“Nunca na história desse país a grande burguesia lucrou tanto”. Essas palavras, ditas pelo próprio Lula, na abertura do 5º Congresso do PT, escancaram a politica de conciliação de classes levada a cabo pela direção do partido e pelo governo federal.
“Nunca na história desse país a grande burguesia lucrou tanto”. Essas palavras, ditas pelo próprio Lula, na abertura do 5º Congresso do PT, escancaram a politica de conciliação de classes levada a cabo pela direção do partido e pelo governo federal. Apesar de toda a submissão do PT aos interesses do capital, um setor da burguesia ainda quer mais, quer desmoralizar e destruir o partido nascido da classe operária e que despertou milhões para a luta política, quer intimidar todos os militantes e movimentos sociais. Para isso criaram o show ao redor da Ação Penal 470, apelidada de “mensalão”, um processo fraudulento que condenou quatro dirigentes do PT, e que já levou três deles, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, para a prisão.
No dia 13 de dezembro, segundo dia do congresso do partido, foi realizado um ato de solidariedade aos condenados. Sem a presença de Lula, Dilma e dos principais dirigentes. O ato começou com uma hora de atraso e, ainda assim, com metade das cadeiras vazias. No dia anterior, o plenário estava cheio para ouvir Lula e Dilma. Diante de palavras de ordem que pediam para defender os companheiros, Lula teve que explicar que não iria falar nada sobre a AP 470, que só iria se pronunciar após o fim do julgamento. Uma posição vergonhosa! Com os companheiros já presos, o que mais ele quer esperar?
Ao Congresso do PT foi dado o nome de dois ex-dirigentes: Luiz Gushiken e Marcelo Déda. Ambos morreram de câncer esse ano. Algum desavisado que passasse pelo ato, durante o Congresso, teria a certeza de que os falecidos eram, na verdade, Dirceu, Genoino e Delúbio. O ato de “solidariedade” aos condenados mais parecia uma cerimônia fúnebre cheia de lamentações e pouca luta.
Aos mortos, nada mais pode ser feito além de homenagens, mas para os vivos, que foram injustamente presos, o mínimo que o PT deveria fazer era uma campanha nacional contra as prisões e pela anulação da AP 470.
Falaram no ato o irmão de Delúbio, o irmão de Genoino, a filha de Dirceu e o Deputado João Paulo Cunha, que também foi condenado e pode a qualquer momento ter a sua prisão decretada. Os parentes prenderam-se aos relatos pessoais, João Paulo apontou as contradições do julgamento, e nenhuma palavra se falou sobre mobilizações de massas contra as prisões e pela anulação do julgamento. A linha geral foi dada pela direção do partido: a batalha agora é garantir a vitória de Dilma em 2014 para dar a resposta ao STF e à sociedade.
Diante da pressão de sua própria base, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB) teve que apresentar uma emenda de última hora ao texto final, de apoio às “iniciativas da militância e movimentos sociais em favor da reparação das injustiças e ilegalidades cometidas contra os companheiros condenados”. Ou seja, recusam-se, uma vez mais, a colocar o partido na linha de frente na defesa de seus dirigentes.
O que a burguesia quer com essas condenações não é apenas desmoralizar o PT e os petistas. Ao colocar na cadeia os dirigentes do principal partido de esquerda do país, a burguesia busca criar as condições politicas e jurídicas para reprimir todos os movimentos sociais. Muitos dirigentes da CUT, da UNE e do MST já perceberam isso, e se mostram dispostos a lutar contra as arbitrariedades do STF. Porém, a covardia da direção do PT, que não quer entrar em choque com as instituições do Estado, e dos próprios condenados, que também não convocam a militância a se levantar contra o julgamento, impedem que essa indignação se transforme em uma grande revolta popular. Isso abre as portas para a repressão e criminalização de todos os movimentos sociais.
Diante da covardia e da traição da direção do PT a Esquerda Marxista chama uma campanha contra a criminalização dos movimentos sociais, pela anistia a todos os processados, condenados e presos por lutarem pelas reivindicações populares e da classe trabalhadora. É preciso unidade e mobilização para barrar a criminalização e repressão, é preciso uma campanha nacional e de frente única em defesa da luta da classe trabalhadora!