XII Congresso do SINTE/SC - Imagem: Maciel Frigotto

Aos companheiros que constroem a oposição sindical do Sinte/SC: a questão da proporcionalidade

Nós da Corrente Sindical Esquerda Marxista, agora Organização Comunista Internacionalista (OCI), somos contra a proporcionalidade no Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC). Temos acordo com a proporcionalidade em entidades representativas, que têm como função unificar todas as categorias da nossa classe, a exemplo da CUT. No entanto, esse não é o caso do Sinte e de nenhum outro sindicato de base que elege a direção da entidade no voto direto. Os dirigentes do sindicato de base precisam estar cotidianamente em contato com sua categoria, ser reconhecidos, cobrados, mantidos ou substituídos a qualquer tempo!

Aos companheiros que compõem a oposição, estamos juntos no combate, há décadas, contra as traições da direção estadual do Sinte. Os sinais dos bloqueios para vitórias são evidentes. Temos certeza que a falta de participação de trabalhadores nas instâncias de seu sindicato não é natural, mas consequência do abandono do trabalho de base da direção sindical.

O salário-base dos professores de Santa Catarina é um dos piores do Brasil e as condições de trabalho são cada vez piores. As aulas online, que começam a fazer parte da rotina das escolas, o ataque às aposentadorias, as privatizações que estão sendo organizadas pelo bolsonarista Jorginho Mello (PL), entre inúmeras outras derrotas, também não encontram resposta da direção.

Em momentos de crise, em que vemos a organização sindical derreter em torno da burocracia, as soluções podem parecer não estar ao alcance das nossas mãos. Porém, não podemos nos deixar enganar nem nos iludir com propostas que, além de não avançar na consciência geral dos trabalhadores, acabarão por retroceder nossa organização e contato real com o conjunto de trabalhadores em Educação.

Na ideia, a proporcionalidade parece oportunizar, como num passe de mágica, uma oposição na direção, construindo a luta de cima para baixo. Mas o que acontece com essa “saída”, na prática, é a confusão na base, a adaptação dos membros de oposição que ganham cadeiras executivas e imobilização de construções básicas, como, por exemplo, um material informativo do sindicato, onde cada força defenderá sua política. 

O sindicato de base, ferramenta fundamental para a organização da classe trabalhadora em seus vários ramos de trabalho, é um instrumento de luta e não um gabinete da burocracia sindical.

Por ser uma entidade de base, a direção do Sinte tem que estar exposta para que sua própria política seja seguida ou criticada. Não é possível manter dois grupos antagônicos na direção, fazendo a categoria não saber mais a quem reclamar, colocando oposição e direção no mesmo balaio de dirigentes. A própria história do Sinte demonstra como essa proposta promove o engessamento da direção sindical, a partir dos anos de experiência com proporcionalidade. 

O Sinte é disputado por distintas forças, tanto à esquerda quanto à direita da direção atual. Com a proporcionalidade, a direita pode ganhar um espaço e utilizá-lo só para atrapalhar a direção sindical, desviando o foco da luta dos trabalhadores em Educação. E como a base veria essa disputa? A política que seria aprovada a cada reunião da executiva seria de qual grupo político? 

Mesmo entre a esquerda há diferentes frações, que possuem programas completamente distintos. A esquerda que defende a luta revolucionária da classe trabalhadora e as necessidades imediatas de nossa categoria não pode compor diretamente com quem não atua com independência dos governos e do Estado!

A luta de classes sempre nos comprovou que para varrermos uma direção burocrata, que não representa mais os anseios dos trabalhadores, não tem como alternativa a disputa por cargos dentro da direção, mas sim a construção de um verdadeiro trabalho de base para derrotar os pelegos. 

Não há atalhos no movimento operário, e qualquer tentativa de buscar caminhos mais curtos que não envolvam a participação ativa dos trabalhadores, será cobrada e punida pelos próprios trabalhadores, com eles mesmo nos colocando lado a lado com quem destrói nossos instrumentos de organização, como o Sinte, o maior sindicato catarinense.

  • Não à proporcionalidade no Sinte/SC!
  • Por um sindicato independente, de luta, democrático, de base e socialista!