O ano de 2018 marca os 200 anos do nascimento de Karl Marx, o filósofo, jornalista, escritor, mas acima de tudo um revolucionário. Escrever sobre Marx, não é escrever sobre o homem, mas sobre suas ideias, a importância e a força que permanecem ainda nos dias de hoje. Tamanha foi sua genialidade que sua obra não se trata de um livro ou outro, mas dezenas deles e que dificilmente se pode aferir o grau de importância de um em relação ao outro.
Nascido na Alemanha, Marx logo se tornou cidadão do mundo. Nasceu em uma família abastada, mas sua consciência de classe o colocou ao lado dos trabalhadores de todo o mundo convocando-os a unir-se e pôr abaixo o capitalismo.
Suas ideias chacoalharam as bases do ainda jovem capitalismo e despertaram o ódio da burguesia atentando contra as ideias formuladas por Marx da forma mais feroz possível. A publicação em 1848 do Manifesto do Partido Comunista, escrito com seu grande parceiro Friedrich Engels, foi um duro golpe na burguesia e a melhor descrição do impacto de suas idéias está expresso nas primeiras linhas dessa obra fundamental do comunismo:
“Anda um espectro pela Europa — o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro, o papa e o tsar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães.
Onde está o partido de oposição que não tivesse sido vilipendiado pelos seus adversários no governo como comunista, onde está o partido de oposição que não tivesse arremessado de volta, tanto contra os oposicionistas mais progressistas como contra os seus adversários reacionários, a recriminação estigmatizante do comunismo?
Deste fato concluem-se duas coisas:
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O comunismo já é reconhecido por todos os poderes europeus como um poder.
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Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo inteiro o seu modo de ver, os seus objectivos, as suas tendências, e de contraporem à lenda do espectro do comunismo um Manifesto do próprio partido.
Com este objetivo reuniram-se em Londres comunistas das mais diversas nacionalidades e delinearam o Manifesto seguinte, que é publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês.”
A força de seus pensamentos é tamanho que 90 anos após a publicação do Manifesto do Partido Comunista, o revolucionário russo Leon Trotsky reafirmou não só a razão da concepção materialista da história, como destacou a necessidade fundamental de assimilar esse conceito para ser um verdadeiro militante revolucionário. Trotsky ainda destaca a frase: “A história de todas as sociedades até os dias de hoje não foi senão a história da luta de classes”. Para ele, a força dessa frase reside no fato de ser a mais importante conclusão da concepção materialista. Certamente o prefácio ao Manifesto escrito por Trotsky dá um panorama da genialidade de Marx.
Ao explicar através de uma análise científica o fracasso do capitalismo e a necessidade do proletariado cumprir seu papel de pôr abaixo este sistema baseado na exploração do homem pelo homem, Marx lançou as bases para a luta socialista em todo o globo. Suas ideias inspiraram gerações e seu fruto mais belo certamente foi a Revolução Russa de outubro de 1917.
A opção de Marx, a sua dedicação, suas contribuições e a elaboração de suas obras têm significado fundamental para o proletariado mundial. Acredito que a melhor maneira de encerrar esse texto é com as palavras que Engels usou no funeral de seu grande amigo e camarada:
“Pois, Marx era, antes do mais, revolucionário. Cooperar, desta ou daquela maneira, no derrubamento da sociedade capitalista e das instituições de Estado por ela criadas, cooperar na libertação do proletariado moderno, a quem ele, pela primeira vez, tinha dado a consciência da sua própria situação e das suas necessidades, a consciência das condições da sua emancipação — esta era a sua real vocação de vida. A luta era o seu elemento. E lutou com uma paixão, uma tenacidade, um êxito, como poucos. A primeira Rheinische Zeitung em 1842, o Vorwärts! de Paris em 1844, a Brüsseler Deutsche Zeitung em 1847, a Neue Rheinische Zeitung em 1848-1849, o New-York Tribune em 1852-1861 — além disto, um conjunto de brochuras de combate, o trabalho em associações em Paris, Bruxelas e Londres, até que finalmente a grande Associação Internacional dos Trabalhadores surgiu como coroamento de tudo — verdadeiramente, isto era um resultado de que o seu autor podia estar orgulhoso, mesmo que não tivesse realizado mais nada.
E, por isso, Marx foi o homem mais odiado e mais caluniado do seu tempo. Governos, tanto absolutos como republicanos, expulsaram-no; burgueses, tanto conservadores como democratas extremos, inventaram ao desafio difamações acerca dele. Ele punha tudo isso de lado, como teias de aranha, sem lhes prestar atenção, e só respondia se houvesse extrema necessidade. E morreu honrado, amado, chorado, por milhões de companheiros operários revolucionários, que vivem desde as minas da Sibéria, ao longo de toda a Europa e América, até à Califórnia; e posso atrever-me a dizê-lo: muitos adversários ainda poderia ter, mas não tinha um só inimigo pessoal.
O seu nome continuará a viver pelos séculos, e a sua obra também!”