Foto: Divulgação/Voz das Comunidades

Coronavírus nas favelas e a luta contra Bolsonaro

O coronavírus chegou nas imensas favelas do Rio de Janeiro. O número de casos de moradores de favelas (bairros proletários) contaminados pode ser difícil de conhecer, pois a contagem e o registro tem sido feito por bairros oficialmente reconhecidos e não por favelas.

Esses são espaços com alta densidade demográfica (muitas pessoas por metro quadrado), habitações precárias, com poucos cômodos e amontoadas. Os moradores estão muito próximos ao compartilhar o pequeno espaço, barracos úmidos e com pouca ventilação. Nas favelas também é onde mais faltam equipamentos de saúde, não há rede de esgoto, saneamento básico e água potável.

Dadas essas condições no Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Niterói e São Gonçalo, o índice de proliferação do coronavírus será alarmante. Tais condições serão catalisadoras para a acelerada propagação do vírus, o que pode resultar em muitas mortes, devido as péssimas condições sanitárias, como também a condição do Sistema Único de Saúde (SUS), que já não dava conta da demanda em tempos anteriores ao coronavírus, e que entrará em colapso com o crescimento das contaminações.

Há outras situações extremamente críticas da Favela da Coruja,  em São Gonçalo, que não têm acesso a sabonetes e demais produtos de higiene e limpeza, ou seja,  não possuem as mínimas condições de se protegerem1.

Seguem alguns relatos de moradores:

“Lá em casa tem o que está no uso. Detergente também que está na pia já está acabando. Depois que acabar, acabou”2

“Quando eu vou fazer minha compra, eu compro quatro sabonetes. Não dá para o mês inteiro. Quando não tem, a gente lava a mão assim na água e pronto”3

“Há 20 dias estamos sem água e algumas ruas estão até mesmo antes disso. Falam pra lavar a mão, mas como que a gente vai lavar a mão e se prevenir se não tem água? Não tem assistência nenhuma da prefeitura. Eu tô com muito medo desse coronavírus, estou com muito medo do que pode acontecer aqui”4

“Tem uma parte no complexo [do Alemão], na parte mais alta da favela, em que a pobreza é assustadora. Cara, eles vão morrer, não tem nada lá. Eu corri para lá e fui ajudar. Eu tomei um susto de lá não ter nem sabonete na casa para tomar banho.”5

O acesso á água é um direito humano básico. E como se não bastasse a contaminação do seu fornecimento pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) com a bactéria geosmina, esses locais mal dispõem de acesso à água tratada e saneamento básico, muitas favelas estão sem fornecimento, moradores com suas caixas d’água vazias6. Assim, é negado também a possibilidade de tomarem as medidas mínimas de proteção contra o vírus: lavar as mãos, tomar banho, higienizar a casa, o que se constitui em mais um risco para as pessoas.

No Rio e na Baixada Fluminense, a omissão e o abandono do Estado é tão grande que as medidas de prevenção estão ocorrendo pelos próprios trabalhadores movidos pela solidariedade de classe entre eles e/ou pelas ações de bandidos e milícias. Traficantes de drogas de diferentes facções ordenaram toques de recolher com alto-falantes (em carros e postes) e batendo às portas das casas no boca a boca, os criminosos avisam aos moradores que eles estão proibidos de circular e em caso de desrespeito, podem ser punidos com violência7. Em São Paulo muitas das aglomerações em bailes funk e nos chamados “pancadões” continuam, pois é através dessas festas que se dá grande parte da venda de drogas que sustenta o tráfico e o “arrego” de policiais corruptos8. Isto também está acontecendo em algumas favelas do Rio, porém os jornais evitam destacar, procurando dar um “ar positivo” ao tráfico de drogas e a milícia.

Essa é uma face da dura realidade que a classe trabalhadora vive. A classe que tudo produz, em dias normais, não tem o mínimo de que precisa para sobreviver. E agora diante da quarentena por conta de uma doença mortal, o sistema capitalista a castiga ainda mais.

Essas condições de vida são prova inconteste do fracasso do capitalismo para as cidades. As condições precárias de habitação das favelas, de cuidado à saúde, são mostras da desigualdade social extrema, fruto de uma urbanização tardia, acelerada e desordenada. 

A solução para a questão da moradia passa inevitavelmente pelo socialismo. Por isso, defendemos a derrubada de Bolsonaro e seus lacaios, que estão a serviço de grandes empresários e não da classe trabalhadora, e lutamos pelo socialismo, por outra sociedade, em que não haja mais opressão e que todos tenham acesso ao que produzem e possam viver com dignidade.

Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões sem generais!

Junte-se a Esquerda Marxista!

 

Referências:

1 https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/20/solidariedade-pandemia-coronavirus.amp.htm 

2 https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/jornal-nacional/noticia/2020/03/20/voluntario-consegue-sabao-para-doar-a-moradores-de-favela-no-grande-rio.ghtml 

3 Ibid.

4 https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/17/moradores-de-comunidades-do-rj-sofrem-com-falta-de-agua-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus.ghtml 

5 https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/20/solidariedade-pandemia-coronavirus.amp.htm 

6 https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/17/moradores-de-comunidades-do-rj-sofrem-com-falta-de-agua-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus.ghtml 

7 https://www.google.com/amp/s/noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/03/24/coronavirus-faccoes-do-trafico-impoem-toque-de-recolher-em-favelas-do-rj.amp.htm 

8 https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/03/23/coronavirus-bailes-funk-igrejas-e-futebol-desrespeitam-medida-contra-aglomeracao-de-pessoas-em-sp-veja-videos.ghtml