Todo 11 tem seu 13
“Em 2002, no dia 11 de Abril, os militares leais à oligarquia petroleira e ao imperialismo EUA, junto com os grandes canais de TV privados, dão um golpe militar, seqüestram Chávez e o levam para uma ilha, cortam o sinal da emissora estatal de TV, reprimem os jornalistas internacionais e empossam um novo Presidente (Pedro Carmona) em nome da “Democracia”. Tudo isso apoiado pela “Sociedade Civil” com a igreja católica, os empresários, ONGs e sindicatos pelegos.
Na TV explicavam que Chávez havia renunciado e fugido. Mas mentira tem perna curta e aos poucos chegava aos ouvidos dos trabalhadores das comunidades mais pobres de Caracas que Chávez estava seqüestrado. Então algo inesperado aconteceu. Em menos de 48 horas, no dia 13 de Abril, milhões de venezuelanos saíram às ruas, milhares cercaram o Palácio de Miraflores em Caracas e derrubaram a ditadura recém-nascida de Carmona. Os soldados do exército – que são parte do povo, são trabalhadores e filhos de trabalhadores – confraternizaram com o povo, desobedeceram as ordens dos generais golpistas e resgataram o presidente Chávez (há um vídeo-documentário muito bom que relata esse episódio chamado “A Revolução não será televisionada”).
Dia 11 foi uma Sexta e dia 13 um Domingo. O povo venezuelano é bastante religioso e não faltaram comparações com a morte e ressurreição de Cristo. Chávez saiu ainda mais fortalecido desse episódio, entretanto, junto com Chávez, o povo saiu fortalecido. Homens e mulheres do povo perceberam que mesmo aquele que eles consideram seu herói só pôde sobreviver e voltar a cumprir o seu papel porque o povo foi capaz de derrotar a tirania. O povo é herói e se reconhece como tal. Cada mulher e homem trabalhador na Venezuela aprendeu desde então a não baixar mais a cabeça, a se respeitar como sujeito que atua na sociedade e que pode mudar a sua história.”
(trecho de “Relato de um camarada brasileiro na Venezuela” de Caio Dezorzi)