Ela foi iniciada não só contra o programa de austeridade aplicado pelo governo, neste momento dirigido em sua maioria contra os trabalhadores do setor público. Além disso, a greve estudantil tem o objetivo específico ser transformada em uma greve dos trabalhadores, mostrando a eles que os estudantes estão dispostos a lutar, na esperança que se inspirem nesta luta e votem por uma greve neste mês de abril.
Atualmente, existem mais de 50.000 estudantes em greve por tempo indeterminado. Outros 145.000 estão submetendo a voto uma greve similar. Algumas associações de estudantes que não estavam a favor de uma greve geral por tempo indeterminado votaram pela greve em dias específicos.
O número total de estudantes em greve em 02 de abril está agora em mais de 80.000. Esta greve é qualitativamente diferente da massiva greve estudantil de 2012. Ela foi iniciada não só contra o programa de austeridade aplicado pelo governo, neste momento dirigido em sua maioria contra os trabalhadores do setor público. Além disso, a greve estudantil tem o objetivo específico ser transformada em uma greve dos trabalhadores, mostrando a eles que os estudantes estão dispostos a lutar, na esperança que se inspirem nesta luta e votem por uma greve neste mês de abril (os acordos de negociação coletiva se realizam no final de março e o governo está exigindo congelamento de salários e outros cortes).
A greve começou em 21 de março com uma grande manifestação organizada pela ASSE (Associação de Estudantes). Mais de dez mil pessoas foram às ruas – a despeito das condições de frio e granizo. Participaram do evento vários de nossos camaradas canadenses que levaram uma faixa dizendo “Luta contra os cortes, luta contra o capitalismo”, e distribuiram um Manifesto para o movimento.
Ocorreu apenas uma prisão e algumas multas por terem sido lançados foguetes.
Esta semana a greve está com muita força com os estudantes fazendo piquetes nas portas das salas de aulas e manifestações contra a austeridade. Isto levou a confrontos com estudantes que estão contra a greve, ocorrendo os habituais bate bocas com a segurança e a polícia.
Em um vídeo gravado na Universidade de Laval se pode testemunhar um daqueles momentos em que um aluno está tentando entrar em uma sala de aula bloqueada e ele chama o segurança. Ocorre o seguinte diálogo:
O segurança: “Sua associação votou a favor da greve?”
O fura greve: “Bem, sim …”
Segurança: “Bem, por desgraça estás em greve, senhor”.
Uma novidade importante foi o renascimento da tradição com as “manifestações noturnas”, que começaram em 2012 quando o governo expulsou das negociações da ASSE os representantes dos estudantes.
Ontem à noite (terça-feira), mais de 5.000 estudantes e jovens marcharam pelas ruas de Montreal cantando contra a austeridade com slogans antigoverno e anticapitalistas. A polícia estava lá com sua tropa antimotim e ocorreram muitas provocações contra os manifestantes. É evidente que eles estavam tentando instigar alguma violência dentro dos manifestantes para justificar a sua dispersão, o que fizeram mais tarde, já durante a noite, usando gás lacrimogêneo e balas de borracha. Até agora ocorreram dezenas de prisões e multas impostas pelas polícia nos últimos dias.
Haverá outra manifestação noturna na sexta-feira.
No meio dos trabalhadores a pressão está acumulando-se na direção de alguma greve. Apesar de todos os discursos críticos contra o governo e seu programa de austeridade, os dirigentes sindicais têm de elaborar um plano de ação para a greve e na semana passada se manifestaram especificamente contra uma greve geral e contra ações ilegais de greve. Isso é em essência admitir a derrota, pois o governo deixou claro que ele não hesitará em usar a lei de retorno ao trabalho.
Mas a pressão está se acumulando desde baixo, com os trabalhadores da base exigindo ação. Muitos sindicatos locais aprovaram resoluções a favor de uma greve geral e os profissionais da saúde disseram que vão realizar uma greve legal em algum momento em abril contra os cortes na saúde. O fato de que os dirigentes sindicais tiveram que declarar explicitamente que são contra uma greve ilegal e a greve geral, de fato, mostra que muitos trabalhadores estão agora pensando nisso.
Em geral, devido a greve, se nota uma radicalização geral da população estudantil.
Lutar contra os cortes!
Lutar contra o capitalismo!
Apoiemos os trabalhadores!