A operação Lava Jato promove mais um capítulo de seu espetáculo: a condenação de Lula por Sérgio Moro.
Como a Esquerda Marxista já analisou em outros textos, a Lava Jato é uma operação guiada por interesses da classe dominante. Seu objetivo político central é promover uma “faxina” e a renovação dos quadros políticos da burguesia para salvar as instituições desmoralizadas da ira popular. As denúncias contra Temer, Aécio e demais políticos de diferentes matizes são parte desta operação.
Propagandeiam que o problema se resume à corrupção, bastaria tirar as maçãs podres. Mas as massas compreendem cada vez mais que todo o sistema está apodrecido e que precisa ser derrubado.
Combatemos os ataques às liberdades democráticas promovidos pela Lava Jato, com seus abusos e condenações baseadas em delações e convicções sem provas. A condenação de Lula é mais um exemplo dessa ação de um judiciário fora da lei, que age por objetivos políticos e condena com frágeis bases materiais, abrindo brechas para o aprofundamento da criminalização dos movimentos sociais.
É bom lembrar que esta é a mesma justiça que condenou Rafael Braga duas vezes. A primeira por estar portando Pinho Sol e água sanitária em manifestação em junho de 2013. A segunda por suposto porte de 0,6g de maconha e 9,3g de cocaína, utilizado como justificativa para sua prisão e condenação por tráfico de drogas e associação ao crime organizado. Tudo isso baseando-se apenas nas alegações de policiais e ignorando o depoimento de Rafael e de testemunhas de que as provas foram forjadas.
Não defendemos Lula e sua política de colaboração de classes, de submissão aos interesses dos capitalistas. Esta foi a política que desorganizou a classe trabalhadora e preparou o terreno para a aprovação de ataques, como a reforma trabalhista. Lula e o PT adotaram a política e os métodos de governo da burguesia, incluindo a relação promíscua do governo com o grande capital.
Mas reafirmamos que quem tem o direito de julgar Lula e os dirigentes do movimento operário por suas traições são os trabalhadores, não o judiciário que busca utilizar tais condenações para seus interesses políticos de classe.
A condenação de Lula em segunda instância, que pode resultar em prisão e impedir sua candidatura (consequência da antidemocrática lei da Ficha Limpa), será também parte dos cálculos da burguesia sobre a serventia que Lula ainda pode ter para seus interesses. Afinal, diante da falência generalizada das instituições, dos partidos e dos políticos, ainda é Lula a liderança que tem alguma relação com as massas e que pode jogar algum papel para conter sua revolta.
Por isso, mesmo sob ataque, Lula mantém a linha conciliadora. Questionado se revogaria as reformas da previdência e trabalhista caso eleito, responde que: “Seria falso dizer que vou anular tudo”. Enquanto isso, o PT desvia a luta do eixo central de combate às reformas, ao governo Temer e ao Congresso. Esta é a linha que provocou a situação atual e que pode criar as condições para a prisão de Lula.
A divulgação da sentença de Moro ocorreu um dia após a aprovação da Reforma Trabalhista. É evidente a intenção de também diluir com este fato o brutal ataque promovido aos direitos, reduzindo sua repercussão entre os trabalhadores, desviando o foco da resistência desde a base.
A saída para a classe trabalhadora não passa nem pela Lava Jato, nem pela política de Lula e da direção do PT. Os trabalhadores e jovens não estão derrotados, as mobilizações vitoriosas do primeiro semestre demonstraram a disposição de luta existente. É preciso a reorganização sobre um novo eixo de independência de classe para abrir caminho para a abolição do regime, levando à lata do lixo da história o capitalismo, suas instituições, e as direções reformistas que bloqueiam a luta dos trabalhadores.