Neste dia 5 de março, os revolucionários de todo o mundo celebram o aniversário de uma das mais importantes dirigentes da história do movimento operário, a polonesa Rosa Luxemburgo. Nascida em março de 1871, embora tenha começado a militância revolucionária em seu país de origem, Rosa é lembrada principalmente pela sua atuação no interior do Partido Social Democrata Alemão (SPD), maior partido operário da época, que contou com dirigentes como Engels, Kautsky e Bebel. Rosa se destacou pelo combate ao revisionismo, que cresceu no SPD à medida que o partido se adaptava à democracia burguesa, e lutou contra o desastroso apoio da direção social-democrata à burguesia alemã na Primeira Guerra Mundial. Rosa viveu e interviu em uma revolução, que eclodiu na Alemanha em 1918, mas foi derrotada principalmente pela traição da direção social-democrata. Nesse processo, um governo do próprio SPD foi responsável pela perseguição de Rosa e seu assassinato, com Karl Liebknecht.
Nossa homenagem a Rosa, por meio do texto de Maritania Camargo1, se deve ao seu legado político e teórico e pela postura coerente de combater pela revolução, denunciando o revisionismo e o oportunismo e se colocando sempre como parte da luta dos trabalhadores por um partido dos trabalhadores que pudesse encabeçar a luta pelo socialismo.
“A pequena e franzina Rosa era a personificação de uma energia sem igual. A cada momento exigia sempre o máximo de si mesma, e o conseguia. Quando, esgotada, ameaçava entrar em colapso, ela ‘descansava’ tendo um desempenho ainda maior. No trabalho e na luta cresciam-lhe asas.” (Clara Zetkin)
O ano de 2019 marca os 100 anos da morte de Rosa Luxemburgo. Como não é possível ignorar ou apagar a história, a burguesia tenta ludibriar as verdadeiras lições de Rosa, as verdadeiras lições legadas pelos revolucionários. Como disse Lênin:
“Os grandes revolucionários foram sempre perseguidos durante a vida; a sua doutrina foi sempre alvo do ódio mais feroz, das mais furiosas campanhas de mentiras e difamação por parte das classes dominantes. Mas, depois da sua morte, tenta-se convertê-los em ídolos inofensivos, canonizá-los por assim dizer, cercar o seu nome de uma auréola de glória, para ‘consolo’ das classes oprimidas e para o seu ludíbrio, enquanto se castra a substância do seu ensinamento revolucionário, embotando-lhe o gume, aviltando-o. A burguesia e os oportunistas do movimento operário se unem presentemente para infligir ao marxismo um tal ‘tratamento’.”
O capitalismo tenta de alguma forma transformar a imagem de Rosa Luxemburgo em um produto vendável, em especial tenta marcar Rosa Luxemburgo como uma “crítica” da Revolução Russa, o que, vindo da propaganda burguesa, é a mais pura difamação:
“Nessa situação, coube à tendência bolchevique o mérito histórico de ter proclamado e seguido, desde o início, com uma coerência férrea, a única tática que podia salvar a democracia e fazer avançar a revolução. Todo o poder exclusivamente nas mãos das massas trabalhadoras e camponesas, nas mãos dos sovietes – essa era de fato a única saída para as dificuldades em que a revolução havia caído, o golpe de espada que cortava o nó górdio –, tirava a revolução do impasse e deixava o campo livre para que ela continuasse a se desenvolver sem entraves. O partido de Lênin foi, assim, o único na Rússia que compreendeu, nesse primeiro período, os verdadeiros interesses da revolução, foi o elemento que a fez avançar e, nesse sentido, o único partido que praticou uma política realmente socialista. Isso explica também por que os bolcheviques, minoria proscrita, caluniada e acuada por todos os lados no início da revolução, se tornaram, num tempo muito curto, seus dirigentes e puderam reunir, sob a sua bandeira, todas as massas realmente populares: o proletariado urbano, o exército, os camponeses, assim como os elementos revolucionários da democracia, a ala esquerda dos socialistas revolucionários.” (A Revolução Russa)
As críticas de Rosa eram mais do que tudo um estudo da situação, à distância, que são muito bem explicadas nas palavras de Pierre Broué:
“Sabemos que Rosa Luxemburgo escrevera notas, ao mesmo tempo entusiásticas e fortemente críticas, acerca da tomada do poder pelos bolcheviques, do terror vermelho, da dissolução da constituinte e da suspensão das liberdades. Esquecemos frequentemente talvez que ela se opusera a sua publicação: tratavam-se de notas de trabalho para seu uso pessoal, ideias das quais ela não estava certa de ter o direito ou o dever de exprimir, devido à fraqueza de suas informações, que somente serão publicadas após sua morte, num contexto político que, evidentemente, lhes conferia um sentido diferente.”
Por outro lado, alguns movimentos vinculam a imagem da socialista alemã como símbolo do movimento feminista. Desde o início da militância de Rosa, as ideias feministas já existiam e já havia uma distinção muito bem demarcada entre a luta das mulheres operárias e a luta da burguesia.
“A mulher burguesa não tem nenhum interesse real em direitos políticos, pois não exerce uma função econômica na sociedade, pois usufrui dos frutos acabados da dominação de classe. A reivindicação por igualdade de direitos femininos é, onde ela se manifesta nas mulheres burguesas, mera ideologia de alguns grupos fracos, sem raízes materiais, um fantasma da oposição entre a mulher e o homem, uma esquisitice. Por isso, o caráter anedótico do movimento das sufragetes.
A proletária precisa de direitos políticos, pois exerce a mesma função econômica que o proletário masculino na sociedade, se sacrifica igualmente para o capital, mantém igualmente o Estado, é igualmente sugada e subjugada por ele. Ela tem os mesmos interesses e precisa, para sua defesa, das mesmas armas. Suas reivindicações políticas estão profundamente enraizadas no abismo social que separa a classe dos explorados da classe dos exploradores; não na oposição entre o homem e a mulher, mas na oposição entre o capital e o trabalho.” (A Proletária)
O movimento feminista nada tinha que ver com o movimento da classe operária. Se na atualidade a palavra feminista, de alguma forma, nos parece familiar, essa é uma distorção histórica que precisa ser corrigida. Tanto é que Clara Zetkin, amiga de Rosa até o fim da vida, foi responsável pela fundação da Organização Internacional das Mulheres Proletárias e que, nas palavras de Paul Frolich: “Rosa e Clara firmaram uma aliança que se manteve firme em todas as lutas”.
Não, Rosa Luxemburgo, não foi uma feminista. É com o intuito de aprofundar essas questões teóricas que, em 2019, o Movimento Mulheres pelo Socialismo lançou a brochura com a resolução da CMI sobre “O marxismo e a luta contra as ideias estranhas à classe trabalhadora” e tem feito debates por todo o Brasil com essa temática, portanto, reivindicando o legado de Rosa Luxemburgo:
“É curioso observar que os marxistas são acusados de descuidar ou ignorar os problemas das mulheres. Mas os marxistas inscreveram os problemas das mulheres e o sufrágio masculino e feminino universal em seu programa desde o início. E isto antes das sufragistas…
Tão logo o Partido Bolchevique tomou o poder na Rússia em 1917, realizou o programa mais amplo da história para a emancipação das mulheres…” (O marxismo e a luta contra as ideias estranhas a classe trabalhadora)
Tampouco Rosa é uma imagem que o capitalismo possa utilizar. A águia, como a alcunhou Lênin, foi uma inimiga incansável da burguesia, uma verdadeira comunista. Uma marxista convicta. É daí que partimos para qualquer homenagem que queiramos fazer.
Rosa Luxemburgo nasceu e morreu entre revoluções. Seu nascimento foi em 5 de março de 1871, ano da Comuna de Paris, e sua morte em 15 de janeiro de 1919, em meio à Revolução Alemã. Como afirma Pierre Broué, Rosa Luxemburgo era um cérebro poderoso, uma escritora de talento, uma oradora invejável que provocava muito respeito e também um profundo ódio, seja por ser mulher, ter nascido judia ou simplesmente por ser uma revolucionária de envergadura notável. Filha de uma família judia emancipada e culta, em fins do século XIX, Rosa teve acesso a uma boa formação. O pai, um liberal progressista e que, muito provavelmente, não foi um socialista por ainda ter conhecimento limitado sobre o tema. Por outro lado, a mãe, uma mulher muito à frente de se tempo, inclusive para as mulheres judias, com vasto conhecimento sobre literatura e arte polonesa e alemã, o que sem nenhuma dúvida marcou profundamente Rosa. Relata-se que em sua casa se falava sobre Goethe, Schiller e Mickiewicz como algo corriqueiro.
Com o objetivo de dar uma boa formação aos filhos, o pai de Rosa muda-se para Varsóvia quando a menina tinha cerca de 13 anos. Ainda no ginásio, conhece o movimento operário e junto com estudantes dá os primeiros sinais de sua liderança e revolta contra o Estado. Aos 16 anos já colabora com o Partido Socialista Revolucionário (Proletaiat). Acredita-se que participou da fundação da Liga Polonesa de Trabalhadores, mas de todo modo foi muito próxima. Perseguida por seu engajamento, por participar do movimento ilegal polonês, é levada à fuga. Vai de Varsóvia a Zurique e é nas alturas de Zurique que a águia dá seus primeiros vôos notáveis.
Na Suíça conhece Leo Jogiches, um revolucionário lituano, e outros socialistas russos exilados, como Plekhanov. Leo será o seu dirigente e, de alguma forma, o homem que mais a influenciou em vida. Com ele tem uma relação amorosa de 15 anos e, politicamente, de toda a vida. Os registros são de que Rosa era uma mulher muito discreta na vida pessoal e muito eloquente na vida política. Sua grandeza era teórica, dirigente e, acima de tudo, militante.
Entre 1889 e 1897, frequenta a Universidade de Zurique e tem uma militância forte. Aos 26 anos defende o doutorado. No mesmo ano, casa-se burocraticamente com Gustav Lübeck com o objetivo de torna-se cidadã alemã. É 1898, Rosa está em Berlim e tem nacionalidade alemã, conhece Clara Zetkin (amiga de Rosa até o fim da vida) e a partir de então se torna próxima dos grandes dirigentes do SPD – Sozialdemokratische Partei Deutschlands (Partido Socialdemocrata Alemão) –, Kautsky, Bebel, Clara Zetkin, e em especial torna-se amiga da família Kautsky. É no SPD que se tornará conhecida como uma das mais importantes dirigentes da história do movimento operário mundial.
Quando escreve “Reforma Social ou Revolução?”, Rosa tem apenas 27 anos e se torna conhecida por travar neste texto uma dura luta contra Eduard Bernstein, dirigente do partido que se considerava o próprio herdeiro de Marx por ter com este militado, tão herdeiro que acreditava poder revisar a obra de Karl. Neste livro Rosa dá a primeira demonstração de seu porte. Aliás, há de se considerar, sem nenhuma dúvida, este livro um dos pontos altos dos escritos de Rosa. Explica que a conciliação proposta por Bernstein está em total contradição com o socialismo científico. É sem dúvida uma obra obrigatória para todo revolucionário:
“A maior conquista da luta da classe proletária, no decurso da sua evolução, foi descobrir que a realização do socialismo encontra apoio nos fundamentos econômicos da sociedade capitalista. Até esse momento o socialismo, que era um ‘ideal’, objeto dos sonhos milenários da humanidade, tornou-se uma necessidade histórica.” (Reforma ou Revolução?)
Entre 1900 e 1914, Rosa participará ativamente da Internacional, de congressos, de polêmicas e das famosas divergências com Lênin, o que não impediu que Lênin, após sua morte, tenha defendido sua obra como um todo, mesmo que Rosa tenha cometido muitos erros teóricos, seja na questão nacional, seja na discussão sobre a organização do partido. Lênin explica que Rosa tinha toda a razão sobre a questão política para a Polônia, mas generalizava para a questão nacional. Justamente aí há uma diferença entre eles, com Lênin defendendo o direito à autodeterminação dos povos, questão que Rosa nunca compartilhou. Rosa passou longos anos estudando a Polônia e por fim concluiu que a independência nacional não poderia ser o objetivo do proletariado polonês, ao passo que Lênin anos mais tarde fala sobre o mesmo tema, sob a luz dos acontecimentos, dizendo: “Levantar o lema da independência da Polônia agora, no atual estado das relações entre os Estados imperialistas vizinhos, significa correr atrás de utopias, incorrer no nacionalismo mesquinho e esquecer as precondições das revoluções, inclusive da russa e da alemã. […] A situação, sem dúvida, é muito confusa, mas há uma saída que permitiria a todos os envolvidos permanecer internacionalista: esse seria o caso se os socialdemocratas russos e alemães exigissem para a Polônia a ‘liberdade de separação’ incondicional e os socialdemocratas poloneses lutassem pela unidade da luta proletária nos países pequenos e nos países grandes, sem levantar o lema da independência da Polônia”.
Sua concepção sobre a forma de organização do partido foi um erro que sem dúvida contribuiu, de forma indireta, para seu assassinato sob responsabilidade da socialdemocracia. A falta de uma organização partidária tal qual os bolcheviques souberam construir foi uma falta central na Revolução Alemã.
O texto “Questões de organização da socialdemocracia russa” é uma dura crítica ao livro de Lênin “Um passo à frente, dois passos atrás”, onde o centro do debate é a organização partidária. Rosa fala com desdém daquilo que intitula “ultracentralismo”, ou seja, o centralismo democrático. Crítica os estatutos da socialdemocracia russa, afirmando que os métodos de organização propostos por Lênin são de delegar poderes irrestritos ao comitê central do partido, uma disciplina partidária rigorosa aos extremos, segundo ela.
Lênin responde ao texto de Rosa de forma dura e precisa, agradecendo os alemães por se preocuparem com a literatura partidária russa, mas explicando que as críticas de Rosa são totalmente infiéis ao que Lênin realmente havia escrito e defendido. Aponta todos os equívocos de Rosa: “mas devo indicar que o artigo de Rosa Luxemburgo na Neue Zeit não dá a conhecer aos leitores o meu livro, mas algo diferente. É o que se vê pelos exemplos seguintes. A camarada Luxemburgo diz, por exemplo, que no meu livro se exprimiu distinta e claramente a tendência de um ‘centralismo intransigente’. A camarada Luxemburg supõe, deste modo, que eu defendo um sistema organizativo contra um outro. Mas de fato não é assim. Ao longo de todo o livro, da primeira à última página eu defendo os princípios elementares de qualquer sistema de qualquer organização partidária concebível”.
Mais tarde, quando Lênin fala sobre a brochura de codinome “Junius”, os erros do passado ficam mais evidente e Lênin retoma a crítica e, ainda que elogie o texto “Junius” de modo geral, faz precisões que considera indispensáveis aos marxistas: “A maior deficiência de todo o marxismo revolucionário na Alemanha é a ausência de uma organização ilegal coesa que aplique sistematicamente a sua linha e eduque as massas no espírito das novas tarefas”.
A história foi capaz de mostrar a Rosa, ainda em vida, o seu erro quanto à organização partidária, quando o Partido Bolchevique centralizado e extremamente disciplinado, como ela mesmo disse, foi o único capaz de dirigir a Revolução de Outubro.
A partir de 1914, quando explode a guerra, Rosa é a primeira dentro da Socialdemocracia Alemã a ter uma avaliação clara sobre o significado da guerra, uma guerra imperialista. É ela que centraliza Karl Liebknecht quando ele vota no parlamento alemão sozinho contra os créditos de guerra. Todavia, em seguida hesita seguir as orientações de Lênin:
“Começou a guerra, começou a crise. Em vez da tática revolucionária, a maioria dos partidos socialdemocratas aplicaram uma táctica reacionária, colocando-se ao lado dos seus governos e da sua burguesia. Esta traição ao socialismo significa a falência da II Internacional (1889-1914), e nós devemos aperceber-nos do que causou essa falência, do que gerou o social-chauvinismo, daquilo que lhe deu força.” (O Socialismo e a Guerra)
Ainda que houvesse convergência sobre isso, havia hesitação em construir outro partido, em sair do SPD. Nestes anos havia divergências consideráveis entre Lênin, Rosa, Liebknecht e Trotsky.
Ainda em 1914, Rosa é condenada a um ano de prisão em virtude de um discurso contra a guerra proferido em 1913, cuja acusação é de incitação à desordem. De fevereiro de 1915 a 1916, Rosa fica na prisão.
Em janeiro de 1916, publica “A crise da Socialdemocracia”, um acerto de contas com a política adotada pelo SPD. Em julho, é novamente presa e aí ficará até 8 de dezembro de 1918, quando explode a Revolução Alemã.
Rosa passa praticamente todos os anos de guerra no cárcere, mas de lá dirige a oposição ao SPD, com Liebknecht. Em 1916, formam a Liga Spartakus e, em abril de 1917, juntam-se ao Partido Socialdemocrata Independente. Rosa observa atenta a guerra e muito mais a Revolução Russa.
Mas é no ano de 1918 que a revolução chegará às portas do cárcere e este é o ano fundamental, onde os erros e acertos dos revolucionários alemães foram decisivos. Rosa participa por fim da fundação do Partido Comunista Alemão nos últimos dias de dezembro de 1918. O congresso é tomado por um esquerdismo infantil, contra a posição dos quadros mais velhos, entre eles Rosa Luxemburgo. Janeiro inicia com guerra civil. O governo de Ebert e Scheidemann (SPD) avança na contrarrevolução. O sanguinário dirigente socialdemocrata Noske cumpre seu papel e esmaga o levante operário de janeiro de 1919.
Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht se recusam a abandonar Berlim. Decisão fatal. Em 15 de janeiro, foram presos no apartamento onde estavam e foram levados até o hotel Eden, quartel-general das Freikorps, uma organização paramilitar católica e monarquista acobertada pelos dirigentes socialdemocratas governantes e que se transformaria mais tarde nas “SA” (Tropas de Assalto” de Hitler). São maltratados e assassinados a sangue frio. O corpo de Rosa Luxemburgo foi jogado no Canal Landwehr, no Tiergarten, um parque em Berlim, e só encontrado em maio. Nunca se encontrou efetivamente quem deu a ordem dos assassinatos, mas sem nenhuma dúvida essa é uma mancha que separa a socialdemocracia dos comunistas e que não há como apagar. Sob o comando do SPD, milhares de revolucionários tombaram, assassinados pelo exército ou pelas Freikorps. A contrarrevolução venceu, mas a história não acabou e a memória de Rosa Luxemburgo permanece viva entre nós.
Rosa é daquelas figuras fascinantes da história. Mulher muito à frente do seu tempo, fazia da consciência de classe sua própria potência, fosse na vida pessoal ou pública. De uma sensibilidade marcante e ao mesmo tempo de uma força impressionante. É possível relembrar vários fatos, belas ou enérgicas cartas aos grandes nomes do movimento operário da Alemanha do começo do século XX, panfletos, textos, livros, erros, acertos, mas, acima de tudo, as poucas palavras que destinamos sobre Rosa têm por objetivo traçar resumidamente sua trajetória e, o mais importante, fazer jus ao que Rosa deixou de mais fundamental: a incansável crença na derrubada do sistema, a luta pelo socialismo, a defesa incansável do legado de Marx e Engels. Rosa foi uma autêntica socialista. É ela a responsável pela popularização internacional da expressão marxista: socialismo ou barbárie!
E a necessidade de defesa de seu legado é muito bem explicada por Lênin:
“Responderemos a isso citando duas linhas de uma fábula russa: ‘As águias podem às vezes voar mais baixo que as galinhas, mas as galinhas nunca podem chegar à altura das águias’. [Rosa] apesar de seus erros […] foi e continua sendo para nós uma águia. E não apenas os comunistas em todo o mundo cuidarão de sua memória, mas sua biografia e seus trabalhos completos servirão como manuais úteis para o treinamento de muitas gerações de comunistas em todo o mundo.”
Rosa vive!
1 Artigo publicado originalmente na revista América Socialista n.º 14, de abril de 2019.