Ontem, ouvindo as noticias sobre o ‘Mensalão’ ouvi aquilo que já sabíamos de antemão: José Dirceu condenado. Acusado de chefiar uma quadrilha que desviava dinheiro para comprar apoio de deputados aos projetos do governo Lula. Uma farsa monstruosa.
Ontem, ouvindo as noticias sobre o ‘Mensalão’ ouvi aquilo que já sabíamos de antemão: José Dirceu condenado. Acusado de chefiar uma quadrilha que desviava dinheiro para comprar apoio de deputados aos projetos do governo Lula. Uma farsa monstruosa.
Milhares de militantes do PT devem estar se perguntando: e agora José? Vai deixar barato essa monstruosidade? No comício do PT em apoio ao candidato substituto de João Paulo Cunha em Osasco, Lula estava lá defendendo o candidato. João Paulo? O esqueceram, o esconderam, sequer foi mencionado pelos companheiros, muito menos por Lula. E agora José? Você que já deixou Silvinho, seu pupilo e companheiro ser fritado pela Land rover, que fará José? Aceitará silenciosamente de 2 a 12 anos de cadeia? Rebelar-se-á como Giordano Bruno diante da Santa Inquisição?
Se José se levantasse e se insurgisse, denunciasse a farsa e chamasse os trabalhadores, os militantes a se mobilizarem, isso certamente começaria a abalar as podres estruturas das instituições burguesas. Por isso José se cala. Elas, as instituições burguesas, a burguesia, servem ao projeto de José, (ou José serve a elas?): ‘chegar a um capitalismo forte, até mesmo imperialista, para propiciar aos trabalhadores o reino da liberdade’.
José sabe o que a burguesia sabe: o PT está sendo desmoralizado, a militância aniquilada. Mas a manutenção da aliança com o capitalismo selvagem para produzir um capitalismo civilizado está acima de tudo. José jogou seu jogo e depositou todas as suas fichas no cassino da aliança de classes. Esse é seu crime!
Bastaria ume pergunta para desmontar a farsa do tribunal inquisitorial: quais os deputados que foram comprados para prestar apoio aos projetos do governo Lula? José os comprou, onde estão os comprados? Onde estão as provas materiais da corrupção?
Nós sabemos José, nós sabemos! A aliança do PT com a burguesia é um projeto político que desde a velha China de Chiang Kai-chek está aí para provar que a burguesia quando subordina a classe em um projeto de aliança, o faz para atacar os trabalhadores, os militantes do partido e suas organizações, aniquilar seus dirigentes e o próprio partido. Os comunistas que se silenciaram diante da aliança com Chiang, sob orientação de Stalin, tingiram com seu sangue as ruas e rios na China.
De verdade, o Supremo e toda a burguesia sabem que umas das instituições mais podres deste país chama-se Congresso Nacional. José também sabe disso.
José não grita nem incita à indignação! Já não pode mais fazer isso porque deixou de fazer isso há muito tempo. Mas se o fizer, sabe que abrirá uma brecha por onde os militantes do PT, os trabalhadores, podem se agarrar e irem mais adiante. Isso é incompatível com o projeto político de José. Infelizmente o mesmo projeto da maioria da direção do PT. Sem que essa maioria rompa com a burguesia não haverá saída, apenas desmoralização, prostração e desespero.
A classe trabalhadora está passando por uma dura prova, aprenderá com estes dirigentes que o caminho é o da unidade e aliança entre os proletários, é o socialismo.
E agora José?
Paulo Diniz: musica
Carlos Drumond de Andrade: letra
E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher,
Está sem carinho,
Está sem discurso,
Já não pode beber,
Já não pode fumar,
Cuspir já não pode,
A noite esfriou,
O dia não veio,
O bonde não veio,
O riso não veio
Não veio a utopia
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou,
E agora, José?
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,
Seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta,
Não existe porta;
Quer morrer no mar,
Mas o mar secou;
Quer ir para minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse
A valsa vienense,
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse…
Mas você não morre,
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato,
Sem teogonia,
Sem parede nua
Para se encostar,
Sem cavalo preto
Que fuja a galope,
Você marcha, José!
José, para onde?
Você marcha José, José para onde?
Marcha José, José para onde?
José para onde?
Para onde?
E agora José?
José para onde?
E agora José?
Para onde?
Nota: caros leitores, perdoem-me pela ignorância, pensava eu que a letra era de Paulo Diniz. Fui alertado pelo camarada Mario Conte sobre o fato, corrigí …