Editorial da edição nº 25 do Jornal Luta de Classes.
Na sexta-feira, 02 de Outubro de 2009, o Rio de Janeiro foi escolhido como sede da Olimpíada de 2016. O governo gastará nos preparativos para sua realização 26 bilhões de reais. O Brasil vai comprar aviões de caça, um projeto que custará 36 bilhões de dólares.
Comprará também submarinos, convencionais e nucleares, outro projeto que custará outros bilhões de dólares. E desde o início da crise o governo já repassou mais de 200 bilhões para os bancos.
Enquanto os grandes grupos econômicos comemoram estes bilhões de dólares que serão gastos do dinheiro público, os bancários amargam com um arrocho salarial, inclusive nos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica), levando-os à greve. Também os funcionários dos Correios (estatal) são forçados à greve para poder arrancar um reajuste salarial. Sim, estas greves vieram logo depois das greves de metalúrgicos e, de forma geral – aproveitando-se da diminuição momentânea do ritmo de aprofundamento da crise – milhares de trabalhadores se lançam às greves para arrancar maiores reajustes.
A vida, infelizmente, não está fácil. O desemprego continua e tudo o que foi recuperado pelos trabalhadores até agora não cobre o que foi perdido com a crise, ainda mais com a queda das exportações industriais e também com a queda geral na produção industrial do País.
A verdade é que o país está precisando destes bilhões, e muito mais que isso, para poder conceder aquilo que os trabalhadores e o povo pobre do país necessitam: Reforma Agrária, estabilidade no emprego, reestatização da Vale, Embraer, das Ferrovias, Telefonia, etc. O povo quer ver resolvidos seus problemas de moradia, saúde e educação. Para fazer isso Lula não pode seguir preso ao bloco de alianças com os partidos da burguesia. É necessário que ele rompa com essa aliança e se junte ao povo, aos trabalhadores organizados na CUT e MST, para impor as reivindicações e a soberania popular.
Mas Lula parece ignorar essas necessidades e declara: Sou governante dos ricos também. E tenho certeza de que eles estão muito satisfeitos porque ganharam muito dinheiro no meu governo. Mais do que no governo ‘deles’. (Valor Econômico, 17/09/2009).
Sim, ganharam mesmo, ganharam o dinheiro obtido na exploração e arrocho dos trabalhadores. O Censo Agrícola, produzido pelo governo, mostrou que aumentou a concentração fundiária no País e demonstra que, por exemplo, o feijão, na sua maior parte, vem das pequenas propriedades (que produzem, por exemplo, 70% do feijão do País).
Isso indica que os grandes latifúndios e agronegócios produzem para a exportação, concentrando as terras nas mãos de poucos. Contra isso há que se fazer a Reforma Agrária, para produzir e garantir alimentos mais baratos para todos.
Apesar de todas as conversas, o Brasil durante a crise da gripe suína, atingiu o índice de 12% do total de mortes em nível mundial (O Globo 08/08/09). Os hospitais estão cheios, o atendimento é de péssima qualidade e, pior ainda, no Rio de Janeiro em um hospital que não podia atender uma grávida o médico escreveu no braço da paciente o nome do ônibus que ela deveria pegar para chegar a outro local onde, talvez, pudesse ser então atendida. O bebê morreu.
O plano “Minha casa, Minha vida” baseia-se no simples aumento de crédito. Para quem não tem dinheiro, a oferta é muito limitada. Nas grandes cidades aumentam as favelas e as “guerras” pelos pontos de tráfico. As empresas demitem à vontade e o governo ainda lhes dá dinheiro. Sim, os patrões parecem poder tudo!
Contra isso os petistas devem reagir!
Precisamos de um outro governo do PT, com outra política e sem a burguesia e seus partidos. E em todo o mundo precisamos de uma política real de união de todo o povo trabalhador para preparar a única guerra que realmente vale a pena: a guerra contra os exploradores, a guerra para expropriá-los e construir o socialismo. Essa é a nossa batalha no PT e nos sindicatos!
No PED vote 190 e 290!
Junte-se à Esquerda Marxista!