A semana de 22 a 29 de março foi marcada por um debate acalorado, especialmente nas redes sociais, e uma grave afronta à classe trabalhadora. A centelha novamente foi lançada por Jair Bolsonaro ao convocar o retorno da população do período de quarentena. Com a campanha publicitária “O Brasil não pode parar”, o discurso presidencial entra em consonância com parte da burguesia que foi às ruas por meio de carreatas, pressionar autoridades estaduais e municipais pelo fim do período de quarentena.
Esta atitude do governo federal demonstra a total ausência de preocupação tanto com a classe trabalhadora quanto com a economia. O mínimo que se espera de um governo em um período de uma crise sanitária são medidas que venham a garantir a saúde e o sustento da classe trabalhadora. Isso é um debate econômico, definir como a produção, que é social, será utilizada pelo conjunto da sociedade. Afinal, como dizia Marx “se a classe operária produz, tudo a ela pertence”.
No entanto, o governo Bolsonaro prefere propagar ideologia barata. E, pior, uma ideologia com o intuito de fragmentar a classe trabalhadora. Para isso faz o uso de uma das táticas mais perversas da burguesia: o estrangulamento econômico. Ou seja, busca por meio do dinheiro ou da falta de circulação dele no mercado, criar uma situação de pânico no trabalhador sobre como irá garantir o seu sustento individual e de sua prole. Discurso este endossado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que afirmou aos jornalistas existir uma pressão dos investidores para o retorno dos trabalhadores do isolamento. A fala de Maia revela o caráter de economia dominada e lambe botas do grande capital existente no Brasil.
Outro fator que reforça a afronta bolsonarista é a precarização do trabalho existente no Brasil. Atualmente 41 milhões de pessoas trabalham na informalidade no país, ou seja, aproximadamente 1/6 da população brasileira. Diante deste contexto, o trabalhador que precisa se ausentar das suas atividades laborais para preservar a sua própria vida, se vê impossibilitado de utilizar tudo aquilo que ajudou a produzir. Afinal, no capitalismo, apesar da produção ser coletiva, a apropriação é privada.
Esta conjuntura exposta é o resultado de uma crônica destruição dos direitos trabalhistas impulsionado pelos governos, congresso e patrões. Mas os trabalhadores não devem escolher entre morrer de fome ou do coronavírus. Pelo contrário, precisam, para defender suas vidas, construir uma saída independente que coloque abaixo Bolsonaro e abra o caminho para um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais.