Nesse mês da Consciência Negra, após as eleições, toda a população negra e não negra comemora a derrota de Bolsonaro nas urnas. Governo representante da burguesia e do capital, governo racista que nega o racismo na sociedade, nas instituições burguesas, sobretudo nas polícias racistas e assassinas, deliberou contra os assentamentos e titulações de povos originários e quilombolas e incentivou a luta armada dos grileiros e coronéis contra esses povos. No governo Bolsonaro a população negra sofreu com a carestia de vida, com a inflação, desemprego, por Covid, ou seja, foi um governo de morte para os trabalhadores pobres e pretos do país.
No governo Bolsonaro o índice de violência aumentou contra a população negra, enquanto os salários dos negros em relação aos brancos diminuíram. Segundo o Atlas da Violência 2021 produzido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes superior à de não negros. Em 2019 os negros representaram 77% das vítimas de homicídios, a taxa foi de 29,2 para cada 100 mil habitantes, a taxa de não negros ficou 11,2 para cada 100 mil, ou seja, a taxa de violência letal contra negros foi 162 % maior que a de não negros. As mulheres negras representaram 66 % do total de mulheres assassinadas, a taxa foi de 4,1 % para cada 100 mil habitantes, já a de mulheres não negras a taxa ficou em 2,5%.
Os negros continuam com os piores salários. A renda média dos salários dos brancos foi de R$ 3.099 em 2021, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa renda é 75% maior que a dos trabalhadores negros que ficou em média em R$ 1.764. Os negros estão mais presentes entre os desempregados, somam 16,5 % enquanto os brancos a taxa de desemprego somam 11,3%. Os Negros também são os mais pobres, vivendo com menos de US$ 5,50 por dia eles somam 34% enquanto os brancos ficam em 18%.
Bolsonaro deu as costas e tripudiou para cada ato de racismo enfrentado pela população negra, seja nos comércios, seja pela polícia racista, no morro no Rio de Janeiro, nas comunidades em São Paulo. A polícia teve carta branca para matar, usando da lei que isenta o policial que “age usando os meios necessários para defender-se de agressão atual ou iminente”, até membros da polícia rodoviária em plena luz do dia torturaram e mataram Givanildo de Jesus, numa câmara de gás feita no porta-malas de uma viatura. Para Bolsonaro e membros de seu governo não existe racismo no Brasil.
O racismo é um mecanismo de opressão e exploração da classe trabalhadora, ideologia inventada pelo capitalismo para dividir e melhor explorar os trabalhadores, não tem como esconder ou negar o racismo ele está presente em todos os setores da sociedade e é um dos pilares desse sistema capitalista. Por isso que a população negra não tem um minuto de paz nessa sociedade. Enquanto somos divididos, os donos do capital se utilizam desse sistema para continuarem a enriquecer às custas dos mais pobres, sobretudo os negros. Não existe capitalismo sem o racismo.
As perspectivas agora de um novo governo para os trabalhadores negros são de lutas, mesmo no governo Lula que não mostrou ser favorável a reverter as contrarreformas da previdência e trabalhistas que tiraram direitos da população. Na realidade esse governo aprofunda a conciliação de classes, trazendo para governar junto na equipe de transição elementos da burguesia. Exemplos são Alckmin que sempre governou para burguesia, Neca Setubal, herdeira do banco Itaú para área da educação, Simone Tebet e se apoiando em partidos como MDB, PSD e União Brasil para fazer um governo de coalizão.
Mas nossos interesses são diferentes dos capitalistas, o combate ao racismo se dá todos os dias na luta de todos os trabalhadores. Precisamos ir além das lutas por ações afirmativas. Não se combate o racismo com identitarismo. A luta contra o racismo é uma luta de toda a classe trabalhadora e não só dos negros. Para acabar com o racismo precisamos acabar com o capitalismo, nas mobilizações, nas greves, com os métodos da classe operária, lutando por suas reinvindicações por empregos, salários, moradia, educação publica gratuita para todos em todos os níveis, fim das polícias, fazendo dessas lutas uma ponte para a transformação dessa sociedade num novo mundo, uma sociedade socialista onde seremos verdadeiramente livres e viveremos de forma plena.
Nesse dia 20 de Novembro comemoramos a força e luta dos nossos guerreiros, Zumbi dos Palmares, da classe trabalhadora, os abolicionistas e chamamos a todos os trabalhadores a se juntarem no bloco do Movimento Negro Socialista, na Avenida Paulista SP. Chamamos a participarem das nossas atividades de formação e conhecerem a Esquerda Marxista, se organizarem conosco contra o racismo e o capitalismo!