O jornal burguês, O Globo publicou, em 28/06/14, matéria onde acusa Lula de ter apresentado uma série de dados errados durante uma palestra para dirigentes das Câmaras de Comércio dos países europeus (Eurocâmaras).Como cada palestra de Lula custa R$ 300 mil, os pobres empresários deveriam ao menos receber dados corretos, parece ser a lamentação de O Globo.
O jornal burguês, O Globo publicou, em 28/06/14, matéria onde acusa Lula de ter apresentado uma série de dados errados durante uma palestra para dirigentes das Câmaras de Comércio dos países europeus (Eurocâmaras). Como cada palestra de Lula custa R$ 300 mil, os pobres empresários deveriam ao menos receber dados corretos, parece ser a lamentação de O Globo. A matéria está aqui: http://oglobo.globo.com/brasil/lula-usa-dados-errados-em-discurso-para-empresarios-13055521.
Lula contra-atacou divulgando uma nota confusa e tentando provar que construiu o paraíso na terra. A Nota está aqui: http://www.institutolula.org/depois-de-12-anos-o-globo-publica-dados-sobre-avancos-dos-governos-lula-e-dilma/#.U7Rs-vldUVk.
O Globo e Lula torturam os números. Cada um com seus objetivos. Mas, desde um ponto de vista de classe, as afirmações de Lula é que devem ser examinadas:
1) “O salário mínimo aumentou 72%” – Verdade. Mas, ainda é de R$724,00. O salário mínimo constitucional, segundo o DIEESE, deveria ser de R$3.079,31!
2) “O investimento público em educação passou de 4,8% para 6,4% do PIB” – Sim, e uma grande parte foi injetado na educação privada. É isso que prova quando diz “o Prouni levou mais de 1,5 milhão de jovens à universidade”. Como o PNE, que colocou a educação privada nos “10% do PIB para a educação”.
3) 7) “o PIB per capita saltou de US$ 2,8 mil para US$ 11,7 mil” – Ninguém teve o salário multiplicado por 4 nos últimos doze anos, mas a riqueza dos capitalistas sim. Mas, quem produziu foi a classe trabalhadora.
4) Lula se orgulha de que “ao longo da crise mundial o Brasil fez superávit fiscal de 2,58% ao ano, média que nenhum país do G-20 alcançou”. E mais “O ajuste fiscal determinado pelo governo nos anos de 2003 e 2004 alcançou 4,3% em 2003 e 4,6% em 2004”. Ou seja, aqui teve mais austeridade fiscal que na Europa!
5) Lula confirma, e se orgulha disso, que “a dívida pública bruta do país, ao longo da crise, está estabilizada em torno de 57% do PIB desde 2006”. Ou seja, com austeridade fiscal, leia-se cortes sociais, e pagamentos anuais da Dívida com cerca de 40% do Orçamento Federal, a Dívida continua sendo do valor de 57% de toda a riqueza produzida no país em um ano!
6) Conta como vantagem que “há 10 anos consecutivos a inflação está dentro das metas estabelecidas pelo governo”. Em 12 anos tivemos cerca de 100% de inflação. Se não fosse a luta sindical intensa e dura os salários teriam sido reduzidos à metade do valor. Em 2014, a previsão do BC é de 6,4% de inflação.
7) Lula afirma que a inadimplência dos financiamentos do BNDS é zero. Contabilmente, sim. Mas, o que se passa é a eterna rolagem dos financiamentos, ou melhor, presentes aos empresários, como os feitos com os bilhões e bilhões dados a Eike Batista.
O fato é que em 10 anos o Brasil cresceu de 169 milhões de habitantes para 201 milhões e todo ano entram no mercado de trabalho cerca de 2 milhões de pessoas.
Neste tempo o imperialismo aprofundou sua dominação sobre o país. O capital internacional investiu, comprando ou criando empresas, mais de U$500 bilhões, através de IEDs, sem falar da compra de Títulos e outros ativos financeiros do governo. É isso que torna a Dívida impagável e uma máquina de sugar dinheiro público. É por isso que Lula criou o PAC.
Tudo isso exige investimento em educação para estes novos trabalhadores ou não funcionaria. Os capitalistas não são educadores, são exploradores. E a medida que a indústria se desenvolve precisa de trabalhadores mais qualificados. E a baixíssima produtividade do trabalho no Brasil, que é metade da chinesa e de outras economias atrasadas, mostra o nível ainda existente.
A única saída é a ruptura com o capital internacional, anulação total da Dívida Interna e Externa, expropriação das multinacionais, dos bancos e das grandes propriedades fundiárias, estabelecer o controle total da moeda e do cambio, declarar o monopólio do comércio exterior e planificar a economia segundo os interesses da classe trabalhadora. O resto é conversa fiada de “desenvolvimento capitalista”, o outro nome da concentração de capital e dominação imperialista.
As contas anunciadas falam de uma dura realidade para os profetas do capitalismo
O rombo das contas externas brasileiras já soma US$ 40,074 bilhões este ano. Em 12 meses o resultado negativo é US$ 81,854 bilhões, ou 3,61% do PIB, segundo o BC. Em 2013, o déficit foi de US$ 81,075 bilhões, ou 3,64% do PIB, pior resultado desde 2001.
O dado positivo, em US$ 8,3 bilhões, é o Balaço de Pagamentos. Mas, isso é porque nesse item entra todo o dinheiro dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) e das aplicações financeiras. O IED foi, em 2013, de U$63 bilhões.
O BC já diz que a previsão de crescimento da economia brasileira em 2014 foi revisada de 1,16% para 1,10%. Em janeiro, Mantega falava, como sempre, em 5% para 2014.
A produção de bens de capital – motor da economia para que novos bens sejam fabricados – caiu em maio 9,7% em comparação com maio de 2013.
Na categoria de bens de consumo duráveis, como é o caso dos automóveis, o mês de maio foi de retração de 11,2% em relação a maio de 2013. E o setor automobilístico sozinho teve em maio uma queda de 20% (!), em relação ao mesmo mês de 2013.
O gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, explica que “o setor está sendo afetado pelo endividamento das famílias, aumento da restrição ao crédito, e dificuldades de exportação, principalmente para a Argentina”. A bomba relógio armada, como explicamos sempre.
Qual é o futuro de tudo isso?
Enquanto o mundo continua em crise e os governos tentam fazer a classe trabalhadora pagar a conta, Lula, Dilma, Mantega e a direção do PT e da CUT navegam entre a ficção e a realidade alardeando “o capitalismo em um só país que deu certo”!
E isso é o alimento de sua política de colaboração de classes e salvação do capitalismo. A verdade é que a classe trabalhadora deve se preparar para duros tempos e mais duras lutas.
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Entenda o economês
O balanço de pagamentos inclui todas as transações do Brasil com o exterior, comerciais, de serviços ou financeiras, e se divide em: Transações Correntes e Conta de Capital.
As Transações Correntes incluem a Balança Comercial (exportações e importações), a Balança de Serviços (juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais etc.), e as transferências unilaterais (dinheiro mandado por brasileiros de fora do país, por exemplo).
A Conta de Capital é formada por aplicações em Bolsa, investimentos estrangeiros diretos (IEDs, para compra, criação ou ampliação de uma fábrica) e empréstimos concedidos ao Brasil.
O resultado entre as Transações Correntes e a Conta de Capital é que mostra se o Balanço de Pagamentos está positivo ou negativo. Com resultado positivo, as reservas internacionais do país crescem.