No último período assistimos a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) realizar uma perfeita demonstração de como se constroem as derrotas no campo sindical. Negligenciando os métodos da classe trabalhadora, ignorando o histórico de luta da nossa categoria, fracionando as pautas e dividindo os trabalhadores, abandonando o ponto de vista de classe e o compromisso político da entidade com a sua base, levando os trabalhadores a desacreditar na sua capacidade de mobilização e a abandonar sua identidade de luta.
A direção do Sinsej está transformando gradativamente a entidade sindical e o movimento dos trabalhadores num simples aparelho burocrático e conciliador, canalizando em vias burguesas o movimento sindical e paralisando os combates da categoria. A atual direção prega a crença nas instituições burguesas, se agarra ao judiciário e às reuniões em gabinetes na Câmara de Vereadores, deseducando e freando a articulação dos trabalhadores. Isso pôde ser claramente observado durante a pandemia, na Reforma da Previdência, na campanha salarial de 2022 e nesse exato momento na campanha salarial de 2023.
Passada a data base da categoria, em 1º de maio, a direção sindical não havia sequer encaminhado a pauta de reivindicações para a administração, que por sua vez já tornou pública uma proposta de reajuste salarial, que não contempla ganho real e nenhuma outra pauta da categoria. Mais uma vez a direção espera o prefeito dar a largada, arrefecendo a luta, para jogar a culpa da desmobilização nas costas da classe, como já se tornou marca registrada dessa direção. Ficou evidente na assembleia do dia 26 de abril que essa seria mais uma campanha salarial que nasce na UTI, sem nenhum plano de mobilização ou qualquer encaminhamento concreto por parte da direção no sentido de organizar os trabalhadores. E isso se confirmou na assembleia do dia 31 de maio, que encerrou a Campanha Salarial de 2023 celebrando o reajuste salarial pelo índice da inflação como uma grande vitória.
Afinal, o que mais poderíamos conquistar em uma campanha salarial onde não é organizado o combate? O que mais poderíamos avançar com uma direção que se nega a organizar os trabalhadores?
A categoria não acredita e tampouco confia nessa direção farsante e teatralizada que se instalou no Sinsej. O descontentamento evidencia-se tanto no número de desfiliações do último período quanto nas assembleias e reuniões do conselho de representantes esvaziadas, bem como nas paralisações e atos sem nenhuma participação expressiva da base. Entretanto, os servidores de Joinville não são reacionários e a prova disso é que, quando confiavam na política sindical do Sinsej, inúmeras foram as conquistas e demonstrações públicas de mobilização e solidariedade entre os diversos setores da Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ).
Atualmente, os servidores vivem amedrontados pelos rumores de terceirizações em todas as áreas, convivem com uma gestão que tenta desestruturar rapidamente os serviços a fim de entregá-los à iniciativa privada, estão sobrecarregados pela falta de profissionais em todos os cargos, especialmente na saúde que teve um enorme número de demissões neste ano e não encontra na sua entidade de classe nenhuma perspectiva.
A falta de concurso público amplo, além de sobrecarregar os servidores e prejudicar os serviços, destrói progressivamente o Ipreville. De 2015 até o momento, mais de 2.400 servidores se aposentaram. Sem reposição de novos servidores que contribuam com o Instituto, ele se tornará cada vez mais deficitário colocando em risco a aposentadoria de toda a categoria.
A direção do Sinsej se mostra muito apta, preparada e disposta a construir derrotas para a categoria. Graças à falta de confiança no tipo de mobilização proposto, perdemos na Reforma da Previdência, perdemos no combate ao Projeto de Lei 113/2022 que instituiu a meritocracia, estamos há 4 anos sem ganho real no salário, e podemos perder ainda mais.
Uma direção sindical desmantelada internamente
O que claramente se apresenta para a categoria é uma direção sindical que esteve e está mais preocupada em escamotear seu desmantelamento interno. Relembramos que ainda no mandato anterior precisou se recompor diversas vezes, esteve envolta em um mar de denúncias sobre o autoritarismo da presidente, feitas por diretores que deixaram suas cadeiras, entregando o controle exclusivo da direção para a presidente Jane Becker, que eles mesmos acusam, mas não provam e nem expõe as falhas políticas em assembleia, sendo dessa forma coniventes com os erros que apontam.
Assumindo um novo mandato, com uma chapa quase 100% renovada, devido às divergências com a diretoria anterior, a prática parece ser a mesma. A “dança das cadeiras” já apareceu no primeiro semestre do mandato, novamente com diretores fazendo denúncias veladas nas redes sociais e abandonando o “barco”. Não é raro presenciarmos reuniões e assembleias onde diretores atacam-se entre si, desmoralizando a entidade publicamente.
Essa nova mesa diretora continua dividida e briga internamente com a presidente e seus aliados pelo controle do aparelho sindical. Sendo assim, pouco tempo e disposição sobra para intervir na base, visitar os locais de trabalho, organizar a luta, recompor o Conselho de Representantes que foi esmagado no mandato anterior e combater em defesa dos trabalhadores.
Nos últimos meses a direção protagonizou diversas traições à categoria, entre elas, pediu apoio ao Projeto de Lei 113/2022 que criou dezenas de novos cargos comissionados na educação, utilizando como justificativa uma emenda que incluiria os auxiliares de educador no plano de carreira do magistério, emenda essa que foi retirada do texto final do PL, mostrando mais uma vez que naquele espaço não existem aliados dos trabalhadores. No mesmo mês também foi aprovado com anuência do Sinsej o Projeto de Lei 112/2022, conhecido como o Projeto da Meritocracia, com destaque para a aprovação por unanimidade, ou seja, incluindo na aprovação o voto da vereadora do Partido dos Trabalhadores (PT), Ana Lúcia. Esse projeto, podemos dizer sem nenhuma dúvida, é um dos maiores golpes contra a entidade sindical. Além de trazer a meritocracia para dentro do serviço público, transforma em injustificadas, para fins de recebimentos de gratificações, as faltas por atestados médicos e por paralisações ou greves, mesmo que abonadas. Isso significa que os profissionais da educação vão ter que escolher entre trabalhar doentes ou receber a gratificação, de forma que esse desconto serve também de cabresto para frear a participação dos servidores da educação no movimento sindical.
Poderíamos dizer que confiar no legislativo é uma atitude ingênua, caso estivéssemos nos referindo a um grupo inexperiente no terreno político, porém a atual direção que é capitaneada pela corrente interna do PT, O Trabalho, é formada por pessoas mal intencionadas, que veem na conciliação um confortável berço para repousar seu oportunismo.
Venha retomar a luta pela base com a Esquerda Marxista
A Corrente Sindical Esquerda Marxista diz em alto e bom tom que o oportunismo e a conciliação são incompatíveis com a luta de classes, que essa tendência paralisa a luta dos trabalhadores.
Nosso histórico junto a categoria foi profícuo de formação política e luta unificada dos principais ataques aos servidores e aos serviços públicos, onde a categoria colheu bons frutos nas conquistas das diversas pautas reivindicadas e grandes aprendizados que levaram a reavaliar a rota durante os combates mais duros. Infelizmente, todo esse trabalho de construção com a categoria foi desmantelado pela falta de comprometimento político da atual direção.
Entendemos que os métodos históricos de luta construídos pela classe trabalhadora devem ser utilizados, como as greves e paralisações, mas que esses eventos só acontecem quando a maioria da categoria têm a plena confiança no sindicato que a dirige. Ninguém entra em uma greve para servir de escudo, tendo dias descontados de seu salário, para depois as direções negociarem à portas fechadas nos gabinetes da prefeitura ou da câmara de vereadores. A circulação de uma imprensa operária objetiva, a visita constante nos locais de trabalho, a filiação de novos servidores e a construção de um Conselho de Representantes forte e articulado às necessidades da categoria é fundamental para se retomar o nível de consciência política que tínhamos.
Sabemos que o movimento das massas não pode ser freado por muito tempo, por mais que as direções traidoras busquem sua sobrevivência em conchavos com a burguesia e lancem suas amarras para frear os trabalhadores, a luta cotidiana e o aprofundamento da exploração levará as massas a se levantarem contra seus exploradores e seus traidores.
Negar isso, como faz a atual direção do Sinsej, é degenerar-se, abandonar a sua base e qualquer perspectiva de vitória da classe trabalhadora, é demonstrar na prática “como se constrói uma derrota”.
Nesse cenário, a nossa tarefa é fortalecer a entidade sindical trazendo de volta as centenas de servidores que se desfiliaram no último período, preencher os espaços de discussão dentro da entidade e convencer novos trabalhadores sobre a importância de retomar a luta pela base!
Filie-se ao Sinsej.
Participe da Corrente Sindical Esquerda Marxista e milite conosco.