Redação: Aqui apresentamos o texto do panfleto que os militantes da Esquerda Marxista distribuirão nos atos convocados para esta quinta-feira, 20/07 em todo o Brasil, pela Frente Brasil Popular com os eixos “Em defesa de Lula e da Democracia; Nenhum direito a menos; Fora Temer; Diretas Já”.
Em junho de 2013, milhões de jovens que saíram às ruas em todo o Brasil contra a ordem estabelecida, protestando contra o aumento das tarifas e contra a repressão policial, incendiando os parlamentos, não podiam diferenciar o PT dos outros partidos do sistema político. E como culpá-los? Era o PT no Governo que aplicava a política econômica que beneficiava os ricos e poderosos de sempre. Era o PT no governo que reprimia e oferecia ajuda a Alckmin e Cabral para reprimir as manifestações em SP e RJ. Era Haddad de mãos dadas com Alckmin. Que diferença podiam ver? Como cobrar desses jovens, vítimas da despolitização promovida pela direção do PT durante anos, que considerassem o passado de lutas do PT, se eles só conheciam o PT no governo, que mantinha a ordem e o mesmo curso das coisas?
Em 2014, a Operação Lava-Jato é criada pelo imperialismo para buscar salvar as instituições burguesas brasileiras da fúria popular desatada em 2013. Temiam e continuam a temer acertadamente que uma nova explosão de massas no Brasil pode ser maior e mais radical do que a de 2013. Buscam alimentar as ilusões de que a justiça burguesa é imparcial e que é através dela que se combate a corrupção. Para proporcionar a impressão de uma limpeza geral, sacrificam inclusive grandes representantes políticos burgueses. Mas o que segue comandando tudo é a luta de classes, e a condenação de Lula e outros dirigentes do PT nada mais é do que o aprofundamento do papel que desde sempre jogou a justiça burguesa criminalizando e reprimindo os movimentos sociais, a classe trabalhadora e suas organizações, como fazem com os trabalhadores do campo que ocupam terras, com os trabalhadores das cidades que ocupam terrenos e edifícios por moradia, com os operários que ocupam fábricas, com os estudantes que ocupam escolas e os trabalhadores de todas as categorias que fazem greves e lutam através de todos os meios por seus direitos.
Mas é preciso ter muito claro que a maior responsabilidade por tudo o que está acontecendo no Brasil hoje é de Lula e da direção do PT. A luta de classes é implacável, e quem está na direção da classe mais poderosa que há no Brasil, do proletariado brasileiro, Lula e a direção do PT, têm maior responsabilidade.
Se Lula e a direção do PT não tivessem acolhido no governo vários dos inimigos históricos da classe trabalhadora, de Collor a Maluf, passando por Kassab do PSD a Temer, Sarney, Renan, Cunha e Cabral do PMDB; Se Lula e a direção do PT não tivessem submetido a política de seu governo aos interesses do capital financeiro, mantendo e fortalecendo o sistema da dívida pública, fazendo os bancos lucrarem “como nunca antes na história desse país”, em detrimento do orçamento para saúde, educação, moradia e outras áreas sociais; Se Lula e a direção do PT não tivessem garantido a empreiteiras e grupos empresariais de diversos ramos farto financiamento público através de empréstimos milionários do BNDES, licitações fraudulentas e outras negociatas, entrando no esquema burguês de fazer política; Se Lula e a direção do PT não tivessem reduzido o debate político a quem melhor gerencia o Estado, abrindo mão de um projeto social alternativo ao burguês, despolitizando as lutas sociais e submetendo-as à mera disputa eleitoral, nada disso encontraria condições para se desenvolver.
Para os trabalhadores e jovens que têm consciência de que vivemos uma luta de classes, está claro que a justiça do Estado burguês não tem o direito de condenar os representantes políticos da classe operária. É indignante que Lula e a direção do PT tenham se enlameado na corrupção própria dos políticos e governantes burgueses, mas quem tem o direito de julgá-los e condená-los por seus crimes, inclusive seus crimes de classe, são os trabalhadores. Não reconhecemos o direito de nossos inimigos de classe, o judiciário burguês e seus magistrados, de atacar e condenar o mais pelego e traidor dos membros de nossa classe. Dos nossos, cuidaremos nós.
Lula já deixou claro que quer voltar a ser presidente para continuar a política de Temer. Inclusive declarou que não revogará reformas. Portanto, nossa posição contra a condenação de Lula pelo juiz Sergio Moro nada pode ter a ver com o apoio a uma candidatura de Lula para a presidência do Brasil. Quando houver novas eleições burguesas, apoiaremos uma candidatura própria do PSOL, sem alianças com partidos do capital, para realizar um governo dos trabalhadores. Até lá, nossa luta não é por “eleições já”, mas contra as reformas, em defesa dos direitos, contra os ataques.
A defesa da democracia não pode ser a defesa da democracia burguesa. Esta não está ameaçada. Ela comporta que liberdades democráticas sejam atacadas se assim for conveniente aos seus interesses de classe. Hoje o que está ameaçado no Brasil é o pacto da Constituinte de 88, da república pós ditadura militar. Este pacto não serve aos trabalhadores. Nunca serviu. Devemos buscar fazer deste momento a radicalização das lutas. O imperialismo quer refazer o pacto, quer um novo pacto que assegure a sobrevida do Estado burguês e suas instituições. Para isso estão dispostos a tirar Temer, convocar novas eleições, realizar uma nova Constituinte, tudo isso. Nossa classe não pode cair nessa. Diante da falência do pacto de 88 devemos buscar construir uma alternativa independente, que só a intensificação da mobilização da classe trabalhadora poderá forjar. Nós vislumbramos que isso possa desembocar numa Assembleia Popular Nacional Constituinte, que constitua novas instituições, operárias, revolucionárias. Mas, para chegar lá é preciso desenvolver muita coisa. Um primeiro passo poderia ser um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, com representantes de todos os sindicatos e movimentos sociais, para organizar a luta para revogar as reformas aprovadas pelo governo e barrar a reforma da previdência, realizando uma verdadeira greve geral por tempo indeterminado.
A melhor maneira de derrotar hoje os atuais ataques do judiciário burguês, do Congresso Nacional e de derrubar Temer, é levando a cabo a luta contra as reformas. Os dirigentes sindicais desviaram e sabotaram a greve geral marcada para 30 de junho. E ainda buscam culpar os trabalhadores que não teriam “atendido ao chamado”. Oras! Os trabalhadores deram grandes demonstrações de disposição de luta em 8, 15 e 31 de março, depois na greve geral de 28 de abril e na marcha a Brasília de 24 de maio. E continuam dispostos a lutar, mas carecem de uma direção que não vacile, que não traia. Ajudar a construir uma alternativa às direções que aí estão é tarefa a que se dedicam os militantes da Esquerda Marxista. Junte-se a nós neste combate!
Pela revogação das reformas de Temer!
Abaixo a reforma da previdência!
Por um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora!
Fora Temer e o Congresso Nacional!
Por um governo dos Trabalhadores!