No dia 16 de março, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) se manifestou contra o decreto municipal da Prefeitura de Florianópolis (n.22.636), de 15 de março de 2021, com relação à suspensão das aulas presenciais até o dia 22 de março. Sua defesa é que se permaneçam as aulas presenciais, pois não existem dados científicos que comprovem a eficácia desta medida para o controle da pandemia, já que as crianças são pouco atingidas pela Covid-19.
Ainda, argumentam que não existem evidências da transmissibilidade pelas mesmas. Não são o que as últimas notícias apontam! Em São Paulo, por exemplo, em uma pesquisa feita pela USP e UNESP, existe um aumento de 24% dos casos de crianças e adolescentes infectados, se comparados os meses de dezembro de 2020 e fevereiro de 2021. Ainda, têm aparecido vários casos de crianças, depois de recuperadas da infecção da Covid-19, com Síndrome Multissistêmica Pediátrica (SMI-P), síndrome que ataca o sistema respiratório, cardiovascular, renal, neurológico e renal.
Outra questão é que o CRM desconsidera os profissionais da educação envolvidos neste processo. Para se ter um dado, no Brasil, temos 2,6 milhões de professores (mais de 1,2% da população), sem contar com os outros profissionais de equipe de apoio. Assim, o CRM diz que não tivemos aumento nas UTIs pediátricas. Mas, eles sabem quantos professores já morreram neste processo de reinício das aulas? Um exemplo emblemático é o caso de um Núcleo de Educação Infantil Municipal em Florianópolis. Por conta de uma reunião presencial incentivada pela Secretaria de Educação, 20 de 30 profissionais foram infectados, sendo que dois deles estão na UTI e o diretor veio à óbito na semana passada.
O CRM está a serviço dos grandes empresários da educação privada. Defendem um discurso da educação como serviço essencial, mas as políticas públicas nunca legitimaram isso. O investimento na educação pública diminui a cada ano, assim como a valorização de seus profissionais. O Brasil é o número um no ranking de agressão aos professores. O que esperar de um conselho que expressa os desejos da elite catarinense?
Entretanto, o governo abre brecha para este discurso quando decreta um lockdown noturno, ou seja, só não funcionam as escolas, mas tudo pode abrir até às 18 horas. Além disso, deixa explícito que o importante aqui é o lucro, não se importando com a vida dos trabalhadores que estarão expostos à pandemia em seus locais de trabalho até o horário estabelecido.
É claro que só o fechamento das escolas não irá colaborar para a diminuição da curva da pandemia. Mas, para isso, o governo precisa comprar uma briga que não quer com todos os empresários, já que para fechar o comércio é preciso dar subsídios para que os pequenos empreendedores possam se manter. O governo e os grandes empresários que ele defende não estão dispostos a diminuir seus lucros para salvar a vida da população. Por isso, é preciso revolucionar o modo de produção, pois enquanto o capital imperar serão as vidas dos trabalhadores, crianças, jovens e adultos que estarão na berlinda.
- Em defesa da vida de todos os trabalhadores, lockdow total já!
- Vacina para todos!
- Abaixo o governo Bolsonaro, já!