pela volta ao ensino presencial nas escolas, medidas que ajudaram o vírus a circular livremente até o ponto de gerar uma mutação ainda mais contagiosa. Também foi a burguesia nacional que colocou Bolsonaro no poder apostando no plano econômico de Paulo Guedes, um governo que boicota a vacinação e minimiza os efeitos da doença em todas as suas declarações. Internacionalmente, é a burguesia que faz da saúde um comércio e dificulta a países dominados como Brasil o acesso às vacinas.
Somente a ação organizada da classe trabalhadora e da juventude é capaz de pressionar as classes dominantes e arrancar delas medidas para defender nossas vidas. A pandemia de Covid-19 escancarou aquilo que os marxistas já sabíamos: o capitalismo não é capaz de nos garantir as condições mínimas para uma existência digna. A única saída para o Amazonas e o restante do mundo é a derrubada desse sistema podre e sua substituição pelo socialismo.
Por isso dizemos:
- Abaixo o governo Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
- Vacinação gratuita e para todos já!