No dia 11 de Novembro, ganhou destaque nas redes o anúncio de que o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, encaminhará à empresa que faz a gestão do transporte coletivo, a SPTRANS, um pedido de estudo para avaliar a viabilidade de um projeto de tarifa zero.
A proposta gira em torno da manutenção da propriedade privada sobre os ônibus, o que significa que o custo para “manutenção da tarifa zero” de que fala Ricardo Nunes incluí na verdade o lucro exorbitante dos empresários do transporte que, já atualmente, têm margens de lucros fantásticas e que tendem aumentar ainda mais com a proposta como apresenta o prefeito.
Atualmente todos os valores arrecadados na cobrança de tarifas – ônibus, trens e metrô – são destinados a um fundo compartilhado e depois redistribuídos entre as diferentes empresas que prestam o serviço. Esse modelo já é extremamente prejudicial às empresas públicas que ficam praticamente excluídas desse fundo (metrô e CPTM receberam juntas cerca de 0,2% arrecadado no mês de maio deste ano). Isso evidencia o verdadeiro caráter da cobrança de tarifas. Nunca foi sobre subsidiar o transporte público e sim sobre alimentar a sanha de empresários e capitalistas.
Enquanto que as empresas de ônibus receberam 3 bilhões de reais ao longo de 2021 via SPTRANS pelo fundo compartilhado de passagens citado acima, a proposta atual de Ricardo Nunes prevê um gasto de 10 bilhões com essas empresas. Triplicando com um golpe de caneta as rendas desses parasitas, ao passo que sob a bandeira da “inclusão” e “acessibilidade” dissimula um “aumento de tarifa” sem precedentes, mas que agora será cobrado nos bastidores.
A Luta Por um Transporte Público, Gratuito e Para Todos
Em uma grande metrópole como São Paulo o transporte público é o único meio para milhões de trabalhadores e jovens se desloquem até os locais de serviço e de estudo todos os dias, mas também para que possam usufruir o que oferece a cidade, ou seja, a riqueza produzida pelo conjunto da classe trabalhadora.
No modelo atual os capitalistas são incentivados a reduzir o investimento na manutenção do transporte público, o que possibilita diminuir seus gastos e com isso aumentar a taxa de lucro. Da mesma forma, os empresários são incentivados a reduzir a frota e lotar os veículos que circulam já que seus ganhos estão ligados ao número de cabeças que circulam e não pelo número da frota. Sem falar na pressão constante exercida sobre os governos para o aumento das tarifas cobradas sobre os passageiros.
Como pudemos observar, os principais problemas relacionados ao transporte público e que são vivenciados todos os dias são resultado da subordinação do sistema de transporte ao lucro privado de um punhado de capitalistas parasitas. Por isso, nós marxistas, afirmamos que os problemas do transporte público só podem ser resolvidos na base de uma propriedade coletiva dos meios de transporte sob a gestão democrática dos trabalhadores, para que se organize em torno dos interesses e demandas da classe trabalhadora e da juventude.
A tarifa zero de Ricardo Nunes é um embuste que pretende esconder a entrega desenfreada de recursos diretamente aos capitalistas. A crise do capital – para qual nenhum analista sério do campo burguês vê qualquer saída – impõe à burguesia uma apropriação de parcela cada vez maior da riqueza social, a concentração de renda e multiplicação dos super ricos e dos miseráveis nos dois polos da pirâmide são marcas características desse processo e que pode ser observado no mundo todo. Ao mesmo tempo essa crise faz tremer até a medula a própria burguesia diante da instabilidade criada. Fica claro que a medida de Ricardo Nunes busca contornar o que tem sido um tema explosivo na vida política – principalmente da juventude – no último período: o direito do acesso ao transporte público.
É tarefa dos revolucionários desmascarar e expor diante de todos os trabalhadores e jovens as mentiras e as farsas da burguesia e seus serviçais. A verdade é que nós já pagamos pelo transporte tanto quanto a educação ou saúde na hora da cobrança dos impostos sobre a nossa classe. Não se trata de um problema de falta de recursos ou riquezas. Esses existem em abundância, produzidos pela classe trabalhadora, mas se encontra quase que totalmente concentradas nas mãos da burguesia.
Para lutar contra esse estado de coisas, para construir o futuro comunista da humanidade, é que nos organizamos e combatemos em todas as frentes, lado a lado com os filhos mais avançados e abnegados da classe trabalhadora. Venha você também se organizar e combater em nossas fileiras pela construção de um partido revolucionário de massas e uma internacional comunistas capazes de apontar um caminho em direção a um novo mundo!