Diego Vieira Machado foi vítima da intolerânia provocada pela continuidade da sociedade capitalista.
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Mais um jovem foi assassinado. Diego foi morto dentro de um Campus da UFRJ, com marcas de espancamento. Todos os indícios apontaram para um ataque deliberado de descriminação (homofobia e racismo). Esse tipo de agressão está cada dia mais recorrente, as universidades estão cada dia mais inseguras. Este ano, em outra universidade do Rio de Janeiro, mais uma jovem foi estuprada, durante uma festa. Em geral, a culpa recai sobre as vítimas.
Engana-se quem pensa que a universidade é um lugar menos preconceituoso e discriminatório, como se o fato de as pessoas terem mais escolaridade as poupasse de agirem de forma opressora ou até mesmo agressiva.
A universidade é composta por pessoas da sociedade capitalista e, portanto, reflete muitas das ideologias dessa sociedade. É preciso enfrentar a homofobia, o machismo e o racismo dentro e fora da academia. Este não é apenas um trabalho individual, não pode ser visto somente como um processo subjetivo de desconstrução. É preciso ir à raiz do problema e enfrentar a estrutura que cria e perpetua todo tipo de descriminação e opressão.
Faz muito tempo que a sexualidade é algo “institucionalizado”, como se fosse um assunto de responsabilidade da instituição a qual estamos inseridos: a igreja, a escola, a família etc. Acontece que, para os marxistas, a sexualidade (nossas opções, identidades e orientações) é um assunto de ordem privada, ou seja, diz respeito ao próprio indivíduo (e com quem ele se relaciona consensualmente). A sexualidade só se torna um assunto “público” quando nos organizamos politicamente para garantir que o direito que temos sobre nossos corpos e escolhas não podem ser atropelados por ninguém. Ou seja, o aspecto político da sexualidade está em lutar pelo direito dessa continuar sendo um direito privado, o qual pode ser discutido, porém nunca controlado por nenhuma estrutura de poder.
Para derrotar todas essas opressões é preciso travar uma luta contra todo o capitalismo. Enquanto esse sistema existir, seguiremos combatendo toda forma de descriminação e de opressão, seja na esfera educacional, seja na esfera da punição dos criminosos. Um elemento fundamental nesse processo é pensar de forma consciente nossa convivência em sociedade, lutando pela igualdade de direitos.
Artigo publicado na edição 92 do jornal Foice&Martelo, de 20 julho de 2016.