Na semana passada, Ratinho Jr. encaminhou para à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o Projeto de Lei que visa abrir o caminho para a privatização das escolas públicas do Paraná. Um projeto que, por ora, visa privatizar 200 escolas em todo o estado, mas com a garantia de possibilidade de extensão do projeto para todas as escolas públicas paranaenses.
A direção da APP Sindicato, depois de um longo período de desmobilização e inércia, se viu obrigada, frente a situação, a convocar uma Assembleia Extraordinária da categoria com indicativo de Greve. Assim sendo, sábado (25), a categoria em Assembleia on-line, com mais de 7 mil inscritos e 4.500 participantes, aprovaram com 89% dos votos a deflagração de greve geral da categoria por tempo indeterminado, com início nesta segunda-feira, dia 03 de Junho.
Ainda no final de semana, o governo do estado, que acreditava até o momento ter tudo sob controle e de que não iria encontrar muita resistência, ao perceber que a greve dos educadores poderia lhe trazer sérios problemas, em especial, um prejuízo a sua imagem política a nível nacional, buscou agir de maneira decidida e rápida para impedir o início da greve, acionando a “Justiça paranaense” buscando classificar a greve dos educadores como “ilegal e abusiva”. A “Justiça do Paraná” acatou parcialmente a ação do governo, apresentando liminar exigindo a “suspensão da greve por 15 dias”, “até apresentação de plano de reposição por parte do sindicato”, sob pena de multa à entidade sindical.
Apesar da liminar da Justiça exigindo a suspensão da greve, ameaçando o sindicato de multa em caso de descumprimento, apesar da não adesão absoluta da categoria, ainda assim, a greve está tendo, pelo que se pode observar, uma boa adesão, um bom início, apresentando grande potencial de crescimento. Isto, é claro, se deve a toda a revolta e insatisfação que a categoria vem acumulando ao longo de todo o governo de Ratinho Jr. e os cruéis ataques à educação, aos educadores e à classe trabalhadora paranaense.
Caravanas de ônibus de todo o estado se dirigiram até Curitiba, para um grande ato e manifestação na capital do Estado, com tradicional concentração na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, com passeata pelo centro da capital até a Praça Nossa Senhora Salete, em frente ao Palácio Iguaçu e a Assembleia Legislativa do Estado, que acabou, mais uma vez, sendo ocupada pelos manifestantes. Aproximadamente 30 mil educadores se fizeram presentes neste grande ato de resistência em Curitiba.
Em uma sessão espúria e grotesca, dirigida por Ademar Traiano, deputado estadual pego recentemente em escândalo de corrupção e um dos principais líderes e braço direito de Ratinho Jr. na Assembleia Legislativa, o projeto de privatização das escolas foi aprovado, como era já previsto pelos educadores, professores e funcionários de escola. Como a Assembleia Legislativa foi ocupada durante a sessão de votação, os deputados da base do governo se retiraram do Plenário para realizarem a votação do projeto de modo on-line, de suas casas ou gabinetes.
Durante o processo de votação, 5 falas foram abertas para defesa favoráveis e 5 contrárias para a aprovação do projeto. A maioria dos deputados aliados e comprados pelo governo Ratinho Jr. não tiveram sequer a coragem de usar o tempo de suas falas para a defesa do projeto, defendendo que não houvesse debate, mas apenas o encaminhamento da votação, realizada sob vaias dos educadores que lotavam as cadeiras do plenário da Assembleia Legislativa do Paraná, e gritos contrários à privatização das escolas públicas paranaenses.
Após a vergonhosa votação e todo ritual de obscenidades realizadas pelos deputados ligados ao governo Ratinho Jr, a categoria se prepara agora para mais um momento crucial da luta, o da continuidade a greve.
Muitos colegas, frustrados com a aprovação do projeto e após o que presenciaram em Curitiba e ao vivo na TV da Assembleia Legislativa, assim como pressionados por suas direções de escola e pelo assédio brutal promovido pela SEED e Núcleos Regionais de Educação, começam a pensar que “nada mais poderá ser feito”, assim como em um possível retorno da greve para o trabalho a partir de terça-feira ou em breve. Este talvez seja o principal desafio que os educadores paranaenses deverão enfrentar essa semana: não apenas manter a greve e os colegas que se encontram nesse momento em greve, mas em convencer e ampliar a adesão de mais professores e educadores ao movimento, com piquetes em frente às escolas onde a adesão encontra-se baixa ou em crescimento.
Não nos deixemos cair ou nos levar pelo fatalismo, ou seja, pela ideia de que uma vez aprovado o projeto na Assembleia Legislativa, “nada mais pode ser feito”. Não presenciamos em Curitiba apenas uma cena grotesca e absurda, porém previsível, na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, mas foi possível observar, também, paralelamente a isso, uma enorme disposição de luta da categoria, que se levanta e resiste contra a opressão de Ratinho Jr. e seus lacaios.
Os vídeos que circulam nas redes sociais do ocorrido nesta segunda-feira na capital Paranaense, nos mostram claramente esta disposição de luta, que começa a chegar à professores de outros Estados que começam a olhar para o Paraná e a luta dos educadores paranaenses como exemplo a ser seguido.
- Nenhum passo atrás! A Greve Continua!
- Abaixo a privatização das escolas públicas paranaenses!
- Abaixo a terceirização dos funcionários de escola!
- Reajuste salarial de acordo a inflação! DATA BASE JÁ!
- Por uma Educação Pública, gratuita e para todos!